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Energia

Daniel Martínez (rw)2 de novembro de 2008

O setor energético latino-americano é um espelho fiel da realidade na região: recursos abundantes e falta de vontade política para os passos definitivos à integração. Problemas do setor foram debatidos em Munique.

Secretário bávaro Martin Zeil e premiê Patrick Manning, de Trinidad e TobagoFoto: Michael Zuchold

Na conferência de dois dias sobre a América Latina encerrada na sexta-feira (31/10) em Munique, o principal tema foi a energia, um campo no qual o subcontinente vem dando enormes passos graças a suas reservas de petróleo e gás, entre outros, embora ainda se esteja aquém da exploração de todo o potencial deste setor.

"Os países não querem criar dependências na área energética e sob esta perspectiva a integração vem perdendo prioridade", disse Andrés Restrepo, diretor da ISA, companhia colombiana líder regional na distribuição de energia.

Problemas por resolver

Com uma maior integração no setor, a América Latina poderia reduzir custos, melhorar os serviços prestados aos clientes, fortalecer os mercados locais e fomentar o crescimento econômico. Apesar dos avanços nesta direção, entretanto, vários países ainda têm obstáculos a superar. Dois deles são a vontade política dos governos e a equiparação das regulamentações.

"Não é novidade que a energia seja usada como arma política, como instrumento de pressão. Isso acontece não só na América Latina. Atualmente, se vê isso entre a Rússia e os países do Cáucaso. O importante é que não se perca de vista que o setor é um instrumento de desenvolvimento e sustentabilidade", explicou Luís Enrique Berrizbeitia, vice-presidente da Corporação Andina de Fomento (CAF).

Agenda energética mundial

Jonas Fonseca, diretor de Prospecção e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), ofereceu um exemplo contundente dos paradoxos gerados pela falta de cooperação entre os países: "A integração atingiu um ponto muito difícil. Estamos agora importando gás da Nigéria e de Trinidad e Tobago, enquanto o Peru, nosso vizinho, exporta para o México, e a Bolívia não duplica o fornecimento para o Brasil, apesar de nossas necessidades. Na minha opinião, deve fazer-se um esforço continental neste terreno".

Ao problema político soma-se outro de grande importância global: o ambiental. "O mundo necessita de energia para crescer, mas o aumento da produção provoca o aquecimento climático", salientou Patrick Manning, primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, país no qual a Alemanha investiu 3 bilhões de dólares em plantas de exploração de gás atendendo padrões ecológicos.

"O mundo precisa de uma agenda energética mundial para garantir o crescimento econômico", acrescentou Manning, ao explicar que seu país favorece o livre mercado como melhor alternativa de equilíbrio entre demanda e flutuação de preços.

O papel da Alemanha

O novo secretário da Economia da Baviera, Martin Zeil, considera que a Alemanha deve ser muito mais decidida no tocante ao papel a ser desempenhado por sua economia no setor energético latino-americano. "Vamos promover a participação de nossas empresas", disse Zeil nos debates em Munique.

O que ficou claro na conferência é que o crescimento mundial demanda energia e que os recursos disponíveis na região são cobiçados tanto pela Europa como pelo resto do mundo. Os países do subcontinente só podem se beneficiar disso se unirem esforços e trabalharem pela criação de uma infra-estrutura adequada, contando para isso com o apoio de nações desenvolvidas como a Alemanha.

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