Seul silencia de forma definitiva alto-falantes na fronteira
30 de abril de 2018
Coreia do Sul encerra propaganda fronteiriça contra o regime em Pyongyang, que, por sua vez, anuncia alinhamento de fuso horário. Medidas são vistas como resultados de encontro histórico entre líderes.
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Os alto-falantes sul-coreanos postados na fronteira com a Coreia do Norte serão desligados de forma definitiva, anunciou nesta segunda-feira (30/04) o Ministério da Defesa da Coreia do Sul. Os imensos dispositivos transmitiam diariamente propaganda contra Pyongyang, com notícias, músicas e exortações que visavam estimular a deserção de soldados norte-coreanos.
No domingo, a Coreia do Norte comunicou que alinhará seu fuso horário com o da Coreia do Sul. Em 2015, Pyongyang anunciara o atraso dos relógios em 30 minutos para alterar o fuso imposto "há mais de um século pelos 'perversos imperialistas' japoneses". O horário será ajustado no próximo sábado, em 5 de maio. A presidência sul-coreana saudou o "passo simbólico" e manifestou vontade em "melhorar as relações entre os dois países vizinhos".
Também no domingo, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, anunciara o encerramento, em maio, do centro de testes nucleares do país. Em maio ou junho, Kim deve se encontrar com o presidente dos EUA, Donald Trump. Segundo autoridades sul-coreanas, Kim estaria disposto a desistir de seu programa nuclear se os EUA declararem o fim formal da Guerra da Coreia (1950-1953) e prometerem não atacar o Norte.
Kim diz que encontro é "apenas o começo"
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As medidas são vistas como tentativas de aproximação e reconciliação resultantes da reunião entre Kim e o líder da Coreia do Sul, Moon Jae-in, realizada na sexta-feira passada.
O histórico encontro resultou numa declaração conjunta na qual ambos os lados concordaram em pôr fim aos atos hostis, proporcionar mais reuniões familiares e tentar eliminar as armas nucleares da Península Coreana. Antes do encontro, Seul já havia desligado seus alto-falantes. Em resposta, Pyongyang interrompeu suas próprias transmissões.
"Nós vemos isso como o primeiro passo mais fácil para construir uma confiança militar", disse Choi Hyun-soo, porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul. "Estamos esperando a implementação do Norte."
Relações com Pequim
Enquanto isso, Kim deve se encontrar com o ministro do Exterior da China, Wang Yi, em Pyongyang, na quarta e quinta-feira, anunciou o governo chinês nesta segunda-feira.
A China é o único grande aliado da Coreia do Norte, mas recentes sanções econômicas impostas por Pequim devido aos testes de mísseis de Pyongyang causaram uma queda no comércio entre os dois países. Alguns observadores sugeriram que essa situação levou à decisão da Coreia do Norte de se abrir diplomaticamente.
No mês passado, Kim fez sua primeira visita a Pequim desde que assumiu o poder na Coreia do Norte, em 2011. O histórico encontro com Moon foi apenas sua segunda cúpula com um líder estrangeiro.
PV/ap/rtr/afp/lusa
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Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.