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Siderúrgicas alemãs se ressentem de escassez do coque

(ms)2 de setembro de 2004

A siderurgia mundial sofre com a falta de coque, importante matéria-prima para a produção de ferro e aço. O preço do coque no mercado internacional aumentou em sete vezes nos últimos dois anos.

Siderúrgica do grupo alemão ThyssenKrupp AGFoto: AP

A produção de carvão mineral, usado para a fabricação de coque, já teve seu tempo de glória na Alemanha. Depois de perder importância como fator econômico, o carvão passou a ser dispendioso. O setor entrou em decadência com a suspensão gradativa das subvenções. O resultado foi uma queda significativa da produção, reduzida para 26 milhões de toneladas por ano, devendo diminuir ainda para 16 milhões até 2012. A produção de coque na Alemanha também acompanhou a tendência do mercado.

O que até pouco tempo parecia obsoleto e ultrapassado voltou a adquirir importância. O coque ficou escasso e seu preço no mercado internacional disparou. Isto porque o carvão mineral usado para a fabricação do coque siderúrgico é indispensável para a produção de ferro. Sem o coque não há ferro e sem o ferro não há aço.

Sem o aço, a economia moderna não sobrevive. Este importante produto é a base da industrialização. Atualmente, com o reaquecimento da economia mundial, existe uma grande disparidade entre a necessidade do mercado e a produção de coque e aço em todo o mundo. Este quadro provocou uma supervalorização do carvão mineral.

Lei da oferta e da procura

"O preço da matéria-prima é uma reação entre a oferta e a procura. No momento, atravessamos um período de crescimento econômico tão alto como há tempos não se via. A conseqüência natural é uma procura maior por matérias-primas. Por outro lado, percebemos uma reação lenta por parte dos fornecedores e isto acaba gerando a curto e médio prazo um aumento do preço", analisa Gernot Klepper, especialista em matéria-prima do Instituto de Economia Mundial em Kiel.

A China, maior fornecedor mundial de coque, está exportando cada vez menos esta matéria-prima para suprir as necessidades do mercado interno. Por outro lado, a demanda tem aumentado na Europa, incluindo a Alemanha, especialmente depois de várias coquerias terem sido fechadas. O resultado é que a produção de aço está aquém das necessidades do mercado. Isto provocou um aumento médio no preço de 50% em apenas um ano.

Antes e depois

Até pouco tempo atrás, a situação era bem diferente na Alemanha. Em 1998, as siderúrgicas comemoraram o fim de um acordo que estipulava o pagamento de uma subvenção para a indústria coqueira do país no valor de 500 milhões de euros por ano a título de garantia de fornecimento da matéria-prima.

As indústrias do aço passaram então a importar o coque, na época bem mais barato no mercado internacional. Sem clientes, muitas coquerias alemãs acabaram falindo. Somente o conglomerado Ruhrkohle, da região do Ruhr, no Estado da Renânia do Norte-Vestfália, fechou uma coqueria com capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas por ano. Este é justamente o volume importado agora pelas indústrias de aço do país – só que por um preço altíssimo.

Supervalorização dos preços

O preço da tonelada do coque custava há dois anos 70 dólares. Hoje custa até 500 dólares, ou seja, o custo da matéria-prima aumentou em sete vezes em apenas 24 meses. E mais, o carvão mineral usado para a fabricação do coque também está escasso. Nos últimos seis meses, seu preço dobrou. No mercado internacional, a tonelada custa agora cerca de 120 dólares.

O presidente do conglomerado Ruhrkohle, Werner Müller, ex-ministro alemão da Economia, disse que esta reviravolta no mercado é uma lição para o setor. Agora ficou provado que o custo com a subvenção de 500 milhões de euros por ano para garantir a manutenção de coquerias nacionais era bem menor do que os atuais gastos para a compra de coque no exterior. Somente no ano passado, as indústrias alemãs tiveram que investir cerca de 2,5 bilhões de euros com a importação desta matéria-prima.

As poucas coquerias que ainda funcionam na Alemanha estão fazendo excelentes negócios. Sem estarem mais atreladas a nenhum tipo de acordo, elas agora negociam o coque ao preço do mercado.

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