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Sigmar Gabriel, o provável vice-chanceler federal alemão

Bettina Marx (ca)15 de novembro de 2013

Ele foi reeleito presidente do Partido Social-Democrata da Alemanha, o SPD. Agora precisa convencer seus correligionários a participar do governo com Angela Merkel.

Foto: Reuters

Sigmar Gabriel está no auge da carreira dentro do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). O político que já foi ridicularizado como Siggi Pop (na época em que era o encarregado de Cultura e Discurso Pop do partido, numa alusão a Iggy Pop) é hoje reconhecidamente, ainda que não de todo inconteste, o presidente dos social-democratas alemães.

Desde 2009, Gabriel está à frente do SPD, o mais antigo partido do país. Nos últimos anos, ele conseguiu encorajar seus correligionários e reaproximar as correntes internas do partido, que sofre com o abandono de filiados e com as brigas entre os que ficaram.

Após a vergonhosa derrota eleitoral de 2009, quando o SPD despencou de 34% para 23% na preferência do eleitorado, o ex-ministro do Meio Ambiente conseguiu levantar, com um discurso empolgante e enérgico no congresso partidário de Dresden, os ânimos dos decepcionados e frustrados companheiros.

O SPD se tornou oposição e Gabriel conseguiu impor reformas internas. Ele aboliu a mesa diretora do partido em favor de uma direção ampliada e introduziu as convenções partidárias, instância máxima de decisão depois dos congressos partidários.

Também foi ideia dele a votação planejada para dezembro para que os filiados do partido decidam se o SPD fará parte de uma grande coalizão de governo com os partidos conservadores CDU/CSU (União Democrata Cristã/União Social Cristã).

Reeleito

Agora Gabriel foi reconduzido ao cargo à frente do SPD no congresso partidário que reuniu 600 delegados em Leipzig. Mas o resultado não foi espetacular. Apenas 83,6% dos delegados votaram a favor de Gabriel, 8 pontos percentuais a menos que em 2011. No final, Gabriel agradeceu o "resultado honesto".

Steinbrück (e) abriu caminho para GabrielFoto: Reuters

Considerando os acirrados debates em torno da entrada do partido numa grande coalizão, um resultado melhor não era de se esperar. Mas talvez isso tenha acontecido porque desta vez ele não fez nenhum discurso empolgante, como foi o caso em congressos partidários anteriores, quando foi capaz de levantar os delegados presentes com sua retórica.

Em vez disso, Gabriel apresentou uma avaliação sóbria e rigorosa ao congresso partidário. Não há nada para se esconder, disse: "Eu assumo a completa responsabilidade política pelo nosso resultado eleitoral."

O SPD perdeu por falta de credibilidade, afirmou Gabriel. Ele disse ainda que, para os alemães, uma situação política estável é mais importante que o ideal de justiça dos social-democratas e, por esse motivo, o SPD precisa de um perfil econômico mais acentuado. No entanto, um candidato a chanceler federal que incorpore tal perfil parece não ser suficiente para ganhar uma eleição.

Amarga derrota

De fato, nas eleições parlamentares alemãs de setembro passado, o SPD obteve o segundo pior resultado eleitoral da sua história. Somente 25,7% dos eleitores votaram no partido. Também Gabriel foi responsabilizado por essa derrota. Segundo os críticos, ele teria prejudicado o candidato social-democrata Peer Steinbrück com declarações infelizes e propostas que não haviam sido combinadas.

Assim, em plena campanha eleitoral, Gabriel cogitou a implantação de um limite de velocidade nas autoestradas alemãs, mas logo retirou a proposta, de forma rápida e sorrateira, debaixo de uma chuva de protestos. Além disso, ele mesmo espalhou dúvidas sobre a competência de Steinbrück, quando a candidatura do ex-ministro alemão das Finanças ameaçou se tornar um fiasco.

Possível futuro ao lado de Angela MerkelFoto: picture-alliance/dpa

No congresso do partido em Leipzig não se ouviram dissonâncias. A sua amizade com Steinbrück se manteve depois da campanha eleitoral, disse Gabriel em seu discurso. "Nós dois começamos como amigos e terminamos como amigos. Você é um grande cara", disse ele, dirigindo-se a Steinbrück.

O tom conciliatório também agrada à opinião pública, com quem o corpulento Gabriel pôde, atualmente, ganhar alguns pontos de simpatia. Apesar de seu jeito rude – ele gosta de insultar jornalistas durante entrevistas – ele ascendeu à lista dos políticos mais populares do país.

Vice-chanceler federal?

Em breve, o político de 54 anos também poderá chegar ao topo do poder. Se ele conseguir convencer os filiados do SPD de que não existe alternativa a uma coalizão com os conservadores, poderá levar o seu abalado partido ao governo e se tornar vice-chanceler federal no governo de Angela Merkel.

No entanto, caso os filiados do SPD se recusem a apoiar o seu presidente na decisão sobre a entrada do partido na grande coalizão, então a queda de Gabriel será inevitável. Para ele, restará o cargo de prefeito de sua cidade natal, Goslar. Como ele declarou uma vez – com um piscar de olhos – essa seria a realização de seu sonho na vida pública.

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