1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

"Sim, eu sou feminista", diz Merkel

9 de setembro de 2021

Prestes a deixar o cargo, chanceler federal alemã finalmente expressa opinião clara sobre feminismo, em evento ao lado da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. "Todos devemos ser feministas", defende Merkel.

Merkel, de blazer azul, sentada sobre um fundo preto, sorrindo. Há uma mesinha ao lado dela, com duas garrafas de água e uma máscara.
No evento em Düsseldorf, Merkel destacou sua trajetória na física, área dominada por homensFoto: Rolf Vennenbernd/dpa/picture alliance

No passado, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, hesitou em se dizer feminista. Agora, na contagem regressiva para a saída do cargo, ela deu um posicionamento claro sobre a questão.

"Essencialmente, [o feminismo] trata do fato de que homens e mulheres são iguais, no sentido de participação na sociedade e na vida em geral. E, nesse sentido, posso dizer: sim, sou feminista", afirmou Merkel em um evento em Düsseldorf nesta quarta-feira (08/09).

A declaração foi uma surpresa, já que em 2017, durante a cúpula Women20 em Berlim, a primeira mulher chanceler federal na Alemanha evitou responder diretamente a uma pergunta sobre se era feminista, o que gerou críticas e a decepção de muitos.

No evento desta quarta, ao lado da escritora feminista nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, Merkel foi mais franca e admitiu que adotou uma abordagem reticente no passado.

"Eu preciso dizer que eu era mais tímida naquela época, mas eu refleti muito. E acho que, nesse sentido, todos devemos ser feministas", acrescentou. 

O comentário gerou uma salva de palmas da plateia, bem como o endosso entusiástico de Chimamanda – cujo livro Sejamos todos feministas, de 2012, foi aclamado como o pilar do feminismo do século 21.

Ícones do feminismo

O evento em Düsseldorf incluiu um painel de discussão apresentado pelas jornalistas Miriam Meckel e Lea Steinacker. Elas falaram sobre as semelhanças entre Chimamanda e Merkel, ambas consideradas ícones feministas em suas próprias aéreas.

Merkel contou sobre suas experiências quando criança e listou acontecimentos que moldaram seu crescimento, por exemplo, o fato de "ter crescido com pessoas com deficiência mental e não ter medo".

"[Também o fato] de ter estudado física", continuou enumerando, destacando sua participação entre a pequena porcentagem de mulheres que estudavam em uma área dominada por homens.

Em várias ocasiões, a chanceler federal mencionou o quanto lutou para chegar a uma mesa de experimentos em um laboratório, o que a ensinou a lutar por sua posição.

Uma Alemanha diferente

Merkel também falou sobre as diferenças que viu na sociedade alemã nas últimas décadas.

"Eu não teria notado 20 anos atrás se um painel de discussão fosse composto apenas por homens. Não acho mais que isso seja normal. Há algo faltando", disse a líder alemã.

Ela também afirmou que deixará o cargo com a consciência limpa e tendo feito o que podia. "Acho que fiz minha parte. E quem não entendeu até agora não vai entender nos próximos quatro anos."

Eleições federais

A Alemanha irá às urnas em 26 de setembro para eleger um novo Parlamento e decidir o sucessor de Merkel na Chancelaria Federal. Nas últimas semanas, ela endossou enfaticamente o candidato de seu partido, a União Democrática Cristã (CDU), Armin Laschet, para sucedê-la.

Quanto ao futuro, Merkel disse que precisa de um tempo para definir seus próximos passos após 16 anos como chefe de governo alemã. "Resolvi não fazer nada por enquanto e esperar para ver o que acontece. E isso, eu acho, é muito fascinante", concluiu.

le/ek (AFP, dpa)