Sisi se declara vencedor com maioria esmagadora na eleição no Egito
29 de maio de 2014O ex-chefe das Forças Armadas do Egito Abdel Fattah al-Sisi anunciou uma esmagadora vitória nas eleições presidenciais do país, com 93,3% dos votos, segundo divulgaram veículos de comunicação estatal nesta quinta-feira (29/05). A vitória do militar que derrubou Mohammed Morsi do poder há quase um ano, porém, foi marcada por um comparecimento às urnas extremamente baixo. Apesar de as eleições terem sido estendidas em mais um dia, apenas 46,8% dos eleitores participaram do pleito.
O esquerdista Hamdeen Sabahi – único rival do militar tido desde o início da campanha eleitoral como favorito – teria ficado com apenas 3% dos votos. Outros 3,7% teriam sido votos nulos.
O índice de participação ficou bem abaixo dos 80% esperados por Sisi e também foi inferior aos 52% registrados nas eleições que levaram Morsi ao poder em 2012. Ao todo, 54 milhões de eleitores egípcios estavam aptos a votar.
Cidadãos egípcios ouvidos pela agência de notícias Reuters que não atenderam ao chamado do governo para ir às urnas alegaram como principais motivos para não votar a apatia política, o desinteresse em ver outro militar comandando o país e o descontentamento com a repressão sobre os jovens liberais. Já outros atenderam ao boicote conclamado pelos islamistas.
Credibilidade comprometida
A abstenção bem acima do esperado poderá comprometer a credibilidade do mandato e a força que Sisi precisará demonstrar para tomar medidas duras a fim de estabilizar o país dividido, estimular a economia e acalmar os insurgentes islâmicos, avaliam observadores. Em três anos, o Egito teve dois presidentes.
O desafio que o novo chefe de governo terá pela frente é grande. O país sofre com altos índices de desemprego, grave corrupção e crescente déficit no orçamento, agravado por subsídios a combustíveis que poderão chegar a 19 bilhões de dólares no próximo ano fiscal.
Apoiadores de Sisi o enxergam como uma figura forte, que poderá colocar fim aos distúrbios vividos no Egito desde a queda de Hosni Mubarak, em 2011, que governou o país durante mais de três décadas. Os críticos, porém, veem Sisi como alguém que vai preservar os interesses das Forças Armadas, minimizar as esperanças de democracia e administrar mal a economia.
Integrantes da Irmandade Muçulmana, movimento do qual Morsi faz parte e considerado grupo terrorista, rejeitaram as eleições, afirmando que elas são uma continuidade do golpe militar que tirou Morsi do poder. Preso desde então, o ex-presidente responde a processo perante a Justiça egípcia e poderá pegar pena de morte por incitação a assassinato, por ter ordenado ações brutais contra manifestantes.
MSB/rtr/lusa/afp