Site para denúncias de evasão fiscal é comparado à Stasi
2 de setembro de 2021
Nova plataforma divulgada pelo secretário das Finanças de Baden-Württemberg evocou comparações com táticas de espionagem da Alemanha comunista. Idealizador da ideia sofreu agressões nas redes sociais, inclusive raciais.
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Uma plataforma online para reprimir a evasão fiscal, que agitou o debate político pré-eleitoral na Alemanha, também desencadeou uma onda de críticas ao político que teve a ideia.
Danyal Bayaz, secretário das Finanças do estado de Baden-Württemberg, no sudoeste da Alemanha, colocou no ar nesta segunda-feria (01/09) um novo site que permite aos cidadãos enviarem denúncias anônimas às autoridades sobre casos de evasão fiscal.
No entanto a iniciativa encontrou forte oposição dos rivais políticos do Partido Verde, a que pertence Bayaz, incluindo de membros da União Democrata Cristã (CDU), sigla da chanceler federal Angela Merkel, e do Partido Liberal Democrata (FDP).
Comparações com polícia secreta comunista
Os críticos ao projeto afirmam que a iniciativa encorajaria os cidadãos comuns a bisbilhotarem a vida alheia. O jornal de maior circulação da Alemanha, o Bild, chegou a acusar Bayaz de criar uma "Stasi dos impostos", referindo-se à famosa polícia secreta da Alemanha Oriental, que usava amigos e vizinhos como delatores.
O líder da CDU em Hamburgo, Christoph Ploss, chamou o portal de "incitamento estatal à mentalidade de informante tributário". O líder do FDP, Christian Lindner, compartilhou uma opinião semelhante:. "O que não precisamos é de um incitamento estatal à denúncia entre vizinhos”.
Em defesa, o copresidente do Partido Verde Robert Habeck afirmou que as comparações com a Stasi banalizaram a "ditadura da RDA", a ex-República Democrática Alemã, sob regime comunista.
Os defensores da plataforma não consideram a iniciativa nada preocupante, apenas uma melhoria que permite às autoridades fazerem perguntas específicas aos autores da denúncia. Falando ao jornal Handelsblatt, o presidente do Sindicato Fiscal Alemão (DstG), Thomas Eigenthaler, argumentou que denúncias anônimas existem desde que se criaram as secretarias de Finanças.
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Críticas pessoais e insultos racistas
Além de ter a ideia atacada no cenário político, Bayaz sofreu pesadas críticas, inclusive de cunho pessoal, nas redes sociais. Alguns dos insultos citavam sua origem turca. Ele poderá entrar com ações legais contra alguns casos graves de difamação.
Estima-se que a Alemanha perca 50 bilhões de euros por ano em evasão fiscal. O portal em questão tem total apoio do grupo anticorrupção Transparência Internacional.
As denúncias de evasão fiscal também podem ser enviadas por e-mail, correio e telefone. No entanto, segundo o governo de Baden-Württemberg, as mensagens enviadas às autoridades dessa forma muitas vezes carecem de detalhes cruciais. O novo site dá aos usuários a chance de fazer a denúncia de forma anônima e preenchendo os dados necessários.
le/av (AFP,DPA)
A desigualdade econômica na União Europeia
As diferenças nos padrões de vida entre países da União Europeia são extremas. Mas, dependendo de como a riqueza é medida, há algumas surpresas – até quando se trata das nações em crise do bloco.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Bulgária: salários baixíssimos
A Bulgária é considerada o país mais pobre da União Europeia e também aquele onde a corrupção é mais generalizada no bloco. Segundo a Germany Trade and Invest (GTAI), a renda bruta média em 2018 foi de apenas 580 euros por mês. Desde que o país ingressou na UE, vários jovens búlgaros deixaram sua terra natal, sendo muitos deles profissionais qualificados.
Foto: BGNES
Romênia: o penúltimo lugar no ranking econômico da UE
Não se deixe enganar pela riqueza de cidades pitorescas cuidadosamente restauradas, como Brasov (foto), na Transilvânia. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de 11.440 euros per capita (2019), o país está, de fato, numa posição melhor do que a Bulgária (8.680 euros). Mas com um salário médio bruto de 1.050 euros em 2019, ainda fica bem atrás da Alemanha (3.994 euros).
Foto: Imago Images/Design Pics/R. Maschmeyer
Grécia: saindo de uma crise para entrar em outra
Quando o país estava apenas começando a se recuperar dos efeitos da crise da dívida, em grande parte graças ao turismo dos últimos anos, veio a crise do coronavírus. Ainda que tenha um PIB per capita de cerca de 17.500 euros - aproximadamente o dobro do da Bulgária -, o país é considerado pobre se comparado à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/VisualEyze
França: país de proprietários de imóveis
Quando o assunto é riqueza média, os franceses estão muito à frente dos alemães. Com um patrimônio líquido de 26.500 euros (2018) per capita, os franceses possuem quase 10.000 euros a mais, de acordo com dados da Allianz, em parte devido à baixa participação imobiliária dos alemães. Na França, muitos chegam a ter até uma segunda casa no interior.
Foto: picture alliance/prisma/K. Katja
Itália: sem crescimento e altas dívidas
Entre os países europeus, a Itália foi particularmente atingida pela covid-19, com a cidade de Bérgamo rendendo manchetes como o epicentro da pandemia. Após cerca de duas décadas de estagnação econômica, o país é hoje um dos que defendem a distribuição de ajuda devido à pandemia entre os membros da UE. Com um PIB de 29.610 euros (2018) per capita, a Itália fica pouco abaixo da média do bloco.
Foto: AFP/P. Cruciatti
Espanha: o pavor de uma segunda onda
Após um forte aumento nas infecções por covid-19, as autoridades da Catalunha reimpuseram limitações de circulação em julho. O país é extremamente dependente do turismo, que representa cerca de 15% do PIB. Com uma produção econômica per capita de 26.440 euros (2018), a Espanha fica abaixo da média da UE, de pouco menos de 31.000 euros.
Foto: Reuters/N. Doce
Suécia: muita prosperidade, altos impostos e sem confinamento
A Suécia resolveu enfrentar a crise do coronavírus sem lockdown, o que, em comparação com seus vizinhos, acabou provocando muitas mortes. Com um PIB de 46.180 euros per capita, a Suécia fica em quinto lugar na Europa, atrás de Luxemburgo, Irlanda, Dinamarca e Holanda. Apesar dos altos impostos, os suecos ficaram à frente dos franceses em 2018, com um patrimônio líquido de 27.511 euros.
Foto: imago images/TT/J. Nilsson
Países Baixos: riqueza e produção econômica elevadas
Ao lado da Suécia, Dinamarca e Áustria, os holandeses estão entre os países que rejeitam transferências bilionárias sem contrapartida de reformas para países como a Itália. Com um PIB de 46.800 euros per capita (2019) e um patrimônio líquido de mais de 60.000 euros per capita (2018), eles estão no topo do ranking da UE.
Foto: picture-alliance/robertharding/F. Hall
Alemanha: uma nação rica, mas os cidadãos nem tanto
Até agora, o país tem contornado a pandemia com sucesso. Os custos econômicos, no entanto, são enormes: as exportações caíram, e muitas empresas lutam para sobreviver. Detentora da maior economia da UE, a Alemanha teve um PIB de 41.340 euros (2019) per capita. Em 2018, porém, os alemães possuíam um patrimônio líquido de apenas 16.800 euros per capita - metade do observado na Itália.