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Sob efeito da crise

11 de junho de 2009

Carestia de alimentos e desvalorização de matérias-primas afetam drasticamente a África, que sedia o Fórum Econômico Mundial. Ajuda suplementar prometida por países industrializados em 2005 ainda não foi paga.

Alimentos se tornaram impagáveis na ÁfricaFoto: picture alliance/dpa

De acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira (11/06), os países do Grupo dos Oito (G8) só liberaram um terço da ajuda suplementar ao desenvolvimento concedida à África. Um relatório realizado pelas organizações DATA (Debt, Aids, Trade in Africa) e ONE, apresentado em Berlim e Londres, aponta que os países industrializados só pagaram 7 bilhões dos 21,5 bilhões de dólares extra prometidos ao continente até 2010 durante a cúpula realizada em 2005 em Gleneagles, na Escócia.

Maiores e menores devedores

Essa situação foi ocasionada principalmente pela França e pela Itália, a quem se devem oitenta por cento do atraso nos pagamentos. Segundo o relatório, a Alemanha pagou 31% da quantia prometida.

A ministra alemã do desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, garantiu que, conforme prometido, a verba destinada à ajuda ao desenvolvimento corresponderá a 0,51% do PIB alemão até 2010 e aumentará para 0,7% do PIB em 2015. Em 2008, esse índice perfazia 0,38% do PIB, o que corresponde a 13,9 bilhões de dólares.

Também houve países que superaram o compromisso firmado em Gleneagles, como o Japão, que já pagou 150% da quantia prometida, e o Canadá, com 206%. Há quatro anos, os países do G8 haviam decidido elevar em 50 bilhões de dólares ao ano até 2010 a ajuda ao desenvolvimento, sendo a metade concedida à África.

Gravidade da miséria

O alto preço das matérias-primas levou a um leve crescimento econômico na África nos últimos cinco anos. O Produto Interno Bruto (PIB) de alguns países ao sul do Saara aumentou 6% ao ano ou mais. A valorização do petróleo, dos metais e de outras riquezas minerais no mercado mundial encheu os cofres de muitos países.

No entanto, a crise econômica e financeira mundial pôs fim a esse boom. Os alimentos encareceram, enquanto o preço das matérias-primas caiu. Os investidores estrangeiros estão se retirando da região e pequenos empresários mal têm chance de obter empréstimos. Os efeitos disso sobre os orçamentos públicos africanos são em parte dramáticos.

Alimentos impagáveis

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento de aproximadamente 1,5% para os países ao sul do Saara. Não é à toa, portanto, que muitos jovens africanos abandonem seus países e resolvam buscar a sorte na Europa.

Como se não bastasse a carestia dos alimentos, a crise financeira fez cair o preço das matérias-primas. Segundo o FMI, o valor pago por matérias-primas este ano deverá ser 30% inferior aos preços de 2008. Isso afeta drasticamente os países em desenvolvimento ao sul do Saara, pois muitos ainda dependem da exportação de matérias-primas.

Dependência do exterior

Uma grande ajuda para muitos africanos sempre foi o dinheiro enviado por parentes residentes no exterior. Durante muitos anos, estes mandaram para a África bilhões de euros, praticando assim uma espécie de combate à pobreza. Desde a crise econômica, contudo, muitos tiveram que suspender as transferências.

Por ocasião da abertura do Fórum Econômico Mundial na Cidade do Cabo, na África do Sul, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan lembrou que a África continua dependendo de ajuda econômica, mesmo que tenha potencial para se desenvolver como um continente exportador de alimentos e energia.

SL/ap/epd

Revisão: Rodrigo Abdelmalack

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