Após teste nuclear, Coreia do Sul diz que Pyongyang prepara novo míssil. Washington e Seul anunciam reforço defensivo. EUA e Japão defendem "pressão máxima" sobre norte-coreanos. Conselho de Segurança convoca reunião.
Televisão sul-coreana mostra disparo de míssil norte-coreanoFoto: Reuters/K. Hong-Ji
Segundo o governo norte-coreano, o artefato termonuclear testado pode ser instalado em um míssil intercontinental, o que, se confirmado, representaria um importante e perigoso avanço em suas capacidades militares.
Em resposta ao teste, Seul realizou exercícios com fogo real, nos quais ensaiou ataques a instalações nucleares norte-coreanas, incluindo o disparo de mísseis.
Nesta segunda-feira (04/09), o Ministério da Defesa da Coreia do Sul alertou que a Coreia do Norte iniciou preparativos para lançar outro míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) a qualquer momento.
Segundo o ministério, Estados Unidos e Coreia do Sul planejam posicionar um porta-aviões nuclear, vários bombardeiros e outros equipamentos estratégicos na península coreana, incluindo a controversa implantação do Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes (Thaad), que irritou a China e que fora adiada desde junho. Pequim classifica o poderoso escudo antimísseis dos Estados Unidos de uma ameaça à sua segurança.
Além disso, o Exército sul-coreano realizará manobras com fogo real da qual participarão caças F-15K equipados com mísseis de ar-terra Taurus, segundo informação do Ministério sul-coreano no seu relatório à Assembleia Nacional (Parlamento), publicado pela agência local Yonhap.
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.
Foto: picture-alliance/Zumapress/M. Brown
9 fotos1 | 9
"Todos os meios, inclusive atômicos"
Após a nova provocação norte-coreana, o presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou a determinação de seu governo de "defender os EUA e seus aliados com todos os meios disponíveis: diplomáticos, convencionais e atômicos".
Após uma reunião com Trump, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, apontou que os EUA não buscam uma aniquilação total da Coreia do Norte, mas que têm muitas opções para fazê-lo.
O Conselho de Segurança da ONU convocou para esta segunda-feira uma sessão extraordinária para debater novas sanções contra a Coreia do Norte. Diplomatas informaram que o órgão poderia agora considerar a proibição das exportações de têxteis de Pyongyang e da companhia aérea nacional, suspender o abastecimento de petróleo para o governo e para o setor militar do país, impedir que norte-coreanos trabalhem no exterior e incluir funcionários de alto escalão em uma lista negra para sujeitá-los a congelamento de ativos e proibições de viagem.
Após conversa telefônica, o ministro japonês do Exterior, Taro Kono, e o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, concordaram, que Japão e Estados Unidos devem "exercer pressão máxima" sobre a Coreia do Norte após o sexto teste nuclear do país.
Seul reage a teste nuclear norte-coreano
01:03
This browser does not support the video element.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o premiê japonês, Shinzo Abe, por sua vez, concordaram que a ONU deve definir sanções mais duras. "Ambos concordaram em cooperar estreitamente entre si e com os Estados Unidos e compartilham o entendimento de que devem ser aplicadas sanções mais duras contra a Coreia do Norte", afirmou um porta-voz do governo sul-coreano.
Protesto chinês
Segundo Seul, o teste anunciado no domingo pela Coreia do Norte provocou uma explosão cinco vezes maior que a do último teste, há um ano, e que pode ser sentida em cidades chinesas a centenas de quilômetros da fronteira norte-coreana.
A China, principal parceiro comercial de Seul, enviou um protesto oficial à representação diplomática chinesa da Coreia do Norte após o teste nuclear de Pyongyang.
"A China se opõe ao desenvolvimento de mísseis nucleares pela Coreia do Norte e estamos comprometidos com a desnuclearização da península. Esta posição é bem conhecida, e a Coreia do Norte também conhece esta posição perfeitamente", disse o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Geng Shuang, em entrevista coletiva.
"A Coreia do Norte deve estar bastante certa disso, então esperamos que todas as partes – especialmente o lado norte-coreano – possam exercer restrições e abster-se de aumentar as tensões", complementou.
Geng não disse se Pequim, que por muito tempo hesitou em colocar pressão econômica sobre Pyongyang, apoiaria novas sanções ao regime.
MD/dpa/rtr/efe/afp
O que o regime mostra na Coreia do Norte
A DW viajou à Coreia do Norte para descobrir o que há por trás da propaganda. Saímos às ruas com o acompanhante disponibilizado pelo governo e registramos o que vimos - ou nos deixaram ver - em Pyongyang.
Foto: DW/A. Foncillas
Árvores floridas
Os prédios da capital norte-coreana estão pintados com cores vivas, dando um ar de alegria à cidade. A época da floração da cerejeira contribui para a variedade cromática. O número crescente de automóveis nas ruas faz concorrência às bicicletas.
Foto: DW/A. Foncillas
Brincando no parque
Os clichês do mundo ocidental em relação à Coreia do Norte nos fazem esquecer que, além da devoção fervorosa aos seus líderes, a população não é muito diferente da de outras latitudes. Na semana de comemorações do Dia do Sol, é comum ver crianças praticando esportes em parques.
Foto: DW/A. Foncillas
Líder aclamado
Performances de todos os tipos oferecidas por crianças são um elemento-chave do lazer no país. A aparição do ditador Kim Jong-un no telão gera aplausos na plateia.
Foto: DW/A. Foncillas
Kimjongília e kimilsúngia
O culto à personalidade atinge o cúmulo com a orquídea batizada kimilsungia e a begônia kimjongilia, nomes que homenageiam o pai e avô do atual ditador. Nesta exposição de flores, trabalhadores de diferentes ministérios e universidades trouxeram flores que cultivam em seu local de trabalho.
Foto: DW/A. Foncillas
"Um dos cortes permitidos, por favor!"
O catálogo de cortes nos salões de cabeleireiros em Pyongyang oferece os 20 penteados recomendados no país. Já a barba é feita de forma convencional, com espuma e lâmina.
Foto: DW/A. Foncillas
Diversão para os ricos
Na capital há um imenso complexo de lazer para a classe rica. Lá há três piscinas e muitos restaurantes, que oferecem cerveja, comidas típicas do país e o típico kimchi, prato similar ao chucrute.
Foto: DW/A. Foncillas
Consumo caro
Modestas reformas econômicas têm permitido a abertura de supermercados, onde se pode encontrar uísque escocês, eletrodomésticos japoneses e roupas americanas de marca. Não é incomum os clientes pagarem com dólares ou cartões de crédito.
Foto: DW/A. Foncillas
Os jovens
Muitos jovens norte-coreanos frequentam cafés de luxo como qualquer outro jovem de uma capital europeia. Isso só se podem permitir os filhos da elite vinculada ao comércio exterior e com acesso a divisas internacionais. A jovem da foto estudou Finanças na Índia e defende que, em Pyongyang, não faltam opções de lazer.
Foto: DW/A. Foncillas
Esporte popular
O vôlei é um dos esportes mais populares do país. Este ginásio oferece instalações de alto nível.
Foto: DW/A. Foncillas
Internet a preço de sorvete
No Centro de Divulgação Científica aberto recentemente em Pyongyang, as pessoas podem jogar videogame e se conectar à internet "pela metade do preço de um sorvete", disse o guia. A internet é limitada a sites norte-coreanos, sem acesso a páginas de fora do país.
Foto: DW/A. Foncillas
Guarda de trânsito
Os uniformes são onipresentes no país. O controle de tráfego é feito principalmente por mulheres jovens vestidas com minissaias e botas.
Foto: DW/A. Foncillas
À espera do desfile
O Exército norte-coreano tem 1,2 milhão de soldados para uma população de 25 milhões de pessoas. A maior parte dos escassos recursos do país é destinada aos militares. Na foto, o desfile militar do Dia do Sol, em homenagem ao fundador do país, Kim Il-sung.
Foto: DW/A. Foncillas
Sempre sorrindo
Meninas aprendendo música em uma academia. Na Coreia do Norte, é comum este tipo de escola, que, segundo o regime, valoriza especialmente talentos em disciplinas artísticas e esportivas.
Foto: DW/A. Foncillas
Luxo subterrâneo
O metrô de Pyongyang é o mais profundo do mundo e serve como refúgio em caso de ataque. O luxo desta estação contrasta com os trens antiquados. Os usuários podem aproveitar o tempo de espera informando-se sobre o mais recente míssil lançado.
Foto: DW/A. Foncillas
Arquitetura e militares
A arquitetura da capital é tanto tradicional quanto moderna. Os novos edifícios são octogonais, ovais ou tem qualquer outra forma ousada. Eles se assemelham a um livro invertido se ali vivem acadêmicos, ou parecem uma tomada, se se destinam a cientistas.
Foto: DW/A. Foncillas
Meninos e futebol
Meninos jogam futebol em uma escola de órfãos na capital. Os responsáveis por eles garantem que as crianças ingerem 3.500 calorias por dia, mais do que necessita um esportista de elite em qualquer país do mundo.
Foto: DW/A. Foncillas
Propaganda por todo lugar
Cartazes de propaganda são comuns nas ruas de Pyongyang. Eles ressaltam a força do Exército, a necessidade de uma pátria unida contra o inimigo externo, dos trabalhadores como a base de um sistema ideológico que só existe aqui: a ideologia Juche.
Foto: DW/A. Foncillas
Passos firmes
Desfiles militares são atividades recorrentes no calendário da Coreia do Norte. O objetivo do governo é mostrar Forças Armadas bem equipadas, que agem com marcialidade.