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Situação na Venezuela preocupa Brasil e Reino Unido

Ericka de Sá, de Brasília18 de fevereiro de 2014

Após reunião com chanceler do Reino Unido, ministro Luiz Alberto Figueiredo diz acompanhar com atenção a situação no país vizinho e condena atos violentos. Britânico pede respeito à liberdade de expressão.

Chanceleres Luiz Alberto Figueiredo (e) e William Hague em BrasíliaFoto: Reuters

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, reuniu-se nesta terça-feira (18/02) com o chanceler britânico, William Hague, em Brasília, num encontro em que os dois demonstraram preocupação com a situação na Venezuela.

"Estamos acompanhando a Venezuela com atenção", disse o ministro brasileiro. Segundo ele, o Brasil espera que "haja uma convergência dentro de um respeito à institucionalidade e à democracia", sem "o tipo de distúrbios" vistos na semana passada. Figueiredo também lamentou as mortes e as dezenas de feridos nos protestos da última semana.

Já Hague disse que o Reino Unido está "particularmente preocupado com as notícias de que o governo venezuelano está procurando oprimir protestos pacíficos ao prender ativistas e líderes da oposição". Ele lembrou que "liberdade de expressão e de assembleia são essenciais" e são direitos universais que devem ser respeitados.

Nesta terça-feira, o líder opositor venezuelano Leopoldo López se entregou à polícia, numa marcha pelas ruas de Caracas que reuniu milhares de apoiadores. Ele tinha uma ordem de detenção por participação nos distúrbios da semana passada.

O governo do presidente Nicolás Maduro responsabiliza setores da oposição por supostamente promoverem uma tentativa de golpe de Estado com o apoio dos Estados Unidos, e, por isso, expulsou funcionários da embaixada americana de Caracas.

Acordo Mercosul-UE

As negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) também estavam na pauta do encontro bilateral. O chanceler brasileiro reconheceu que os blocos ainda precisam de mais tempo para apresentar as propostas, por se tratar de um "processo complexo", já que os países-membros devem analisar as sugestões antes de uma formalização.

"Estamos na fase final desse trabalho, temos estado em constante contato com o lado europeu para que a troca de ofertas ocorra o mais rápido possível", garantiu Figueiredo. "Estamos muito próximos a essa troca de ofertas."

Do lado britânico, Hague assegurou que o Reino Unido "é um forte defensor" desse acordo e acredita que este "é um momento importante para avançar".

Outras parcerias

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, o Reino Unido ocupa a 15ª posição na lista dos maiores parceiros comerciais brasileiros, tendo sido registrado crescimento de 120% entre 2004 e 2013 na corrente comercial entre os dois países.

No âmbito da educação, o Reino Unido é o segundo destino mais procurado por bolsistas do programa Ciências Sem Fronteiras, com 6.500 estudantes matriculados em universidades britânicas. A cooperação nas áreas de ciência, tecnologia e inovação também estavam na pauta.

O Reino Unido também confirmou presença na Reunião Multissetorial Global Sobre o Futuro da Governança da Internet, que acontece em São Paulo em abril. Hague ponderou, entretanto, sobre o controle da rede. "Estamos céticos sobre o controle da internet por Estados e organizações internacionais porque é importante manter o dinamismo da rede", disse.

O combate à violência sexual contra as mulheres, mudanças climáticas e a luta contra a fome também foram abordados nas reuniões.

Agenda

Hague chegou ao Brasil nesta segunda-feira e a primeira parada foi na Arena Amazônia, em Manaus, que receberá o jogo entre a seleção inglesa e a italiana durante a Copa do Mundo. Após o almoço oferecido no Itamaraty à delegação britânica, o chanceler partiu para São Paulo, onde se encontrará com bolsistas brasileiros do programa Chevening – programa britânico de bolsas – e do programa Ciências Sem Fronteiras.

Também na capital paulista, Hague participa de uma mesa-redonda promovida pela Fundação Armando Álvares Penteado e pelo Instituto Lula, para aprimorar parcerias voltadas para o continente africano. Também está prevista uma reunião com o governador Geraldo Alckmin para tratar do Grupo de Trabalho São Paulo-Reino Unido, que tem infraestrutura e educação entre as prioridades.