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Reeleição indigesta

14 de junho de 2009

Dúvidas sobre validade do pleito, temor do programa nuclear, repressão da oposição: mal-estar da comunidade internacional após eleições iranianas é palpável. Venezuela, Síria e Afeganistão expressam apoio a Ahmadinejad.

Protestos de iranianos também em BerlimFoto: AP

É inegável o mal-estar das potências ocidentais quanto à reeleição do presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad. Tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia teriam preferido uma vitória do reformista Mir Hussein Mussavi.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, declarou neste domingo (14/06) que o transcorrer das eleições deixou numerosas questões em aberto. "As notícias sobre irregularidades são preocupantes. Espero que os responsáveis em Teerã investiguem minuciosamente tais acusações e forneçam esclarecimentos abrangentes."

Steinmeier considera inaceitável tanto o procedimento violento das forças de segurança contra as manifestações dos oposicionistas, quanto a interdição de protestos pacíficos. "Continuaremos observando atentamente a situação no local", prometeu.

Mussavi e seus correligionários acusam Ahmadinejad de fraude eleitoral. Oposicionistas iranianos também protestaram neste domingo em Berlim contra o resultado das eleições, que acusam de "antidemocrática".

Preocupação europeia

A União Europeia igualmente demonstrou preocupação, em nota oficial divulgada na noite de sábado. Ao mesmo tempo, expressou esperanças de que o pleito sirva para minorar as tensões entre o Irã e a comunidade internacional.

A presidência rotativa da UE, atualmente ocupada pela República Tcheca, disse esperar que, encerradas as eleições, Teerã retome o diálogo sobre seu controvertido programa nuclear.

Segundo o ministro francês do Exterior, Bernard Kouchner, seu governo estaria "muito preocupado" sobre a situação iraniana. Ele criticou a "reação brutal" das autoridades aos protestos da oposição.

Medo atômico

Durante sua visita ao Canadá, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse esperar que "os resultados das eleições reflitam a verdadeira vontade e o desejo do povo iraniano". Seu homólogo canadense, Lawrence Cannon, mostrou-se "profundamente preocupado" quanto às supostas irregularidades eleitorais.

Mussavi (e) ou Ahmadinejad: tanto faz, afirma AIEAFoto: picture alliance / landov/ dpa

O ministro israelense do Exterior, Avigdor Lieberman, exigiu uma atitude internacional decidida contra o programa atômico de Teerã,"sobretudo após a vitória e continuação da liderança de Ahmadinejad". Segundo Lieberman, seria preciso evitar que o país se transforme em potência nuclear, assim como impedir que continue apoiando organizações terroristas e sabotando a estabilidade no Oriente Médio.

Por outro lado, fontes diplomáticas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sediada em Viena, afirmaram que, no que concerne ao programa atômico daquele país asiático, pouco faz diferença se o presidente iraniano se chama Ahmadinejad ou Mussavi.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, aproveitou a ocasião para elogiar efusivamente o chefe de Estado iraniano. "No presidente Ahmadinejad temos um dos maiores aliados desse mundo", declarou. A Síria e o Afeganistão igualmente congratularam o ultraconservador iraniano por sua reeleição.

AV/dpa/ap/afp
Revisão: Carlos Albuquerque

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