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Repercussão

3 de dezembro de 2007

Acusações de manipulação e ausência de oposição no Parlamento geram na Europa receio de que Putin se transforme num líder absoluto. Para a UE, prioridade é reduzir dependência de matérias-primas do país.

Vladimir Putin e Ludmila, após controversa vitória de seu partido nas urnasFoto: AP

O partido Rússia Unida, do atual presidente Vladimir Putin, ganhou com larga vantagem as eleições no país, realizadas no último domingo (02/12). A maioria de 315 das 450 cadeiras da Duma equivale a 70% do Legislativo. Considerando que o partido majoritário ainda conta com o apoio dos comunistas, a oposição verdadeira no país fica dizimada a meros 12%.

"Isso não corresponde a padrões democráticos", afirmaram representantes da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), ao lembrarem que os acontecimentos que atecederam o pleito no país ferem os direitos fundamentais do cidadão, como por exemplo o de liberdade de reunião e de expressão.

"O governo russo exerceu uma enorme influência nas eleições parlamentares. E isso é problemático. Também não é correto que o presidente de um país desempenhe o papel de principal candidato", aponta Kimmo Kiljungen, vice-presidente da OSCE.

Quase unanimidade dos votos?

Painel em Moscou registra vantagem para partido de PutinFoto: AP

A prova evidente de que os resultados das eleições foram manipulados são os resultados contabilizados na Tchetchênia, onde o partido de Putin teve supostamente 99% dos votos, um resultado digno do período de regime soviético.

Na Rússia de hoje, descontada toda a euforia pela figura de Putin, é praticamente impossível chegar a um resultado unânime desse, que transforma o presidente do país num líder quase absoluto.

Segundo a agência Interfax, os observadores da russa Golos, uma agência independente de observadores, apontam a existência de milhares de irregularidades no processo eleitoral. "O Executivo praticamente escolheu o Parlamento", comenta Kiljungen.

Nem justiça, nem liberdade

Os resultados favoráveis ao partido do Kremlin não podem ser creditados apenas às manipulações, mas também à pressão exercida sobre o eleitor durante a campanha, denunciam políticos de oposição e organizações de defesa dos direitos humanos.

Entre eles a parlamentar alemã Maria-Louise Beck, do Partido Verde, que deveria ter ido ao país como observadora da OSCE. "Quando se pensa em transparência, igualdade, liberdade de ação para os partidos políticos, trabalho independente da mídia e respeito ao eleitor, então não se pode falar nem em justiça nem em liberdade no contexto destas eleições", observa Beck.

"Sovietização da Rússia"

Sabine Leutheusser-SchnarrenbergerFoto: AP

Os mecanismos duvidosos do processo eleitoral causam a desconfiança não só da União Européia, mas também das Nações Unidas e do G8 em relação ao país, diz Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, relatora do Conselho da Europa. "Se Putin vai continuar sendo o fator decisivo de poder e a personalidade dominante acima de tudo, a sovietização da Rússia vai ficar pior ainda", observa a parlamentar.

Segundo ela, a União Européia vai se esforçar para garantir seu potencial de poder sobre o país "E isso tem que ficar claro: é preciso fazer de tudo para reduzir a dependência [dos países da UE] das matérias-primas importadas da Rússia".

Seja como for, os resultados estão aí, e os observadores do Federação Russa declararam a eleição como democrática – uma postura decisiva para o governo em Moscou. Agora, o mundo espera pelo próximo passo do vencedor Putin. Após um pleito que, como lembra Leutheusser-Schnarrenberger, "prejudicou muito a imagem do país" no exterior. (sv)

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