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Snowden diz não se arrepender de vazamento

14 de setembro de 2016

Em videoconferência a partir de Moscou, ex-analista da NSA afirma que sua condenação pode "corroer a democracia" dos EUA. Organizações de direitos humanos lançam campanha pedindo que Obama conceda perdão ao ativista.

Edward Snowden fala a jornalistas por videoconferência a partir de Moscou
Foto: Reuters/B. McDermid

"Estou confortável com as decisões que tomei", diz Snowden

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O ex-analista da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) Edward Snowden declarou nesta quarta-feira (14/09) que não se arrepende de ter revelado, em 2013, um amplo esquema de espionagem do governo dos Estados Unidos – o que pode lhe custar até 30 anos de prisão.

"Estou feliz com as decisões que tomei", afirmou Snowden a jornalistas em Nova York por meio de uma videoconferência a partir de Moscou, onde está asilado desde 2013. O whistleblower disse que, se for condenado a passar anos na prisão, "a qualidade da democracia" americana seria "corroída".

Snowden acrescentou que seu caso não diz respeito a ele, mas a todo o povo americano. "Trata-se de nosso direito de discordar. Trata-se do tipo de país que queremos ter, o tipo de mundo que queremos construir. Trata-se do tipo de amanhã que nós queremos ver", argumentou ele.

O pronunciamento desta quarta-feira coincidiu com uma campanha lançada por várias organizações e personalidades internacionais pedindo que o presidente dos EUA, Barack Obama, conceda o perdão a Snowden antes de deixar a Casa Branca, em janeiro de 2017. "Nem nos meus sonhos mais loucos eu havia imaginado apoio semelhante", admitiu o ex-analista durante a videoconferência.

Entre os organizadores da campanha estão a Anistia Internacional, a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) e a Human Rights Watch. Para o grupo, Snowden "enfrenta a possibilidade de décadas na prisão por falar em defesa dos direitos humanos".

"Snowden levantou um dos mais importantes debates sobre vigilância governamental em décadas e deu origem a um movimento global em defesa da privacidade na era digital", declarou o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty. "Castigá-lo por isso enviaria a perigosa mensagem de que aqueles que são testemunhas de violações dos direitos humanos não devem denunciá-las."

Personalidades como o linguista Noam Chomsky, a atriz Susan Sarandon e o senador americano Bernie Sanders, que foi rival de Hillary Clinton na disputa pela candidatura democrata à Casa Branca, também demonstraram apoio ao ex-colaborador da NSA.

Campanha "Pardon Snowden" pede que ativista seja perdoado das acusações que enfrenta nos EUAFoto: picture alliance/dpa/P. Steffen

"A informação revelada por Edward Snowden permitiu que o Congresso e o povo americano entendessem como a NSA abusou da sua autoridade e violou nossos direitos constitucionais", disse Sanders ao jornal britânico The Guardian. "Na minha opinião, o interesse da justiça estaria melhor servido se nosso governo lhe garantisse alguma forma de clemência."

O americano de 33 anos vive há três anos na capital da Rússia, desde que divulgou milhares de documentos secretos da NSA, expondo o sistema de vigilância mundial americano. Nos EUA, ele foi acusado de divulgar segredo de Estado e pode pegar até 30 anos de prisão.

Enquanto Snowden clama pelo perdão do governo americano, a Casa Branca insiste que ele volte aos Estados Unidos para enfrentar as acusações. Na segunda-feira, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, já havia declarado que os vazamentos feitos pelo ex-analista "prejudicaram os EUA" e constituem "crimes sérios" contra o país, por isso pediu a extradição do americano.

"Estou confortável com as decisões que tomei", diz Snowden

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Nos próximos dias, estreia nos cinemas mundiais o filme Snowden, do diretor Oliver Stone, que relata a história por trás dos vazamentos. O cineasta veterano também já declarou publicamente sua opinião favorável ao perdão de Snowden por parte de Obama.

EK/dpa/ap/efe/lusa

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