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Sob fantasma de Gijón, Alemanha e EUA jogam para confirmar classificação

Philip Verminnen26 de junho de 2014

Empate garante às duas seleções vaga na próxima fase, mas os treinadores e amigos Klinsmann e Löw negam repetição da "Vergonha de Gijón", na Copa de 1982. Apesar das críticas, Löw defende Philipp Lahm no meio-campo.

Foto: Getty Images/Michael Steele

O gol do português Silvestre Varela, no último lance do confronto contra os Estados Unidos no início da semana, evitou a classificação antecipada da seleção americana. Com o 2 a 2, ficou claro que os EUA iriam para a última rodada precisando apenas de um empate, no jogo desta quinta-feira (26/06), no Recife – resultado que também garante à Alemanha a liderança do Grupo G. Após o apito final contra Portugal, jornalistas do mundo inteiro começaram a especular sobre um "jogo de comadres" entre os dois amigos e ex-colegas na seleção alemã, os técnicos Joachim Löw e Jürgen Klinsmann.

Logo voltou à lembrança a "Vergonha de Gijón", como ficou conhecida a partida entre a Alemanha Ocidental e a Áustria, na Copa de 1982. Os alemães abriram o placar com 1 a 0 – resultado que eliminaria a Argélia – e ficaram trocando passes no restante da partida.

"Não há um pacto, não combinamos nada!", garantiu Löw, treinador da Alemanha, sobre a partida desta quinta-feira. "Isso [empate] está fora de cogitação. Normalmente, as coisas saem erradas quando se joga para empatar."

Outro assunto bastante comentado nos dias que antecederam a decisão e que irritou bastante o treinador alemão foi o posicionamento de Philipp Lahm. Löw admitiu que o lateral/volante do Bayern de Munique não teve a atuação esperada, mas retrucou: "Aqueles, que depois da goleada contra Portugal elogiaram a solução de colocar Lahm no meio-campo, são os que estão criticando a escolha depois de um jogo ruim. Ele deve voltar para a lateral?"

Horst Hrubesch marcou o único gol em Gijón, logo aos 10 minutos, e o resto do jogo foi considerado uma vergonhaFoto: imago/Werek

Lahm errou o passe que resultou no segundo gol de Gana, e a imprensa alemã começou a questionar se não era melhor colocá-lo na lateral e trazer Bastian Schweinsteiger de volta ao time titular. "Um treinador não pode se deixar influenciar por opiniões externas", concluiu Löw.

Influência externa ou não, os treinos mostram que Schweinsteiger pode iniciar a partida, mas no lugar de Khedira, formando assim a dupla de volantes do Bayern, junto com Lahm. No mais, a equipe deve ser a mesma que empatou com Gana, com Özil, Müller e Götze formando o trio ofensivo.

Löw era assistente de Klinsmann quando o atual técnico dos EUA comandou a seleção alemã na Copa de 2006. Os dois tornaram-se amigos, mas prometeram que não haveria contato nesta semana.

"Não é hora para telefonemas de amizade. Agora é hora de business", respondeu um sério Klinsmann ao ser questionado pela enésima vez sobre o "caso Gijón". "Não vai acontecer nada de estranho. As duas equipes querem vencer e ser líderes do grupo. Nós não somos uma equipe que joga para empatar. Jogamos sempre para vencer. Este é o nosso espírito."

Após partida contra Gana, Philipp Lahm teve atuação como volante questionadaFoto: Javier Soriano/AFP/Getty Images

Somente a vitória garante a liderança do Grupo G à equipe de Klinsmann. Em caso de derrota, ainda há chance de Gana ou Portugal beliscar a segunda vaga, caso a diferença no saldo de gols seja recuperada. Os Estados Unidos têm saldo positivo de um gol, contra um negativo de Gana e quatro negativos de Portugal.

Klinsmann mostra respeito e admiração pelos adversários. "Jogi [Löw] desenvolveu bem a equipe. Ela adquiriu um bonito estilo de jogo e dá gosto vê-los jogar. A Alemanha é uma das duas ou três seleções que têm toda a qualidade para chegar à final. Eu os desejo muita sorte na luta pelo título."

Entretanto, a partida será especial não apenas para o ex-atacante alemão Klinsmann, mas também para outros quatro jogadores da seleção dos EUA. O lateral-direito Fabian Johnson, o zagueiro John Brooks, o volante Timothy Chandler e o meia Jermaine Jones nasceram na Alemanha. "Será uma partida bastante especial para todos que possuem raízes alemãs", disse Jones, autor de um gol contra Portugal.

A dupla da Copa de 2006: o treinador Jürgen Klinsmann (esq.) e o seu então assistente Joachim LöwFoto: picture-alliance/dpa

Prováveis escalações

Estados Unidos: Howard; Johnson, Besler, Cameron e Beasley; Beckerman, Bedoya, Jones, Bedoya e Zusi; Dempsey. Técnico: Jürgen Klinsmann.

Alemanha: Neuer; Boateng, Hummels, Mertesacker e Höwedes; Lahm, Khedira (Schwensteiger), Kroos, Götze e Özil; Müller. Técnico: Joachim Löw.

Local

Arena Pernambuco, Recife.

Arbitragem

Ravshan Irmatov (Uzbequistão), auxiliado por Abduxamidullo Rasulov (Uzbequistão) e Bakhadyr Kochkarov (Quirguistão).

Nascido em Frankfurt, Jermaine Jones é um dos cinco alemães no time dos EUAFoto: picture-alliance/AP Photo

Destaques

Estados Unidos

Clint Dempsey: Com dois gols nesta Copa, ele é o capitão, melhor jogador dos EUA e porta-voz do técnico Klinsmann em campo. Boa parte das melhores jogadas americanas nesta Copa passaram pelos pés do camisa oito.

Alemanha

Philipp Lahm: Contestado após um erro que gerou o primeiro gol de Gana e pressionado pela boa atuação de Schweinsteiger, o capitão alemão tem a confiança de Löw e deve ser mantido no time. Já são mais de cem partidas com a camisa da seleção alemã.

Retrospecto

Foram nove partidas entre as duas seleções até agora, com seis vitórias para os alemães e três para os americanos. Dois dos confrontos foram em Copa do Mundo, ambos vencidos pela Alemanha: 1 a 0 pelas quartas de final em 2002 e 2 a 0 pela fase de grupos em 1998.

Último confronto

Foi em junho de 2013, em Washington. Os EUA ganharam por 4 a 3, mas a Alemanha jogou com o time reserva.

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