1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaEquador

Presidente do Equador decreta estado de emergência

19 de outubro de 2021

Guillermo Lasso aciona Forças Armadas para combater tráfico de drogas e aumento da criminalidade. Neste mês, Congresso abriu investigação sobre suas empresas em paraísos fiscais e oposição convocou protestos.

Guillermo Lasso discursa
Ex-banqueiro, Lasso tem perfil conservador e assumiu o governo em maioFoto: Presidencia Ecuador/dpa/picture alliance

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, declarou estado de emergência no país por no mínimo 60 dias e mobilizou as Forças Armadas para atuar no combate ao tráfico de drogas e à criminalidade em geral.

A decisão foi anunciada na noite de segunda-feira (18/10), quando Lasso fez um pronunciamento na televisão e culpou o tráfico de drogas pela onda de violência no país e nos presídios. Neste ano, 238 presos morreram em conflitos em estabelecimentos prisionais equatorianos.

"Há somente um inimigo nas ruas do Equador: o tráfico de drogas. Quando o tráfico de drogas cresce, o mesmo acontece com homicídios e roubos de casas, carros e bens. Nossas forças militares e policiais serão sentidas com intensidade nas ruas", disse.

No mesmo dia, o presidente trocou o comando do Ministério da Defesa, que passou a ser liderado pelo general da reserva Luis Hernandez, no lugar de Fernando Donoso.

A decretação do estado de emergência foi anunciada um dia antes de uma visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ao Equador. Ele desembarcou no país nesta terça-feira, onde discutirá temas de segurança, defesa, comércio e meio ambiente.

Blinken está fazendo seu primeiro giro pela América do Sul desde que assumiu o cargo em janeiro, no início do governo Joe Biden. O roteiro não inclui o Brasil.

Forças Armadas atuarão em nove províncias

O estado de emergência permitirá que as Forças Armadas do Equador atuem em operações de apreensão de drogas e armas em nove das 24 províncias do país, inclusive em Guayas, onde fica a cidade de Guayaquil, um centro de distribuição de cocaína produzida na América do Sul para os Estados Unidos.

Segundo o presidente, mais de 70% das mortes violentas em Guayas seriam "em alguma medida" relacionadas ao tráfico de drogas.

O país tem enfrentado uma onda de violência e de motins em prisões. Em setembro, 119 pessoas foram mortas durante confrontos entre facções rivais em um presídio de Guayaquil. Em julho, motins em prisões de Cotopaxi e Guayaquil deixaram 21 mortos, e em fevereiro 79 morreram em conflitos entre gangues rivais em diversos presídios do país.

Lasso também afirmou que irá propor e editar normas que apoiem membros das forças de segurança em ações contra o crime e criar um órgão para defender policiais que são processados "somente por fazerem o seu serviço".

"O governo irá perdoar todos aqueles que foram condenados injustamente por terem feito o seu trabalho", disse o presidente, que também pediu aos juízes que "garantam a paz e a ordem, e não a impunidade e o crime".

A decretação do estado de emergência não foi bem recebida por grupos indígenas e sindicalistas, que recentemente convocaram protestos contra a política econômica do governo e o aumento do preço dos combustíveis.

Eles receiam que a medida não solucionará os problemas sociais do país, e poderia servir de justificativa para silenciar manifestações da oposição.

Lasso está sob pressão dos "Pandora Papers"

Ex-banqueiro, o presidente do Ecuador tem perfil conservador e defende políticas liberais na economia. Ele assumiu o cargo em maio , após uma campanha em que se posicionou como o nome mais forte contra o socialista Andrés Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa.

Lasso apareceu ligado a empresas offshore no caso dos "Pandora Papers", uma investigação jornalística realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês). Em 10 de outubro, o Congresso do Equador aprovou a abertura de uma investigação para averiguar se ele cometeu alguma ilegalidade ao manter dinheiro em paraísos fiscais.

Após a revelação dos "Pandora Papers", Lasso disse que as empresas já foram fechadas, que ele não cometeu irregularidades e que sua fortuna é resultado de sua atuação no Banco de Guayaquil, do qual é o maior acionista.

bl (AP, Reuters, AFP, dpa, ots)