Sobe recrutamento na Bundeswehr em meio à guerra na Ucrânia
9 de março de 2023
Cifra de novos soldados nas Forças Armadas alemãs cresce 12% em 2022 em relação ao ano anterior. Pesquisa revela que 61% dos alemães apoiam volta do serviço militar obrigatório.
Anúncio
No ano marcado pela invasão russa em grande escala na Ucrânia, mais soldados entraram no serviço militar – não obrigatório – na Alemanha do que no ano anterior.
O número de recrutas aumentou em torno de 12% em 2022 em relação a 2021, tendo sido registrado o alistamento de 18.775 novos soldados e soldadas, segundo dados divulgados pelo Ministério da Defesa alemão a pedido da agência alemã de notícias DPA.
Esse aumento, porém, ficou abaixo do nível registrado antes da pandemia de covid-19. Em 2019, 20.170 mulheres e homens foram admitidos na Bundeswehr.
A proporção de mulheres (17%) esteve levemente acima da registrada antes da pandemia (15%) e a de menores de idade aumentou de 8,5% em 2019 para 9,4% em 2022.
O número de mulheres e menores que iniciaram seus períodos na Bundeswehr também é superior ao do ano anterior. O Ministério esclarece que os menores de 18 anos não realizam nenhum tipo de serviço que exigiria o manuseio de armamentos.
Além disso, somente são contratados jovens com mais de 17 anos que são rigidamente examinados e que sejam capazes de atingir os critérios da profissão de soldado.
As siglas da coalizão de governo da Alemanha – o Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde e o Partido Liberal Democrata (FDP) – firmaram um acordo que estabelece em nível federal que o treinamento com armas deve ser restrito aos soldados maiores de idade. O ministério disse que a implementação desse projeto ainda está em andamento.
O serviço militar obrigatório na Alemanha foi suspenso em 2011, depois de 55 anos. O novo ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, afirmou pouco depois de assumir o cargo em janeiro deste ano que suspender a obrigatoriedade foi um erro, mas que seria algo que não se pode corrigir de maneira rápida.
Anúncio
Maioria apoia volta do serviço militar obrigatório
De acordo com uma nova sondagem do instituto Ipsos, 61% dos alemães é a favor da volta do serviço militar obrigatório. Enquanto 43% por cento disseram que deveria haver serviço militar obrigatório para todos os sexos, apenas 18% votaram pela reintrodução da obrigatoriedade apenas para homens. E 29% se disseram contra o serviço militar obrigatório.
O chanceler Olaf Scholz rejeitou em fevereiro um debate sobre a possibilidade de retomar a obrigatoriedade do serviço militar aos jovens do país.
No ano passado, a Alemanha abandonou sua tradicional política de não envolvimento em conflitos externos e passou a apoiar diretamente a Ucrânia na defesa contra a invasão russa, inclusive com o envio de armamentos pesados, como tanques de guerra.
rc (DPA)
Os blindados da Bundeswehr
O envio de armamentos pesados da Alemanha à Ucrânia é tema recorrente desde o ínício da invasão russa. A DW lista exemplos de veículos de infantaria e tanques antiaéreos produzidos no país e explica suas características.
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
Tanque de combate Leopard 2
O Leopard 2 é um tanque principal de batalha (MBT, na sigla em inglês), um veículo blindado com forte poder de fogo. É descrito como "altamente móvel, com tração sobre esteiras e uma arma muito potente como armamento principal, em uma torre giratória em 360 graus", com ao menos mais uma metralhadora. Entre os concorrentes, estão o M1 Abrams, dos EUA, o Challenger 2 britânico e o Leclerc francês.
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
Panzerhaubitze 2000
O obuseiro autopropulsado Panzerhaubitze 2000 é a peça de artilharia móvel mais moderna das Forças Armadas Alemãs (Bundeswehr). Com um calibre de 155 mm, pode disparar projéteis a até 54 km de distância. O veículo é montado sobre esteiras e tem uma taxa muito alta de fogo contínuo, com recarregamento automático.
Foto: Sven Eckelkamp/IMAGO
Veículo de combate de infantaria Marder
Estes veículos blindados de combate de infantaria são colocados na linha de frente, protegem contra fogo de armas pequenas e oferecem quase a mesma proteção que um tanque de batalha. Sua principal tarefa é transportar a infantaria para o local de combate e acompanhar e proteger os tanques de guerra. Eles são equipados com canhões leves e muitas vezes com mísseis guiados.
Foto: Philipp Schulze/dpa/picture alliance
Veículo de combate de infantaria Puma
O Puma é mais avançado do que o Marder, com um maior alcance de combate. Tem um canhão totalmente estabilizado com um calibre de 30 milímetros. Não há tripulação na torre do tanque. A arma é controlada de forma remota.
Foto: picture alliance/dpa/H. Hollemann
Transportador blindado Fuchs
Os blindados Fuchs (raposa) e Boxer (raça canina) são projetados para transportar um esquadrão de infantaria, feridos ou munições e são armados apenas levemente. Por isso, eles normalmente só podem fazer frente a armas de infantaria leves e médias.
Foto: Sven Eckelkamp/IMAGO
Veículo blindado de reconhecimento Fennek
Pequeno, rápido, silencioso e com armas leves, o Fennek (raposa-do-deserto) é sucessor do Luchs e o principal veículo de reconhecimento sobre rodas da Bundeswehr. Tem proteção de nível 3 de blindagem e pode ser equipado com uma variedade de metralhadoras. O Fennek não corresponde aos "tanques de reconhecimento" AMX-10 RC que a França quer fornecer à Ucrânia, que têm arma maior.
Foto: picture-alliance/dpa
Blindado especializado Büffel
O veículo de recuperação blindado Büffel (búfalo) permite à Bundeswehr recuperar tanques e outros equipamentos pesados avariados no campo de batalha.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Schulze
Blindado lançador de pontes Biber
O Biber (castor) é um tanque de lançamento de pontes projetado para transitar através de rios e trincheiras.
Foto: Patrik Stollarz/AFP via Getty Images
Blindado especializado antiaéreo Gepard
O Gepard (guepardo) é um tanque antiaéreo de propulsão independente projetado para todas as condições meteorológicas, desenvolvido nos anos 60, lançado nos anos 70 e atualizado várias vezes com eletrônica de última geração. Foi fundamental na defesa aérea da Bundeswehr e de vários outros países da Otan. Em 2010 foi desativado e substituído pelo tanque antiaéreo leve Wiesel 2 Ozelot.