Sobrevivente do Holocausto é o homem mais velho do mundo
11 de março de 2016
Israel Kristal, de 112 anos, nasceu na Polônia e, durante a Segunda Guerra Mundial, foi enviado para Auschwitz, onde perdeu a família. Ele diz desconhecer o segredo da longevidade, mas ressalta que todo excesso faz mal.
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O homem mais velho do mundo é um sobrevivente do Holocausto que tem 112 anos e vive em Haifa, em noroeste de Israel, anunciou nesta sexta-feira (11/03) o Livro Guinness dos Recordes. Israel Kristal nasceu no dia 15 de setembro de 1903, em uma região que atualmente pertence à Polônia.
"Não sei o segredo para se ter uma vida longa. Acredito que tudo está determinado lá em cima e nunca saberemos as razões. Homens mais inteligentes, mais fortes e mais bonitos do que eu já não estão vivos. Tudo que resta a fazer é continuar trabalhando o mais duro que podemos e reconstruir o que foi perdido", disse Kristal.
O confeiteiro é filho de judeus ortodoxos. Em 1920, mudou-se para a cidade polonesa de Lódz para trabalhar na confeitaria da família. "Era um trabalho muito duro, arrastava sacos de açúcar de 25 quilos", contou Kristal ao jornal israelense Haaretz.
O memorial de Auschwitz-Birkenau
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Durante a ocupação da Polônia, na Segunda Guerra Mundial, Kristal foi confinado em um gueto. Depois, foi mandado para diversos campos de concentração, incluindo o campo de extermínio de Auschwitz, onde sua esposa e dois filhos morreram.
Kristal foi o único sobrevivente de sua família do Holocausto. Em 1950, ele se mudou para Israel, com sua segunda esposa e o filho do casal.
Ao ser questionado se tem uma dieta especial para a longevidade, Kristal disse apenas que, "nos campos de [concentração] nem sempre havia algo para comer, o que me davam, eu comia. Coma para viver e não viva para comer".
Ele contou que, no fim da guerra, chegou a pesar apenas 37 quilos. Kristal ressaltou ainda que tudo que é em excesso faz mal.
Kristal se tornou o homem mais velho do mundo após a morte do japonês Yasutaro Koide, em janeiro, que também tinha a idade de 112 anos.
A pessoa mais velha do mundo é a americana Susannah Mushatt Jones, de 116 anos. Ela nasceu em Nova York, no dia 6 de julho de 1899. O recorde de longevidade reconhecido oficialmente pertence à francesa Jeanne Louise Calment, que viveu 122 anos e morreu em 1997.
CN/dpa/lusa/afp
A arte e os horrores de Auschwitz
Exposição em Berlim mostra a obra de artistas que sobreviveram aos campos de concentração nazistas. Além de documentar atrocidades, eles fizeram arte.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Os artistas esquecidos
Enquanto a chamada "arte degenerada" dos artistas perseguidos pelo nazismo desperta atenção, quase ninguém conhece o trabalho dos artistas que estavam em campos de concentração. Pintores como Waldemar Nowakowski (foto) estão quase esquecidos. Por isso a importância do livro e da exposição "A morte não tem a última palavra", a ser aberta no prédio do Bundestag em Berlim, a partir de 27 de janeiro.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Horrores de Theresienstadt em gravura
Por mais de 15 anos, o autor, curador e historiador de arte Jürgen Kaumkötter se dedicou à arte dos perseguidos entre 1933 e 1945. Para isso, não considerou apenas quadros que surgiram nessa época, mas também aqueles que tematizaram os acontecimentos em retrospecto. Leo Haas executou esta gravura sobre Theresienstadt em 1947. Mas há também obras feitas no campo de concentração.
Foto: Bürgerstiftung für verfolgte Künste – Else-Lasker-Schüler- Zentrum – Kunstsammlung Gerhard Schneider
Pinturas no "museu do campo"
É sabido que artistas pintaram em Theresienstadt. Mas também em Auschwitz 1 houve um "museu do campo". Lá havia lápis, papel, pincéis à disposição dos artistas, para que executassem encomendas para a SS. Outros motivos surgiram secretamente. Em contrapartida, praticamente não há obras de arte oriundas de Auschwitz 2. Na foto: "Autorretrado de Marian Ruzamski", de 1943/44.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Imagem de sonhos em Auschwitz
O artista Jan Markiel criou esse retrato, em 1944, sem os materiais que tinha oficialmente à disposição em Auschwitz 1. A filha do padeiro do vilarejo próximo de Jawiszowice ajudou o prisioneiro trazendo pão e intermediando mensagens para a resistência. A têmpera utilizada pelo artista veio de pigmentos raspados da parede. O tecido grosso dos colchões de palha serviu como tela.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Testemunha dos crematórios
Em 1942, aos 13 anos, Yehuda Bacon (na foto, à dir.) veio para Theresienstadt e, em dezembro de 1943, para Auschwitz-Birkenau. Ele foi utilizado como mensageiro – podendo se aquecer nos fornos dos crematórios no inverno. O que testemunhou, ele relatou não somente durante o célebre Julgamento de Auschwitz em Frankfurt, mas também expressou nos desenhos que executou após a guerra.
Foto: Bürgerstiftung für verfolgte Künste – Else- Lasker-Schüler-Zentrum – Kunstsammlung Gerhard Schneider
Símbolo da morte
Yehuda Bacon mostrou esse desenho aos juízes em Frankfurt, como prova dos crimes cometidos em Auschwitz: chaminés retangulares dos crematórios, um chuveiro, pessoas que são apenas esboços. Para o historiador da arte Kaumkötter, esse desenho é um símbolo da morte nas câmaras de gás e da sepultura nos céus. Trata-se não somente de um testemunho, mas também de uma grande obra de arte.
Foto: Yehuda Bacon
A segunda geração
Michel Kichka é um dos cartunistas mais influentes de Israel. Em 2014, ele publicou a novela gráfica "Segunda geração – o que o meu pai nunca me contou", sobre o menino Kichka e o seu pai, sobrevivente de Auschwitz. Os traumas do pai passaram para o filho. Somente quanto ouve o pai contar piadas sobre o campo, Kichka consegue superar seus pesadelos.
Foto: Egmont Graphic Novel
Metáforas do Holocausto
Também os pais da artista israelense Sigalit Landau são sobreviventes do Holocausto, e o professor de desenho dela foi Yehuda Bacon, que trabalha até hoje como artista e professor de arte em Israel. Os trabalhos de Landau são repletos de alusões metafóricas ao Holocausto, como estes sapatos, que logo lembram a montanha de calçados que ainda hoje pode ser vista na exposição permanente de Auschwitz.
Foto: Sigalit Landau
A morte não tem a última palavra
Sigalit Landau coletou cem pares de sapatos em Israel e os afundou no Mar Morto. O mar os envolveu com uma camada de sal curativa – eles se tornaram símbolo da vida, em vez da morte. O desejo da artista era mostrá-los em Berlim, como sinal de que a esperança derrota o desespero. A mostra "A morte não tem a última palavra" está em cartaz até o dia 27 de fevereiro no prédio do Bundestag, em Berlim.