Sobreviventes do Holocausto celebram Chanucá pelo mundo
5 de dezembro de 2018
Em noite especial da tradicional festa das luzes, sobreviventes do genocídio homenageiam os cerca de 6 milhões de judeus mortos pelo regime nazista. Eventos ocorrem em Berlim, Nova York, Jerusalém e Moscou.
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Centenas de sobreviventes do Holocausto se reuniram nesta terça-feira (04/12), em todo o mundo, na terceira noite da Chanucá, a tradicional festa judaica das luzes, para homenagear os cerca de 6 milhões de judeus que foram mortos pelo regime nazista.
Cerimônias ocorreram em Berlim, Nova York, Jerusalém e Moscou. Desde o ano passado é celebrado durante o festival das luzes a Noite Internacional dos Sobreviventes do Holocausto. Estima-se que em todo o mundo ainda estão vivos cerca de 400 mil judeus que sobreviveram ao genocídio.
"Precisamos ter certeza de que mais e mais pessoas se lembrem. Esse evento nos dá esperança. É uma expressão de superação da tragédia, trazendo as pessoas das trevas para a luz", afirmou Shlomo Gewirtz, vice-presidente da Conferência sobre Reinvindicações Materiais Judaicas em Israel, organização que promove a Noite Internacional dos Sobreviventes do Holocausto.
Em Berlim, aproximadamente 300 sobreviventes e seus parentes se reuniram no maior centro judaico da capital alemã, localizado no bairro Charlottenburg. Antes de acender as velas da menorá, eles jantaram juntos. Muitos dos presentes migraram de países da ex-União Soviética para a Alemanha na década de 1990.
Segundo os organizadores, o evento deve ser uma festa feliz, mas também um sinal da vitória sobre o regime misantropo nazista. "Nós estamos aqui e vamos ficar aqui", disse a presidente da comunidade judaica de Munique, Charlotte Knobloch, que quando criança sobreviveu ao Holocausto se escondendo numa fazenda.
Sobrevivente do Holocausto reencontra a família
02:08
Knobloch criticou o crescente antissemitismo e lembrou as vítimas do Holocausto. "Muitos de vocês nunca mais verão as luzes do Chanucá de novo", destacou. Ao lado de Knobloch, Assia Gorban, de 85 anos, acendeu uma vela na menorá. Aos 9 anos, Gorban fugiu com sua mãe de um campo de concentração em Pechora, na Rússia.
Sara Bialas-Tenenberg, de 91 anos, que sobreviveu por quatro anos e meio no campo de concentração Gross-Rosen afirmou que era bom estar entre pessoas que tinham tanto em comum, mas disse que não é fácil participar do evento devido à lembrança de seus pais e irmã que foram mortos. "Eu era apenas uma criança, com 13 anos, que não sabia nada do mundo e nunca estive longe de meus pais. Sinto falta da minha mãe até hoje", ressaltou.
Em Jerusalém, cerca de 250 sobreviventes acenderam velas no Muro das Lamentações e dançaram músicas folclóricas tradicionais judaicas. A presidente do Centro de Organizações dos Sobreviventes do Holocausto em Israel, Colette Avital, disse que o trauma da morte de seus parentes a inspirou para promover a comemoração.
"As pessoas estão envelhecendo e ficando doente. Precisamos celebrá-los enquanto eles ainda podem", ressaltou Avital.
Com a Noite Internacional dos Sobreviventes do Holocausto, a Conferência sobre Reinvindicações Materiais Judaicas pretende mostrar que há muitos sobreviventes que podem promover a cultura da memória ao contar a um público mais amplo sua história.
"Um em cada três europeus sabe pouco ou nada sobre o Holocausto, um em cada 20 nunca ouviu falar do tema. Assim contribuímos para que nossa sociedade permaneça tolerante no futuro", ressaltou o representante da organização na Alemanha, Rüdiger Mahlo.
CN/kna/ap
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Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.