Sobreviventes do voo da Chapecoense visitam local da queda
10 de maio de 2017
Jogadores Alan Ruschel, Neto, Jackson Follmann e o radialista Rafael Henze vão à colina onde "renasceram" e reencontram médicos que salvaram suas vidas. Acidente da LaMia deixou 71 mortos.
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Os sobreviventes brasileiros do acidente aéreo da Chapecoense visitaram, na terça-feira (09/05), o local da tragédia que deixou 71 mortos, concluindo um capítulo doloroso com a ida até a colina do município de La Unión, no noroeste da Colômbia.
Os jogadores Alan Ruschel, Neto, Jackson Follmann e o jornalista Rafael Henzel percorreram, ao lado de seus familiares, a agora batizada "Colina Chapecoense", numa espécie de ritual onde puderam ter uma ideia de quão complicado foi o trabalho de resgate após a queda da aeronave da LaMia, na noite chuvosa de 29 de novembro.
"O que aconteceu foi um milagre. Eu precisava voltar para ver tudo o que aconteceu", disse Follmann, então goleiro reserva da equipe e que teve parte de sua perna direita amputada.
Os quatro sobreviventes tiveram um momento de privacidade na área em que a cauda do avião caiu e realizaram uma oração. O local da queda fica a quase 40 quilômetros de Medellín, onde a Chapecoense jogaria a partida decisiva da Copa Sul-Americana de 2016. O local também marca o "renascimento" dos quatro brasileiros, além de dois tripulantes bolivianos.
"Não sei como as equipes de resgate fizeram para chegar até aqui. Estou impressionado. Mas hoje este ciclo se encerra para mim", disse Henzel. Os sobreviventes usaram seus telefones celulares para registrar a paisagem verde, cruzes de madeira e pequenos altares que foram formados no local em homenagem às pessoas que morreram no acidente aéreo.
Antes da ida ao local da queda e desse momento espiritual e nostálgico, os sobreviventes visitaram os hospitais onde foram atendidos após o resgate e reencontraram os médicos que salvaram suas vidas. "É um momento especial. Com um abraço, falamos tudo", disse Ruschel, em sua passagem pelo hospital San Vicente Fundación, agradecendo especialmente ao diretor-médico, Ferney Rodríguez.
Esse episódio de emoção contrastou com a recepção eufórica da população, com aplausos, cânticos, presentes e fotografias. "Agradeço a todos que rezaram por nós. De coração, estamos felizes por estar aqui", disse Follmann.
Henzel, por sua vez, disse estar "impressionado" com a grande quantidade de colombianos que participaram da homenagem, que não foi ofuscada nem pela chuva nem pelo atraso de quatro horas. "Sou colombiano, nasci em La Unión", afirmou o radialista brasileiro, que está pronto para narrar na noite desta quarta-feira a partida de volta da Recopa Sul-Americana, entre Atlético Nacional e a Chapecoense.
A entrega de objetos pessoais recuperados da aeronave, que transportava há quase seis meses a equipe catarinense que sonhava em vencer a Copa Sul-Americana, foi realizada em um local privado. Chuteiras, relógios, uniformes, documentos e carteiras fazem parte das memórias que os moradores ajudaram a juntar para devolver aos familiares dos falecidos.
"Tenham fé em Deus, acreditem em Jesus Cristo. A vida é muito mais do que o que vemos", foi a mensagem que Neto deixou antes de seguir para Medellín.
No domingo, 159 dias depois da tragédia, a Chapecoense conquistou seu primeiro título. O Verdão do Oeste conquistou seu sexto título catarinense, apesar da derrota por 1 a 0 frente ao Avaí, na Arena Condá.
PV/efe/ots
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.