Social-democratas à beira de dupla derrota
1 de fevereiro de 2003As pesquisas sobre preferência de voto apontam vantagem da CDU sobre o Partido Social Democrático (SPD) nas eleições dos dois Estados. Mais de dez milhões de eleitores estão convocados a eleger os dois Parlamentos estaduais (Assembléia Legislativa) e decidir quem vai governar nas capitais da Baixa Saxônia, Hanôver, e do Hessen, Wiesbaden.
Uma confirmação dos prognósticos de institutos de pesquisa, representaria um golpe duro para o SPD e o seu presidente e chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder. O chefe do governo federal é da Baixa Saxônia, de onde já foi governador. O mais grave é que uma derrota eleitoral no Estado reduziria ainda mais a minoria da coalizão vermelho-verde na câmara alta do Legislativo (Bundesrat) em Berlim e aumentaria as dificuldades para aprovar reformas importantes, como a fiscal e dos sistemas de saúde e de aposentadoria, assim como o seu projeto para reduzir o desemprego.
O conflito do Iraque dominou a campanha eleitoral, apesar da baixa conjuntura, déficit orçamentário acima do limite estabelecido para garantir a estabilização do euro e do índice de desemprego superior a 10% (mais de 4 milhões de desempregados). Os social-democratas esperam repetir a vitória da eleição nacional de 2002 com o categórico não de Schröder e do seu gabinete a uma guerra dos Estados Unidos para desarmar o Iraque e destituir o seu presidente Saddam Hussein.
Parque industrial e centro de feiras
A Baixa Saxônia, com quase seis milhões de eleitores, é um dos parques industriais mais importantes da Alemanha. Lá está a maior montadora de veículos da Europa, a Volkswagen, com uma produção global de 50 milhões de automóveis. A agropecuária perdeu importância. Mas, em compensação, o Estado marca presença nos tempos modernos. A Feira de Hânover e a feira de computadores CeBIT fazem de sua capital um mercado internacional muito importante. Hanôver destacou-se também como sede da exposição mundial EXPO 2000.
O governador da Baixa Saxônia desde 1999 e candidato a reeleição, Sigmar Gabriel, de 43 anos, é uma das grandes esperanças dos social-democratas como possível herdeiro de Schröder na presidência do SPD e na chefia do governo federal. Mas é duvidoso se Gabriel permanecerá no cargo depois do pleito deste domingo. As pesquisas sobre preferência de voto apontam vantagem para o concorrente da CDU, Christian Wullf, da mesma idade. Os eleitores estão insatisfeitos com o crescente desemprego e os péssimos dados da economia nacional.
Gabriel vê-se, portanto, como vítima da baixa conjuntura e não perde uma oportunidade para apoiar o discurso pacifista da coalizão vermelho-verde em Berlim, na questão do Iraque. Sua esperança é que a CDU não consiga maioria suficiente para governar o Estado sozinha e precise de uma coalizão com o Partido Liberal (FDP). Como os liberais estão ameaçados de não ultrapassar a barreira dos 5% de votos, o SPD ainda alimenta a esperança de fazer uma coalizão com o Partido Verde na Baixa Saxônia.
Representante do conservadorismo
O Hessen, com 4,4 milhões de eleitores, tem uma economia especialmente forte e uma porta internacional chamada Aeroporto de Frankfurt. Esta pulsante metrópole à margem do Meno é o centro financeiro da Alemanha e abriga também o Banco Central Europeu. Uma gigante da indústria automobilística, a Opel (subsidiária alemã da General Motors), mantém a sua fábrica naquele Estado. A cidade do poeta Goethe, Franfurt, também se orgulha de abrigar a Feira do Livro.
O Hessen é governado há quatro anos por uma coalizão da CDU e FDP, sob a chefia de uma das maiores expressões do conservadorismo democrata-cristão, Roland Koch. As pesquisas sobre preferência de voto apontam chances para ele permanecer governador. Na última eleição em 1999, Koch venceu o então governador e atual ministro das Finanças, Hans Eichel (SPD).
O tema predileto de Koch na campanha eleitoral de agora foi a lei dos estrangeiros, de iniciativa da coalizão de Schröder. A CDU impediu que a lei entrasse em vigor em 2003, com um recurso ao Tribunal Constitucional Federal, por causa da sua aprovação polêmica no Bundesrat.
O adversário de Koch, Gerhard Bökel (SPD), tem a desvantagem de ser desconhecido, além de sofrer com a péssima disposição do eleitorado com a coalizão vermelho-verde no cenário nacional. Por isso, Bökel apela para a retidão política de seus concidadãos, lembrando com freqüência o escorregão politicamente incorreto de Koch ao comparar uma proposta de imposto adicional sobre fortuna para os ricos com a perseguição dos judeus pelos nazistas.