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Social-democratas festejam ventos da esquerda

Bernd Grässler21 de outubro de 2002

Eufóricos por terem desviado de sua rota o vento da direita, os social-democratas da Alemanha aprovaram em tempo recorde o novo programa do seu governo de coalizão com os verdes, em convenção nacional.

Gerhard Schröder (à direita): Alemanha não é mais um país democrata-cristãoFoto: AP

O novo programa de governo da coalizão vermelho-verde, alvejado de críticas por quase todos os setores da sociedade na Alemanha, foi aprovado pelos delgados à convenção do Partido Social Democrático (SPD), sem discussão, em apenas três minutos. Os delegados se entusiasmaram mais com a constatação do presidente partido e chanceler federal, Gerhard Schröder, de que a Alemanha não seria mais, definitivamente, um país democrata-cristão. A União Democrata-Cristã CDU) governou a Alemanha até 1998, em coalizão com a União Social-Cristã (CSU) e o Partido Liberal, sob a chefia de Helmut Kohl.

Revelou-se um fiasco a intenção anunciada pelo novo secretário-geral do SPD, Olaf Scholz, de levar o partido a discussões políticas empolgantes. Na convenção em Berlim, neste domingo (20), não houve discussão nem aconteceu algo novo. A única exceção foi a evidência de que os social-democratas vêem agora definitivamente eliminada a concorrência política do Partido do Socialismo Democrático (PDS) em eleições.

Chance histórica

A oferta aos neocomunistas para aderir ao SPD, feita por delegados, foi avaliada por Schröder como uma chance histórica de acabar com a divisão da classe trabalhadora alemã. O PDS, sucessor do extinto Partido Comunista único da antiga República Democrática Alemã não superou o obstáculo de 5% dos votos na eleição parlamentar de 22 de setembro e ficou sem bancada no novo Parlamento. Sua representação no Bundestag está limitada a duas deputadas que foram eleitas pelo voto direto. Os eleitores alemães têm direito a dois votos, sendo um no partido e outro no candidato de sua preferência.

Os 500 delegados social-democratas foram convocados para aprovar o novo acordo de coalizão com os verdes e o fizeram em tempo recorde, demonstrando grande coesão. Críticos internos existem e muitos até o chamam o programa de governo de "remendão", sobretudo por causa da política polêmica de contenção de despesas. Mas os delegados preferiram não fornecer mais motivos de críticas aos adversários políticos e parte da imprensa.

Ventos da direita

A cautela deve-se, de um lado, à quase permanente campanha eleitoral, pois dentro de quatro meses haverá eleições para as assembléias e governos dos estados do Hessen e da Baixa Saxônia. De outro lado, os social-democratas foram dominados pelo entusiasmo de sua segunda vitória eleitoral consecutiva. A primeira foi em 1998. Na segunda vez, no mês passado, eles pararam o vento da direita, que vinha soprando na Europa e tirando a esquerda dos poder nas eleições dos últimos anos.

"A esquerda conquistou o centro da sociedade e não o largará mais", prometeu o chefe de partido e de governo, Schröder, sob aplausos dos delegados em Berlim. Em princípio, é difícil imaginar como isso poderá acontecer, considerando que o seu programa de governo está sob fogo cruzado de críticas não só dos conservadores, mas de praticamente todos os setores da sociedade.

A coalizão de governo reeleita tem desafios enormes pela frente, como o desemprego que atinge 9,5% da população apta para o trabalho, um déficit orçamentário gigantesco e, por via de conseqüência, o perigo de a Alemanha ser punida pela União Européia com uma multa de bilhões de euros, caso ultrapasse os limites do pacto destinado de estabilidade do euro. Esta probabilidade já admitida até pelo ministro das Finanças, Hans Eichel.

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