Social-democratas iniciam sondagens com verdes e liberais
7 de outubro de 2021
Partido de centro-esquerda expressou confiança em negociações para formação de uma coalizão de governo sucedendo Angela Merkel, após eleição inconclusiva.
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O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) iniciou suas primeiras conversas com os verdes e liberais nesta quinta-feira (07/10), manifestando confiança de que as três legendas poderão eventualmente formar um governo de coalizão após uma eleição nacional inconclusiva.
Na quarta-feira, o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) concordaram em participar de conversas com o SPD, de centro-esquerda, que na votação de 26 de setembro derrotou por pouco os conservadores atualmente no governo, mas sem obter uma maioria clara.
Ao contrário de outros países em que um chefe de Estado convida partidos a negociar a formação de um governo, na Alemanha cabe às próprias siglas buscarem parceiros para governar.
O colíder do SPD Norbert Walter-Borjans disse que as três vão tentar sanar suas diferenças, "uma por uma", visando formar uma chamada coalizão "semáforo", em referência às cores das legendas.
"Não queremos falar uns dos outros. Queremos falar uns com os outros", disse Walter-Borjans ao chegar para as negociações. "Tenho a intuição de que temos convicções comuns, que queremos levar o país adiante."
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Corrida pelas alianças
No pleito de setembro, o Partido Social-Democrata conseguiu 25,7% dos votos, enquanto a União Democrata Cristã, da atual chanceler federal Angela Merkel, obteve 24,1%.
Como nenhum dos dois partidos assegurou mais da metade das cadeiras no Parlamento alemão, abriu-se uma fase de negociação para a formação de coalizões governamentais, com o SPD e a CDU disputando entre si quem seria capaz de fechar alianças com os partidos Verde e Liberal-Democrático, que terminaram em terceiro e quarto lugar, respectivamente,
Quem conseguir fechar um acordo com esses dois partidos ao mesmo tempo poderá liderar o próximo governo alemão após a partida de Angela Merkel.
Embora o SPD, que teve como candidato Olaf Scholz, atual ministro das Finanças e vice-chanceler federal, esteja numa posição mais confortável para negociar a formação de uma coalizão, a CDU ainda tem alguma chance de ser bem-sucedida.
No entanto, os maus resultados no pleito provocaram tensões internas na CDU, e várias figuras influentes pediram para que o candidato da sigla, Armin Laschet, que internamente nunca foi uma unanimidade, abandonasse a liderança partidária. Os cerca de 24% obtidos pela CDU foram o pior resultado de sua história num pleito federal.
Laschet fora? Alarme falso
Nesta quinta-feira, parte da imprensa alemã chegou a cravar que Laschet pretendia renunciar à liderança da CDU, algo que poderia ter efeito de diminuir ainda mais as chances de o político vir a suceder Merkel, que deixará a chefia de governo após 16 anos.
A CDU chegou a anunciar que Laschet faria um pronunciamento no começo da noite, o que alimentou ainda mais as especulações. No entanto, ele se agarra por enquanto ao posto de líder da CDU e expressou desejo de que seu partido lidere uma coalizão de governo com verdes e liberais, uma costura "Jamaica", em referência à bandeira do país caribenho, cujas cores são as mesmas das três siglas combinadas.
Laschet acabou usando o pronunciamento para se defender, declarando que uma possível coalizão governamental com liberais e verdes não fracassará por sua causa: "Não se trata da pessoa de Armin Laschet, se trata do país. Aposto na 'Jamaica', é a aliança da modernização", insistiu.
jps/av (AFP, DPA, Reuters)
Todos os presidentes alemães
O presidente da Alemanha tem apenas funções representativas. Após falar com representantes dos partidos, ele sugere ao Bundestag um nome para a chefia do governo. Ele também ratifica decisões do Parlamento e dá indultos.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Frank-Walter Steinmeier
Frank-Walter Steinmeier foi eleito presidente da Alemanha em 12 de fevereiro de 2017 com 931 dos 1.239 votos. Ele nasceu em 05/01/1956 em Detmold e entrou para o SPD em 1975. Ele queria ser arquiteto, mas acabou estudando Direito e Ciências Políticas. Considerado eficiente, discreto e confiável, foi o braço direito do ex-chanceler federal Gerhard Schröder e ministro do Exterior de Angela Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Joachim Gauck (de 2012-2017)
O candidato sem filiação partidária recebeu 991 dos 1228 votos logo na primeira votação, em 18 de março de 2012. Tomou posse em 23 de março de 2012. Natural de Rostock, no leste alemão, é conhecido por dizer o que pensa.Gauck estudou Teologia, foi pastor luterano e antes da queda do Muro foi o porta-voz da Aliança 90, união de movimentos sociais que exigia democracia na então Alemanha Oriental.
Foto: picture-alliance/dpa
Christian Wulff (2010-2012)
O democrata-cristão ex-governador da Baixa Saxônia foi eleito presidente apenas na terceira votação da Assembleia Federal em 30 de junho de 2010, o que foi interpretado como derrota ao governo de Angela Merkel. Pressionado por acusações de ter se favorecido no cargo, ele renunciou em 17 de fevereiro de 2012.
Foto: picture-alliance/dpa
Horst Köhler (2004-2010)
Horst Köhler, ex-diretor-geral do FMI, foi candidato dos partidos cristão-democrata e social-cristão, e dos liberais. Eleito a 23 de maio de 2004 e tomou posse em 1º de julho. Foi reeleito em 23 de maio de 2009, mas renunciou em 31 de maio de 2010 em consequência das críticas aos seus comentários sobre as ações militares e os interesses comerciais da Alemanha no Afeganistão.
Foto: AP
Johannes Rau (1999-2004)
Johannes Rau assumiu o cargo no dia 1º de julho de 1999. Ele fora eleito a 23 de maio daquele ano, com 51,8% dos votos do colegial eleitoral. Político de grande destaque no Partido Social Democrata (SPD), Johannes Rau foi governador de um dos mais importantes estados da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália.
Foto: AP
Roman Herzog (1994-1999)
Roman Herzog ocupou o cargo durante um mandato, depois de ser eleito com 52,7% dos votos do colégio eleitoral. Anteriormente, Herzog ocupara um dos cargos mais importantes do país: foi presidente do Tribunal Constitucional Federal, a Corte Suprema da Alemanha.
Foto: AP
Richard von Weizsäcker (1984-1994)
O sexto presidente da República Federal da Alemanha teve dois mandatos. Já na sua primeira eleição, ele obteve 80,9% dos votos. Sua reeleição em 1989, com 86,2% dos votos, foi quase uma consagração: somente Theodor Heuss, o primeiro presidente alemão, obteve maior votação em 1954. Richard von Weizsäcker, político destacado da União Democrata Cristã (CDU), foi prefeito de Berlim Ocidental.
Foto: picture-alliance/dpa
Karl Carstens (1979-1984)
Ex-presidente do Parlamento federal, Karl Carstens foi candidato do seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), sendo eleito com 51,2% dos votos a 23 de maio de 1979. Ele foi o primeiro dos chefes de Estado da República Federal da Alemanha a ser eleito no dia 23 de maio – o Dia da Constituição. Desde então, tornou-se uma tradição que os presidentes alemães sejam eleitos nessa data.
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Walter Scheel (1974-1979)
Walter Scheel destacou-se como ministro do Exterior, antes de ser eleito presidente, com 51,3% dos votos, a 15 de maio de 1974. O político do Partido Liberal Democrata (FDP) desempenhara papel importante nas negociações para a formação da coalizão de governo entre seu partido e o Partido Social Democrata (SPD).
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Gustav W. Heinemann (1969-1974)
Conservador e religioso, Gustav W. Heinemann abandonou a União Democrata Cristã (CDU) por discordar da sua política de rearmamento da Alemanha, transferindo-se para o Partido Social Democrata (SPD). Em 5 de março de 1969, Heinemann foi eleito presidente alemão com 50% dos votos. A mais baixa votação já recebida por um chefe de Estado alemão do pós-guerra.
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Heinrich Lübke (1959-1969)
Para o seu primeiro mandato, o político conservador da União Democrata Cristã (CDU) foi eleito a 1º de julho de 1959, com 50,9% dos votos. Sua reeleição se deu a 1º de julho de 1964. Ele recebeu então 69,3% dos votos do colégio eleitoral.
Foto: AP
Theodor Heuss (1949-1959)
O primeiro presidente da República Federal da Alemanha teve dois mandatos seguidos, de 1949 até 1959. Sua primeira eleição foi em 12 de setembro de 1949, com 52% dos votos. A reeleição foi em 17 de julho de 1954 e Heuss obteve 88,2% dos votos! Theodor Heuss é o mentor do liberalismo alemão no pós-guerra. Ele ajudou a fundar o Partido Liberal Democrático (FDP).<br> Edição: Roselaine Wandscheer