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Social-democratas querem ex-chanceler alemão fora do partido

25 de abril de 2022

Em entrevista, ex-chefe de governo Gerhard Schröder minimizou culpa de Putin por massacres na Ucrânia e disse que não cogita renunciar a cargos em estatais de energia russas. Liderança do SPD defendeu seu afastamento.

Schröder gratuliert Putin zum 53. Geburtstag
Schröder e Putin em 2005Foto: EPA/ITAR-TASS/dpa/picture alliance

A copresidente do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) Saskia Esken sugeriu que o ex-chanceler federal Gerhard Schröder deve renunciar à filiação à legenda que ele liderou por vários anos, já que insiste em defender o presidente russo, Vladimir Putin, mesmo em face da guerra de agressão contra a Ucrânia.

Tendo governado a Alemanha de 1998 a 2005, o político veterano alemão preside o conselho de supervisão da estatal russa de energia Rosneft e o comitê dos acionistas da companhia do gasoduto Nord Stream, além de continuar cadastrado como presidente administrativo da sociedade anônima Nord Stream 2. Até hoje ele, não fez qualquer crítica pública a Putin no contexto da invasão da Ucrânia.

Para piorar, em entrevista recente ao jornal New York Times, o social-democrata de 78 anos praticamente defendeu o chefe do Kremlin das acusações de crimes de guerra, ao especular que a ordem para os massacres no país invadido não teria partido dele, mas sim de oficiais de escalão mais baixo.

Processo de expulsão já tramita

À emissora Deutschlandfunk, Esken comentou nesta segunda-feira (25/04) que Schröder abandonar seus postos nas multinacionais russas "teria sido necessário para salvaguardar sua reputação como antigo e antes bem-sucedido chanceler federal", contudo "infelizmente ele não seguiu esse conselho".

"Gerhard Schröder age há muitos anos apenas como homem de negócios, e devíamos parar de percebê-lo como elder statesman, como ex-chanceler. Ele ganha seu dinheiro com o trabalho para empresas estatais russas, e sua defesa de Vladimir Putin perante as acusações de crimes de guerra é simplesmente absurda." Indagada se ele deveria sair do partido, Esken confirmou: "Deve, sim."

Thomas Kutschaty, líder do SPD no estado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso da Alemanha, aderiu às exigências da cúpula partidária: "A atitude de Gerhard Schröder deixou de ser compatível com os princípios do partido ele tem que se decidir entre ser um militante do SPD ou um defensor de Putin."

Em Hanover corre um processo de expulsão contra o ex-chanceler federal, e se ele "não for voluntariamente, será tarefa dos organismos competentes tomarem a decisão correta", acrescentou Kutschaty.

"Putin está interessado em terminar a guerra"

Schröder é alvo de críticas severas na Alemanha por não romper seus laços comerciais, mesmo em face da invasão da Ucrânia por tropas russas. Há muito a liderança social-democrata se distanciou dele: no fim de fevereiro, Esken e seu colíder Lars Klingbeil exigiram em carta que entregasse os cargos na Rosneft e na Nord Stream, pedindo uma resposta "em tempo hábil" – o que até hoje não aconteceu.

Durante sua gestão como chefe de governo, Schröder fomentou conexões entre a indústria alemã e operadoras de energia russas, numa política basicamente continuada por sua sucessora, Merkel. Agora, a dependência da Alemanha em relação ao petróleo e, sobretudo, gás natural russos limita consideravelmente a disposição da maior economia europeia de reagir com sanções econômicas à "operação militar especial" de Putin.

Ainda assim, na entrevista publicado no sábado pelo New York Times, o social-democrata alemão mostrou-se teimosamente incontrito: "Eu não faço mea culpa", replicou, "não é o meu jeito." Ele só contemplaria renunciar a seus cargos se a Rússia decidisse cortar o fornecimento de gás à Alemanha, algo que, alega, "não vai acontecer".

Schröder pleiteou que se mantenham as relações com a Rússia, apesar da guerra em curso, mas declinou de dar detalhes sobre sua conversa recente com o mandatário: "O que eu posso lhe dizer é que Putin está interessado em terminar a guerra. Mas não é tão fácil assim. Há alguns pontos que necessitam esclarecimento."

Falando ao jornal americano a partir de seu escritório em Hanover, ele disse que o massacre em Bucha "precisa ser investigado". No entanto, não acredita que as ordens tenham partido do chefe de Estado da Rússia, mas sim de escalões inferiores.

av (DPA,EFE,ots)

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