SPD, verdes e liberais querem iniciar negociações formais
15 de outubro de 2021
Representantes dos partidos encerram sondagens e aconselham início de negociações formais para formar coalizão de governo. Se se concretizar, será a primeira aliança tripartidária a governar a Alemanha desde os anos 50.
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O Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) da Alemanha estão dispostos a iniciar negociações formais para a formação de um governo, anunciaram em Berlim, nesta sexta-feira (15/10), as cúpulas dos partidos.
Quase três semanas depois da eleição geral, e findas as sondagens preliminares, os negociadores dos três partidos se mostraram otimistas quanto ao sucesso de negociações para uma coalizão de governo e aconselharam seus partidos a darem formalmente início a esse processo. Eles também apresentaram um documento de 12 páginas com os resultados preliminares.
A decisão deverá ser submetida, ao longo do fim de semana, à apreciação de instâncias internas dos partidos.
"É um resultado muito bom", afirmou o candidato a chanceler federal do SPD, Olaf Scholz, sobre a conclusão das sondagens preliminares. Ele destacou, como pontos centrais, a modernização da Alemanha e a luta contra as mudanças climáticas.
Scholz estava acompanhado dos líderes do Partido Verde, Annalena Baerbock e Robert Habeck, e do FDP, Christian Lindner.
O SPD foi o partido mais votado na eleição de 26 de setembro, com 25,7% dos votos. Caso as negociações sejam bem-sucedidas, Scholz deverá ser eleito pelo Bundestag (Parlamento) como sucessor de Angela Merkel no cargo de chanceler federal, comandando o novo governo.
O Partido Verde obteve o melhor resultado da sua história, com 14,8%, e os liberais alcançaram 11,5%. Tradicionalmente uma coalizão de governo necessita alcançar a maioria absoluta no Parlamento (o que também garante a eleição do candidato indicado a chanceler), já que os partidos alemães costumam ser avessos a governos de minoria.
Apesar das diferenças
Se se concretizar, esta será a primeira aliança tripartidária a governar o país desde anos 1950.
"Um novo começo é possível com os três partidos se unindo", disse Scholz, segundo o qual as sondagens entre os partidos se deram "numa atmosfera muito boa e construtiva".
Lindner, do FDP, disse que a coalizão tripartite é uma oportunidade. "Se partidos tão diferentes conseguirem chegar a acordos sobre desafios e soluções comuns, essa seria uma oportunidade de unir nosso país, uma chance de que uma possível coalizão seja maior do que a soma de suas partes", disse. "Estamos convencidos de que há muito tempo não há uma oportunidade como esta para modernizar a sociedade, a economia e o governo."
A percepção dominante na política alemã é de que o FDP e o Partido Verde têm um eleitorado semelhante (jovem, urbano, de elevado nível educacional) e pontos em comum na política social, mas estão muito distantes entre si na política econômica.
Baerbock, que foi a candidata a chanceler federal pelo Partido Verde, afirmou que, apesar das diferenças entre os partidos, foi possível "encontrar pontes" durante as intensivas sondagens preliminares. Ela afirmou que o objetivo é "garantir uma verdadeira renovação por meio de uma coalizão progressista".
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"Coalizão semáforo"
Esta seria a primeira vez que uma "coalizão semáforo" - assim chamada devido às cores dos partidos social-democrata (vermelho), liberal (amarelo) e verde - governaria em nível federal na Alemanha e colocaria fim aos 16 anos de governo conservador sob Merkel.
Chefiado pela chanceler federal, o governo atual é composto pela união entre o partido dela, a União Democrata Cristã (CDU), e seu partido irmão União Social Cristã (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD). A aliança entre as duas maiores bancadas é chamada de "grande coalizão".
Se de fatos iniciadas, as negociações formais de coalizão entre social-democratas, verdes e liberais podem durar meses, prolongando a permanência de Merkel na chefia de governo.
as/lf (DPA, Efe)
Os 16 anos da era Merkel em imagens
A longeva chefia de governo de Angela Merkel deixou o cargo em 2021. Reveja alguns momentos que marcaram os quatro mandatos da chanceler federal.
Foto: Georg Wendt/dpa/picture alliance
O primeiro juramento
Em 22 de novembro de 2005, Angela Merkel prestou juramento perante o então presidente do Bundestag, Nortbert Lammert, como a primeira mulher e a primeira representante do leste alemão a se tornar chanceler federal. Àquela altura, ninguém podia prever que ela permaneceria na chefia de governo por 16 anos.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Bergmann
O cachorro de Putin
Esta imagem ficará na memória: Merkel se mostrou inabalável durante uma visita ao presidente russo, Vladimir Putin, em 2007 - até mesmo quando o cachorro dele apareceu. Houve quem interpretasse a presença do animal como uma provocação: é fato conhecido que Merkel tem medo de cães desde que foi mordida certa vez.
Foto: Imago/ITAR-TASS
Selfie com a chanceler federal
A selfie de Merkel com o jovem refugiado Anas Modamani, da Síria, rodou o mundo. Quando a chanceler federal visitou o abrigo em que Modamani se encontrava, em Berlim, ele inicialmente não sabia quem ela era. A foto acabou se tornando um símbolo da famosa frase de Merkel "Nós vamos conseguir", proferida no contexto da crise migratória de 2015.
Foto: Getty Images/S. Gallup
Registro diplomático
O governo Merkel é marcado sobretudo por uma série de difíceis encontros políticos - como este da foto, durante a cúpula do G7 de 2018, no Canadá. A imagem ocupou manchetes em todo o mundo. Será que Merkel estava explicando ao então presidente dos EUA, Donald Trump, como as coisas devem ser feitas?
Foto: Reuters/Bundesregierung/J. Denzel
Experiência com personalidades difíceis
Durante uma visita aos EUA em 2017, Merkel ficou visivelmente irritada com o recém-empossado presidente Trump. O encontro gerou especulações: será que o líder americano realmente se recusou a apertar a mão da chanceler federal alemã diante das câmeras? Posteriormente, apesar de todo o o burburinho, Merkel falou numa "troca boa e aberta" com o republicano.
Foto: Reuters/J. Ernst
Uma questão de estilo
Não apenas a política de Merkel, mas também suas roupas foram objeto de discussão: durante uma visita à ópera em Oslo, ela usou um vestido decotado - e assim provocou discussões que chegaram até o nível da coletiva de imprensa do governo federal. Mas, no geral, Merkel optou principalmente por vestir blazers e calças.
Foto: picture-alliance/ dpa
Caminhadas nas horas vagas
Pouco se sabe sobre a vida privada de Merkel - exceto, por exemplo, sobre seu gosto por caminhadas, muitas vezes ao lado do marido, Joachim Sauer, na ilha italiana de Ischia. Uma vez ela revelou que as caminhadas a permitiam se desconectar do trabalho.
Foto: picture-alliance/ANSA/R. Olimpio
Viva o futebol!
Normalmente transmitindo uma imagem bastante tranquila, Merkel mostrou diversas vezes um lado diferente quando se tratava de futebol, como neste momento registrado durante a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, em que ela comemora um gol da seleção nacional. Uma confidente próxima revelou há alguns anos que particularmente o Bayern de Munique agradava à chanceler federal.
Foto: imago/ActionPictures
Um gesto simbólico
O típico gesto de Merkel - um losango feito com as mãos diante da barriga - tornou-se marca registrada da líder alemã. O losango não foi apenas usado na campanha eleitoral de 2013, mas também transformado em emoji. Quem sentir falta do gesto talvez possa matar as saudades com Olaf Scholz: na campanha eleitoral de 2021, o candidato social-democrata a chanceler federal também adotou o losango.
Foto: REUTERS
Olha o passarinho
Merkel como nunca se viu: às vésperas das eleições federais de 26 de setembro de 2021, quando eleitores foram às urnas para selar o fim da era Merkel, a chanceler federal visitou o Parque de Aves Marlow, no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Fotos divertidas da chefe de governo na companhia de passarinhos logo viralizaram, transmitindo uma imagem descontraída da líder alemã.
Foto: Georg Wendt/dpa/picture alliance
Lembrança inusitada
Com blazer vermelho, colar e o típico gesto de losango, este ursinho de pelúcia fabricado pela empresa familiar Hermann homenageia Merkel. Os 500 exemplares do bichinho logo se esgotaram, mas um deles ainda deverá ser presenteado a chanceler federal que em breve deixará o cargo.