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Software ajuda a diagnosticar a cegueira por diabetes

Maryan D'Ávila Bartels26 de agosto de 2013

Novo programa ajuda médicos a diagnosticar lesão na retina causada por complicações decorrentes da doença. Cerca de 366 milhões de pessoas no mundo têm diabetes, 12 milhões só no Brasil.

Foto: picture-alliance/dpa

Pesquisadores do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) criaram um programa de computador que descobre se um paciente tem tendência a desenvolver uma retinopatia diabética – lesão na retina causada por complicações decorrentes da diabetes. Segundo o Ministério da Saúde, a doença é hoje a principal causa de cegueira irreversível no Brasil.

A nova tecnologia chega ao diagnóstico por meio de uma foto do fundo de olho de alta precisão. Ela une a análise simultânea de seis diferentes indícios de retinopatia diabética e transforma os pixels em informações, que serão interpretadas de acordo com os diferentes tipos de lesões. De acordo com os criadores do programa, essa é a primeira pesquisa feita no Brasil a englobar tantas funções ao mesmo tempo.

O software promete 90% de precisão. De cada 100 pacientes que tiveram uma imagem de fundo de olho analisada e receberam a recomendação para procurar um especialista, 90 precisavam realmente de atendimento especializado.

O novo sistema deve reduzir o custo dos atuais retinógrafos, usados para analisar a retina e o nervo óptico. A técnica vai facilitar o aumento do número de postos de triagem e deve melhorar o acompanhamento dos pacientes que sofrem com a doença.

"No futuro, teremos um retinógrafo equipado com técnicas de aprendizado de máquina, de inteligência artificial, capaz de, automaticamente, analisar a qualidade de uma imagem. O mais importante é que o médico ainda dará o diagnóstico", Anderson Rocha, coordenador do projeto.

Problema de diagnóstico

Os cientistas já trabalham no projeto desde 2009. Em segundos, o software faz imagens digitais da retina, analisa a qualidade, verifica a existência de lesões e, a partir disso, indica se a pessoa precisa de uma consulta com especialista, além de detectar a gravidade do problema.

50% do total de diabéticos no mundo ainda não foram diagnosticadosFoto: Fotolia/Dmitry Lobanov

Para Fadlo Fraige Filho, diretor da Federação Nacional de Associações e Entidades de Diabetes (Fenad), a preocupação dos profissionais em descobrir novos caminhos de diagnosticar a doença mais cedo é indispensável para a redução dos casos de cegueira.

"A doença é considerada a mais devastadora depois do câncer, pois vem acompanhada de outras enfermidades graves. Quase 50% do total de diabéticos no mundo ainda não foram diagnosticados. Por isso, a necessidade de novas tecnologias. Para que as alterações na retina em função do diabetes sejam descobertas antes de a pessoa perder totalmente a visão", enfatiza o médico. Só no Brasil, cerca de 7,5 milhões desconhecem que estão doentes.

Futuro reserva surpresas

Estima-se que 366 milhões de pessoas no o mundo tenham diabetes – 12 milhões delas estão no Brasil. Esse número deve chegar a 552 milhões até 2030.

Para Fraige Filho, apesar de a tecnologia auxiliar no diagnóstico, a demora no tratamento ainda é um problema. Ele afirma que, mesmo com a ajuda do software, os casos de diabetes e cegueira devido à doença aumentem de 70% a 80% em 20 anos.

O médico alerta para a necessidade de conscientização das autoridades de saúde e da população de luta com a doença, além do treinamento dos profissionais que trabalham com estes casos. Ações com estas podem ajudar a reverter o quadro de expectativas para 2030.

Diabetes é uma doença do metabolismo da glicose causada pela falta ou má absorção de insulina. Esse hormônio é produzido pelo pâncreas e quebra as moléculas de glicose. As principais causas para o aparecimento da diabetes são alimentação inadequada e envelhecimento da população.