Soldados alemães permanecem no Afeganistão
30 de setembro de 2004Em atentado contra a base alemã em Cunduz, na quarta-feira à noite, cinco soldados, entre os quais dois suíços, ficaram feridos. Os talibãs não apenas assumiram a responsabilidade pelo ataque, como ameaçaram com outros: "Todos os ocupantes do Afeganistão terão o mesmo destino que os norte-americanos", declarou Abdul Latif Hakimi, porta-voz da organização radical islâmica.
O incidente ecoou na sessão do Bundestag desta quinta-feira (30/09), em que estava em debate a prorrogação do mandato da Bundeswehr no Afeganistão. "Não existe cem por cento de segurança contra atentados como o de ontem", afirmou o ministro da Defesa, Peter Struck. "Os nossos soldados sabem disso. Eles têm consciência do perigo, levam sua missão muito a sério e estão convencidos da sua missão."
Liberais votaram contra –
A maioria dos parlamentares está igualmente convencida de que não há alternativa à presença de tropas ocidentais no Afeganistão e que ela será necessária ainda por muitos anos, para não pôr em risco a estabilização do país. A Alemanha tem 2175 soldados estacionados no Afeganistão e num posto de abastecimento em Termes, no Uzbequistão. Em Cunduz, atuam 270 soldados e, em Faizabad outros 110, integrando equipes de reconstrução provincial.A reestruturação do Afeganistão entra numa fase decisiva, com as eleições presidenciais de 9 de outubro, afirmou o ministro do Exterior, Joschka Fischer. Em sua opinião começa agora a fase mais perigosa, "porque os terroristas vão querer impedir a legitimação democrática".
Dos 560 deputados presentes, 509 votaram a favor do prolongamento, 48 contra e três abstiveram-se. Os opositores encontram-se na ala do Partido Liberal e do Partido do Socialismo Democrático, oposicionistas. Já a oposição conservadora, constituída pela União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) aprovou o prolongamento, apesar da preocupação de que os soldados alemães estejam atuando justamente nas regiões de cultivo da papoula, no norte do país.
"As drogas provenientes do Afeganistão inundam o mercado na Europa. Políticos e senhores de guerra, que se estabilizam indiretamente por meio da Isaf e do nosso engajamento, também acabam lucrando. Isto não pode continuar assim!"
Schröder repensa visita –
Diante da atual instabilidade da situação, a chanceleria federal declarou que se reserva o direito de cancelar uma visita do chanceler federal Gerhard Schröder a Cabul agendada para 11 de outubro. O chefe de governo alemão pretendia encontrar-se com o presidente Hamid Karzai, durante uma viagem de seis dias ao Vietnã, Índia, Paquistão e Afeganistão.Karzai, por sua vez, estará em Berlim no próximo fim de semana, para receber no domingo, Dia da Unidade Alemã, um prêmio concedido pela Confederação da Indústria Alemã (BDI).