Suecos acusam
28 de março de 2008Em 2003, a União Européia havia enviado 1.500 soldados ao Congo para proteger a população civil. A missão, que foi comandada pelas Nações Unidas, previu o combate aos bandos armados no nordeste daquele país africano. Agora, a missão é alvo de críticas por causa das acusações, confirmadas pela Suécia, de que soldados franceses teriam maltratado civis.
O governo da Alemanha, que na época prestou apoio logístico à missão, reagiu com prudência. "O relatório não é de conhecimento do Ministério das Relações Exteriores, mas as acusações serão analisadas", disse uma porta-voz à DW-WORLD.DE.
"Métodos semelhantes à tortura"
Segundo um comunicado dos militares suecos divulgado pela internet, foi apresentada uma queixa neste sentido em maio de 2007, cujas apurações foram encerradas em dezembro do ano passado. A conclusão teria sido que "muito provavelmente houve violações ao Direito internacional".
Um jurista militar sueco declarou no comunicado que durante a missão Artemis teriam sido aplicados "métodos semelhantes à tortura". Os demais países que participaram da missão teriam sido informados sobre o escândalo das torturas, continua a nota.
Durante o tempo em que a França comandou a operação Artemis, ela forneceu o maior contingente de soldados à missão européia. Dela participaram também soldados de outros países, entre os quais suecos.
O programa de televisão Uppdrag Granskning, da Suécia, denunciou que os suecos observaram como soldados franceses teriam surrado durante várias horas um congolês, que teria sido quase estrangulado. A tortura teria cessado somente após a intervenção sueca junto ao comandante francês.
Primeira missão da União Européia
As acusações tornam-se ainda mais importantes pelo fato de a Operação Artemis ser considerada hoje o nascimento da política européia de segurança. Ela foi a primeira missão da União Européia (EU) a não usar recursos das Nações Unidas.
A Bundeswehr (Forças Armadas Alemãs) não enviou soldados ao Congo, mas prestou apoio logístico a partir de Uganda com dois aviões de transporte e um avião-hospital. Dois soldados alemães foram enviados ao quartel-general da operação na França.
A missão demorou apenas até 1º de setembro de 2003, quando terminou com êxito, segundo avaliação do governo alemão. Berlim anunciou que dezenas de milhares de refugiados retornaram à cidade de Bunia e as tropas da UE impuseram o desarmamento das milícias.
Críticos reclamam que, em vez de enviar soldados, os países da União Européia poderiam ter apoiado uma missão de paz das Nações Unidas. "Foi um teste de campo para operações militares conjuntas", critica Frithjof Schmidt, deputado verde no Parlamento Europeu. Ele supõe que a intenção da França foi ter no local soldados próprios, independentes das Nações Unidas.