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Solução para Grécia

14 de junho de 2011

Enquanto a endividada Grécia não consegue resolver seus problemas financeiros por conta própria, os países da União Europeia discutem em Bruxelas o melhor caminho para salvar Atenas da inadimplência estatal.

Europeus temem que crise da Grécia pode levar união monetária ao abismo
Europeus temem que crise da Grécia pode levar união monetária ao abismoFoto: AP

A situação da Grécia está cada vez mais séria. Para que o país receba um pacote adicional de ajuda financeira, além dos 110 bilhões de euros aprovados no ano passado, os ministros de Finanças da zona do euro se reuniram em Bruxelas nesta terça-feira (14/06) para discutir o melhor caminho para evitar uma falência estatal da Grécia.

Sob pressão da Alemanha, o novo pacote de resgate deverá incluir credores privados nas garantias de ajuda a Atenas. Este é o principal ponto de discórdia em Bruxelas. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, quer que bancos, fundos de pensão e seguradoras garantam a prorrogação dos títulos da dívida pública grega para sete anos, aceitando assim perdas significativas.

No entanto, a proposta alemã ameaça fracassar. É grande a preocupação dos parceiros europeus de que esse passo venha a tornar a crise de endividamento ainda mais séria, fazendo com que a união monetária caia num abismo.

"Nós temos que fazer tudo o possível para evitar uma crise financeira", disse o ministro finlandês, Jyrki Katainen, durante o encontro dos 17 ministros de Finanças do Eurogrupo. "O equilíbrio é muito delicado", disse o ministro finlandês.

Perda de credibilidade

À margem do encontro em Bruxelas, o ministro alemão Schäuble declarou que a Alemanha estaria disposta a ajudar a Grécia com novas garantias bilionárias. Ele ressaltou que a responsabilidade solidária dos credores privados seria "uma parte natural" de um novo pacote de ajuda.

A demanda adicional financeira da Grécia é calculada em 70 bilhões de euros nos próximos dois anos. Do primeiro pacote de resgate no valor de 110 bilhões de euros, ainda restam 57 bilhões de euros à disposição. A próxima parcela de 12 bilhões deverá ser paga em julho, caso a Grécia cumpra as condições estabelecidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE).

Schäuble defende reestruturação da dívida gregaFoto: AP

Segundo Katainen, a maioria dos Estados da zona do euro concordam, atualmente, com uma participação dos bancos. No entanto, ele explica que os planos de Schäuble vão longe de mais. Recentemente, o ministro alemão teria defendido em carta uma reestruturação da dívida grega.

No entanto, afirmou o ministro finlandês, as agências de notação de risco deixam claro que qualquer forma de responsabilidade solidária – mesmo que voluntária – pode ser avaliada como perda de credibilidade, com consequências terríveis para outros candidatos como Irlanda, Portugal e no final também a Espanha.

Consequências imprevisíveis

Pouco antes do encontro em Bruxelas, a agência de notação de risco Standard & Poor's deu um tiro de advertência aos políticos, rebaixando em três degraus a notação de crédito da Grécia, de B para CCC. Assim os empréstimos à Grécia são classificados de alto risco, o que faz com que os seus juros aumentem.

Apesar das garantias bilionárias dos parceiros da zona do euro, os especialistas da S&P consideram uma falência estatal da Grécia cada vez mais provável. Como solução para a Grécia, o governo alemão exige que os bancos troquem seus antigos títulos da dívida pública grega por novos com uma extensão de sete anos

No entanto, a proposta alemã esbarra na resistência da Comissão Europeia, da França e principalmente do Banco Central Europeu (BCE). Eles exigem que o envolvimento de credores privados se realize estritamente de forma voluntária, para evitar uma perda de credibilidade da Grécia com consequências imprevisíveis.

Decisão na próxima semana

Segundo Schäuble, no encontro desta terça-feira, não deve ser tomada nenhuma decisão sobre a participação dos credores e sobre o segundo pacote de resgate da Grécia. Os detalhes de tal passo ainda devem ser discutidos, acresceu o ministro.

Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro de Luxemburgo e chefe do Eurogrupo, ressaltou antes do encontro que "nós vamos coletar todas as informações importantes e considerar as diferentes opções". Juncker explicou que os ministros deverão chegar o mais próximo possível de uma solução na reunião do Eurogrupo a se realizar no dia 20 de junho em Luxemburgo.

Caso se consiga chegar a um pacote de resgate, ele poderá ser aprovado então no encontro de cúpula da União Europeia, nos dias 23 e 24 de junho, disse o primeiro-ministro luxemburguês.

"Solução vienense"

Para especialistas, um cenário possível para a participação de credores privados no resgate da Grécia seria a compra voluntária por parte dos bancos de novos títulos gregos, caso os velhos venham a caducar.

Esse cenário é conhecido por "solução vienense" em alusão a uma chamada iniciativa de Viena, pela qual em 2009 grandes bancos se comprometeram a renovar empréstimos a países da Europa Central e Oriental que estivessem prestes a expirar.

Dessa forma, uma moratória seria outorgada para a Grécia, que não teria que se esforçar em ter que levantar dinheiro nos mercados financeiros. Pois, para os especialistas, parece cada vez mais certo que a partir de 2012 a Grécia não conseguirá por conta própria tomar dinheiro emprestado nos mercados de capitais.

CA/dpa/afp/rtr/dapd
Revisão: Bettina Riffel

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