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Somos o país que mais preserva, diz Bolsonaro em Davos

22 de janeiro de 2019

Presidente brasileiro estreia no cenário internacional com discurso breve, não detalha reformas e tenta aplacar preocupações em relação às suas políticas ambientais. Ele diz que vai governar pelo exemplo.

Weltwirtschaftsforum 2019 in Davos | Jair Bolsonaro, Präsident Brasilien
Foto: Reuters/A. Wiegmann

O presidente Jair Bolsonaro fez sua primeira aparição no cenário internacional nesta terça-feira (22/01) na abertura da sessão plenária do Fórum Econômico Mundial em Davos. Diferente do esperado, seu discurso, que basicamente repetiu a retórica da campanha eleitoral, teve apenas oito minutos de duração e foi seguido por cerca de sete minutos de uma sessão de perguntas e respostas.

Em meio a preocupações internacionais sobre as políticas ambientais que seu governo deverá adotar, Bolsonaro disse que seu objetivo é "avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário crescimento econômico" que, segundo afirmou, são "interdependentes e indissociáveis". Ele disse que apenas 9% do território brasileiro são utilizados para a agricultura, e menos de 20% são dedicados à pecuária.

Eleito com a promessa de dar mais espaço ao agronegócio, o presidente afirmou que o Brasil é o país que "mais preserva o meio ambiente", numa tentativa de apaziguar os temores quanto a algumas de suas políticas já adotadas, como o esvaziamento da Fundação Nacional do Índio (Funai), e de sua declaração em defesa da exploração de áreas de floresta e reservas indígenas

O sistema de monitoramento do Inpe revelou que o Brasil já desmatou em três décadas um total de 783 mil quilômetros quadrados de Floresta Amazônica – área que equivale a mais de duas vezes o território da Alemanha. Em 2018, a taxa de desmatamento da Amazônia foi a mais alta da última década: 7,9 mil quilômetros quadrados, 95% relativos a cortes ilegais.

Já o ranking Environmental Performance Index, elaborado pela Universidade de Yale, coloca o Brasil como sendo apenas o 69º país com melhor performance na preservação ambiental. O índice inclui indicadores como qualidade do ar, água e saneamento, biodiversidade, florestas, clima e energia, entre outros.

Em Davos, Bolsonaro evitou detalhar as reformas, mesmo quando indagado pelo fundador e presidente do fórum, Klaus Schwab, que o entrevistou após o discurso. Ele disse que vai governar pelo exemplo e mencionou ainda o combate à corrupção, uma de suas principais bandeiras, e exaltou a qualificação de seu gabinete, montado sem "ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção".

Bolsonaro prometeu deixar o Brasil mais atraente para o turismo, investindo "pesado" na segurança. Ele convidou os estrangeiros a conhecer as belezas naturais do país, como a Amazônia e o Pantanal, afirmando que o Brasil é "um paraíso, mas ainda é pouco conhecido".

Ele prometeu diminuir a carga tributária e simplificar as normas para atrair investimentos, trabalhando pela estabilidade macroeconômica, "respeitando contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas". Bolsonaro disse ainda ter a certeza de que a equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, vai colocar o Brasil "no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios".

O presidente se comprometeu a "resgatar os valores do país", abrir a economia e "defender a família e os verdadeiros direitos humanos", esta última, uma das questões que geram mais incertezas na comunidade internacional quanto às intenções do novo governo. O tratamento dedicado às ONGs no país pelo novo Ministério do Meio Ambiente reforça ainda mais essas preocupações.

Ao encerrar seu discurso, Bolsonaro disse que quer um Brasil grande e "um mundo de paz, liberdade e democracia". A defesa dos valores democráticos no país é outro ponto que gera preocupação em muitos na comunidade internacional.

RC/ots

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