Imagens confirmam que sonda Schiaparelli despencou e foi destruída no impacto, ao atingir superfície do planeta vermelho. ESA diz que velocidade do módulo no momento da colisão era superior ao previsto.
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Imagens tiradas pela Nasa indicam que a sonda europeia Schiaparelli, que deveria pousar em Marte, caiu de uma altura de dois a quatro quilômetros e foi destruída no impacto, ao atingir superfície do planeta, anunciou nesta sexta-feira (21/10) a Agência Espacial Europeia (ESA).
A sonda de 600 quilogramas – batizada em homenagem ao astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli (1835-1910) – iria testar tecnologias que visavam preparar o pouso subsequente de um robô explorador de seis rodas na superfície de Marte e deveria ter pousado na quarta-feira no planeta vermelho.
A ESA, porém, perdeu o contato com o módulo 50 segundos antes do horário estimado para a aterrissagem e o paradeiro dele era desconhecido até a chegada das imagens feitas por uma sonda da Nasa que orbita em Marte.
"A Schiaparelli chegou à superfície de Marte com uma velocidade muito superior ao que estava previsto", disse o diretor da missão Thierry Blancquaert. "Ela ficou em pedaços na colisão contra o planeta vermelho", ressaltou.
A ESA disse também que é possível que o pouso tenha sido acompanhado por uma explosão, pois, provavelmente, os tanques de combustíveis da sonda ainda estivessem cheios.
Apesar da perda da Schiaparelli, sua nave-mãe, a sonda Gas Orbiter Trace (TGO), entrou na órbita de Marte e, a partir de 2018, começará a analisar o metano e outros gases da atmosfera, que podem indicar a presença de vida.
Missões ExoMars
O voo da Schiaparelli era a primeira etapa do ExoMars, um ambicioso programa espacial conduzido em conjunto pela ESA e a Agência Espacial Russa (Roscosmos), que visa examinar a existência de vestígios e formas de vida bacteriana no Planeta Vermelho.
Com as caríssimas missões ExoMars 2016 e ExoMars 2020, Rússia e Europa querem rastrear traços de vida no planeta vizinho. Os cientistas esperam especialmente encontrar vestígios de gases como o metano, pois possíveis fontes destes gases poderiam ser organismos biológicos – porém, também vulcânicos.
Originalmente, a ESA planejou realizar a missão em conjunto com os EUA, mas os americanos deixaram o projeto em 2011 por questões financeiras. Em seguida, os europeus buscaram a parceria da Roscosmos. Ambos veem o projeto como uma prova de que uma cooperação entre Ocidente e Oriente em tempos politicamente complicados é possível.
Para a Agência Espacial Europeia, os custos de ambas as missões estavam orçados em 1,5 bilhão de euros. O valor, porém, deve aumentar – também como consequência do adiamento em dois anos da missão final, agendada para 2020.
A ExoMars foi a segunda tentativa da Europa em aterrissar em solo marciano. Há 13 anos, a sonda europeia Mars Express lançou a minissonda Beagle 2, que nunca deu sinal de vida. Somente em 2015 é que as imagens de uma sonda americana permitiram constatar que a Beagle 2 tinha efetivamente aterrissado, mas que os seus painéis solares não estavam todos armados.
Até agora, só os Estados Unidos conseguiram pousar no Planeta Vermelho com equipamentos que possibilitaram se comunicar com a Terra.
CN/rtr/afp/lusa
Momento histórico no espaço
Depois de dez anos, a missão Rosetta finalmente chega ao ápice: o pouso do robô Philae num cometa. Agora, o dispositivo capta dados e imagens que podem dar pistas sobre as origens do sistema solar.
Há dez anos, essa dupla — a sonda Rosetta, com o pequeno robô Philae a tiracolo — iniciou o caminho para o seu destino: o cometa 67P Churyumov-Gerasimenko, apelidado de Chury. Em meados de 2014, a Rosetta alcançou o cometa e foi voando ao seu redor em órbitas cada vez menores.
Foto: picture-alliance/dpa/ ESA/ATG medialab
Local de pouso
Essa foto do local de pouso foi tirada pela câmera OSIRIS, da sonda Rosetta, em 14 de setembro de 2014, a uma altura de apenas 30 quilômetros do cometa Chury. O lugar não podia ter detritos, montanhas e vales, e precisava ser ensolarado, para que o Philae recarregasse suas baterias através de painéis solares e, assim, mantivesse contato com a Rosetta.
Foto: ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA
Plano de manobra
O Philae iria pousar com suas três pernas e, em seguida, ancorar com um arpão e parafusos no solo do cometa. Para os desenvolvedores do Philae, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), ficou claro que o pouso seria a parte mais perigosa da missão. Pouco se sabia sobre as características do terreno.
Foto: picture-alliance/dpa/ESA/AOES Medialab
Separação bem-sucedida
Em 12 de Novembro de 2014, veio o grande momento. Às 11h57 (hora local), chegou à sala de controle da Agência Espacial Europeia (ESA), em Darmstadt, Alemanha, o sinal: o Philae havia se separado da Rosetta com sucesso. Agora, a pequena espaçonave precisaria se virar por conta própria.
Foto: ESA/J. Mai
Entusiasmo no centro de controle
"A ESA e os parceiros da missão Rosetta conquistaram algo extraordinário hoje", declarou o diretor geral da agência, Jean-Jacques Dordain. Somente a separação do robô Philae de Rosetta já havia provocado uma onda de excitação no Centro Europeu de Operações Espaciais, em Darmstadt. Depois de sete horas, veio uma notícia melhor ainda: Philae aterrissou no cometa!
Foto: ESA/J. Mai
Longa jornada
Philae e Rosetta viajaram juntos pelo espaço por dez anos. O robô, que aparece aqui como um pequeno ponto branco na imensidão, logo após se desprender da sonda, tem o tamanho de uma máquina de lavar. A função de Philae é coletar imagens e amostras do cometa, que podem conter informações sobre a origem da vida no nosso sistema solar.
Foto: ESA
De olho no cometa
Esta imagem o Philae capturou com sua câmera ROLIS, 40 metros acima do solo do cometa — ou seja, pouco antes de pousar. É possível ver pedrinhas e pedras maiores. O pedaço maior na parte superior tem cerca de cinco metros.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR
Imagem inesquecível
Um pedaço de metal branco num cenário de rochas cinzas. Pode não parecer muito, mas esta foto representa um dos maiores sucessos da Agência Espacial Europeia (ESA). O robô Philae, que se desprendeu da sonda Rosetta, tocou o solo do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko na quarta-feira (12/11), às 14:03 (horário de Brasília). Esta imagem foi feita pelo próprio robô, direto da superfície do cometa.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA
Em terra firme?
Apesar do pouso bem-sucedido, nem tudo ocorreu como planejado. Os arpões que deveriam prender Philae à superfície do cometa (como mostra esta ilustração) não funcionaram. Isso fez com que o robô se desequilibrasse. O robô parece estar sobre um declive, mas a ESA assegura que ele está firme. "Duvido muito que Philae vá decolar novamente", afirmou Paolo Ferri, chefe de operações da agência.
Foto: ESA via Getty Images
Três pulinhos
Logo após se desprender da Rosetta, Philae tirou esta foto. Depois de tocar o solo três vezes, o robô se estabeleceu no cometa. A preocupação agora é com a bateria. Programada para durar pouco mais de dois dias, ela precisa ser recarregada com energia solar. Há apenas uma hora e meia de luz solar por dia no local de pouso, enquanto o ponto inicialmente planejado ofereceria sete horas de luz.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA
Onde está Philae?
Depois de sua bateria descarregar, o Philae hibernou. Esse foi o momento para os cientistas analisarem os dados que o módulo mandou. A Rosetta permaneceu perto do Chury, cada vez mais perto, e conseguiu breves contatos com o Philae, que enviou mais dados.
Foto: CC-BY-SA-ESA/Rosetta/NavCam/IGO 3.0
Uma questão de perspectiva
Churyumov-Gerasimenko, o cometa onde Philae pousou, parece ser enorme. Mas se comparado à cidade de Londres, é possível ver o quão pequeno ele é. Considerando que o cometa se move a uma velocidade de 135.000 km/h e que Rosetta precisou viajar 6,4 bilhões de quilômetros até chegar lá, fica clara a dimensão da conquista.
Os instrumentos do Philae e da Rosetta encontraram vários tipos de compostos orgânicos no cometa. O interior do cometa foi fortemente vaporizado em julho, quando ele se aproximou do Sol, e pesquisadores da Universidade de Berna descobriram que, entre os compostos do Chury, havia oxigênio molecular. A descoberta deu a entender que o elemento existe desde a origem do sistema solar.