Sons altos e fones de ouvido ameaçam a audição dos jovens
Gudrun Heise
3 de outubro de 2023
OMS calcula que até 2050 haverá 2,5 bilhões de portadores de deficiência auditiva. Ouvido é um órgão tão espantoso quanto delicado, e riscos de surdez podem se apresentar já no útero materno.
Anúncio
Não é raro a intensidade do som numa discoteca ultrapassar os 100 decibéis, equivalente ao barulho produzido por uma motosserra ou uma britadeira. E escutar música alta com fones de ouvido sobrecarrega ainda mais a audição, podendo resultar em perda auditiva.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2050 o total dos deficientes auditivos chegará a 2,5 bilhões. Entre a população mais jovem, em breve poderão ser 1,1 bilhão. A exposição quotidiana ao ruído cresce continuamente, assim como o número de crianças e adolescentes que prejudicam a própria audição com diversas fontes de sons intensos, com frequência consumidos por meio de fones de ouvido.
Anúncio
Doenças causadoras de surdez, antes e depois do nascimento
Uma série de moléstias infantis e juvenis também influencia a audição negativamente, resultando em diferentes níveis de surdez. Se uma grávida contrai rubéola ou caxumba (parotidite), por exemplo, o risco de surdez para o bebê aumenta consideravelmente. A vacina combinada antissarampo, parotidite e rubéola (VASPR) visa evitar essas infecções.
Outro fator de risco é o consumo de drogas ou álcool durante a gestação. A exposição do feto ao álcool pode resultar em desordens do espectro alcoólico fetal, cujos sintomas incluem surdez e outras deficiências graves.
Resfriados ou otites persistentes são também causa comum de surdez infantil. Um simples entupimento nasal pode gerar inflamação da trompa de Eustáquio, que é mais curta nas crianças, e portanto mais sujeita a otites médias – uma das doenças mais comuns até os seis anos de idade e extremamente dolorosa.
Os genes da deficiência auditiva influenciam negativamente o desenvolvimento da cóclea (parte anterior do labirinto) ou do nervo auditivo. Crianças portadoras de trissomia 21 (síndrome de Down) ou de fenda lábio-palatina (lábio leporino) apresentam incidência acima da média de danos auditivos. O mesmo se aplica a certas afecções dos rins e da tireoide, e deficiências cardíacas.
Diversos estudos internacionais comprovaram uma conexão inesperada com a psoríase: essa doença cutânea inflamatória que danifica tecidos pode afetar o sensível ouvido interno e igualmente resultar em surdez.
Terapias para salvar um supersentido
Em certos casos, é possível restabelecer a capacidade auditiva. Devidamente tratada, uma otite média provoca surdez apenas passageira. Se o dano é grave, porém, são necessárias outras medidas para promover uma reintegração ao mundo dos sons.
Aparelhos auditivos são uma solução comum, seja atrás da orelha ou, no caso de deficiência acentuada, diretamente no ouvido. Outra medida terapêutica é o implante da cóclea: integrado cirurgicamente, o sistema transmite diretamente ao nervo auditivo sinais elétricos que são interpretados como impulsos auditivos.
Se nenhum desses métodos tem sucesso, resta a alternativa de aprender a linguagem de sinais. Trata-se de uma forma de comunicação baseada em gestos, mímica facial, linguagem corporal e sinais específicos formados com as mãos, baseada em vocábulos definidos e regras gramaticais.
No fim da gestação, a audição é o sentido mais aguçado do feto. Extremamente sensível e ativo mesmo durante o sono, o ouvido possui características espantosas. Nele encontra-se o menor osso do organismo humano, o estribo, com 2,6 a 3,4 milímetros de comprimento e pesando entre 2 e 4,3 miligramas. Em combinação com dois outros ossos minúsculos, o martelo e a bigorna, ele transmite, do tímpano ao ouvido interno, vibrações que o cérebro decodifica como sons.
Para proteger esse precioso sentido, evitando danos irreversíveis, cabe preservar o máximo possível as crianças e adolescentes da exposição a ruídos extremos – por exemplo, na forma de música alta, ou da trilha sonora explosiva de jogos de computador, sobretudo escutados através de fones de ouvido.
Quem foi Ludwig van Beethoven?
O que distinguiu o mestre compositor? Qual dos seus trabalhos marcou a história da música? Como ele era? Conheça melhor o grande compositor alemão que completaria 250 anos em 2020.
Foto: picture-alliance/Ulrich Baumgarten
O gênio musical
Ainda criança, Ludwig van Beethoven (1770-1827) era um prodígio. Dizem que seu pai, que queria fazer dele um segundo Mozart, tinha métodos de aprendizado bastante rigorosos. Ludwig tocou seu primeiro concerto aos sete anos. Suas primeiras composições, aos 12. A genialidade só seria evidenciada em obras posteriores, por extrapolarem padrões conhecidos até então, e que continuam inspirando até hoje.
Foto: DW
Estrela já em seu tempo
Hoje, Beethoven é um dos compositores mais ouvidos e interpretados do mundo. Ele já era famoso em vida, o que não era o caso de outros músicos excepcionais de seu tempo. Pense, por exemplo, no triste destino de Mozart, que foi enterrado num túmulo anônimo. Por outro lado, 20 mil pessoas assistiram ao funeral de Beethoven - metade da população do centro da cidade de Viena na época.
Foto: picture-alliance/Ulrich Baumgarten
Primeiro artista freelancer
Nos períodos barroco e pré-clássico, compositores como Bach, Haydn ou Händel normalmente eram empregados da corte de um príncipe ou rei - ou em uma igreja. Mas com Beethoven não foi assim: ele conseguiu montar um círculo de mecenas que o apoiavam financeiramente com regularidade. Além disso, ganhava dinheiro com os concertos e a publicação de composições.
Foto: picture-alliance / akg-images
Gênio respeitado
Sua obra ainda é fonte constante de inspiração para os músicos. Seus trabalhos incluem nove sinfonias, cinco concertos para piano, o concerto para violino, 16 quartetos de cordas, 32 sonatas para piano, a ópera "Fidelio", a Missa em dó maior op. 86 e a Missa solemnis op. 123. Seus cadernos com manuscritos meticulosos foram preservados, pois Beethoven costumava desenhar e anotar suas ideias.
Foto: picture alliance/H. Lohmeyer/Joker
A fatídica "Quinta"
Ta-ta-ta-taaaa. Quatro notas sem melodia – ultrajante para a época! Hoje, é sinônimo de Beethoven, e a "Sinfonia do Destino" é uma das obras eruditas mais tocadas. No entanto, na sua estreia, em 1808, a "Sinfonia nº 5 em dó menor, opus 67" não foi bem recebida: os sons incomuns deixaram o público perplexo. Além disso, a orquestra havia ensaiado muito pouco e o teatro não estava aquecido.
Foto: picture-alliance/akg-images
O clássico: "Para Elisa"
Uma música que cativa há 200 anos: seja em filme, em espera de telefone, como toque, no elevador ou caminhão de gás. "Para Elisa" é uma das peças de piano mais populares do mundo. Não está claro até hoje quem era Elisa. Beethoven se apaixonou muitas vezes, geralmente sem reciprocidade. Ele nunca teve esposa ou família. A obra pode ter sido dedicada à cantora de ópera Elisabeth Röckel.
Foto: picture-alliance/akg-images
A insuperável "Nona"
As sinfonias são feitas para a interpretação por uma orquestra. Para cantores até então não havia lugar no palco. Como Beethoven não se importava muito com convenções, ele inventou algo novo em sua nona e última sinfonia. Assim, no último movimento, não há apenas cantores, mas também um coral. Parte da "Sinfonia n° 9 em ré menor, op. 125, Coral" tornou-se o hino oficial da União Europeia em 1972.
Foto: akg-images/picture alliance
Além da surdez
É inimaginável: um compositor que já não ouve a própria música. Os problemas auditivos de Beethoven começaram antes mesmo de ele fazer 30 anos. Isso ameaçou não só a sua carreira, mas também a sua vida social. Durante um tratamento em 1802, ele até teve pensamentos de suicídio. Mas o amor pela música o trouxe de volta - seguiram-se 25 anos altamente produtivos.
Beethoven nasceu em Bonn, onde teve as suas primeiras atuações, incentivadores e mentores. Hoje, Bonn se considera A cidade de Beethoven, com o museu Casa de Beethoven e seu amplo arquivo, e o festival anual Beethovenfest. Aos 22 anos, Ludwig mudou-se para Viena, onde encontrou inúmeros apoiadores. Aqui ele também teve aulas de composição com Joseph Haydn. Beethoven morreu em Viena em 1827.