SPD confirma Schulz como rival de Merkel na eleição alemã
19 de março de 2017
Ex-presidente do Parlamento Europeu é eleito por unanimidade presidente do SPD e candidato à chancelaria federal. Com guinada à esquerda e popularidade em alta, Schulz é principal rival de Merkel na disputa.
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O ex-presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz foi confirmado neste domingo (19/03) o principal candidato do Partido Social-Democrata (SPD) na eleição legislativa marcada para 24 de setembro. Ele foi eleito por unanimidade e por aclamação presidente do partido e candidato à chancelaria federal.
"O SPD está de volta, nós estamos de volta. Essa é uma boa mensagem para as pessoas no país", afirmou Schulz, durante convenção da legenda em Berlim. Schulz é assim oficialmente o principal rival da chanceler federal alemã, Angela Merkel, que disputa um quarto mandato.
Leia a cobertura completa sobre aeleição na Alemanha em 2017
Schulz destacou que, nas últimas décadas, a legenda superou a ditadura e a guerra e lutou por democracia e liberdade. Em fevereiro, o novo líder do SPD sinalizou uma guinada à esquerda no partido, sugerindo estender o pagamento do seguro-desemprego e oferecer melhores aposentadorias a trabalhadores de baixa renda.
Justiça social é o principal tema da campanha social-democrata. O político pretende fazer mudanças na Agenda 2010, reforma implementada em 2003 para flexibilizar as leis trabalhistas, mas que, na opinião de muitos economistas, resultou no aumento da desigualdade social na Alemanha.
"Efeito Schulz"
Desde que Schulz foi indicado candidato pelo SPD, em janeiro, o partido alcançou cerca de 30% das intenções de voto, tecnicamente empatado com a União Democrata Cristã (CDU), de Merkel. As duas legendas formam a atual coalizão de governo junto com a União Social Cristã (CSU).
Nos últimos anos, as sondagens oscilavam entre 20% e 25% para os social-democratas. Além disso, o SPD alcançou o maior número de novos membros em 20 anos. Mais de 10 mil pessoas entraram no partido. Na Alemanha, fala-se num "efeito Schulz" na política.
Durante seu discurso, neste domingo, o ex-presidente do Parlamento Europeu criticou o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que detém 10% das intenções de voto. "É uma vergonha para República Federal da Alemanha", afirmou ao se referir a uma declaração de Björn Höcke, membro da cúpula do partido. Em janeiro, Höcke dissera que o Memorial do Holocausto, em Berlim, em homenagem aos judeus mortos durante o nazismo, é um "monumento da vergonha".
O novo líder do SPD também fez críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por insistentemente falar em fake news (notícias falsas), ao se referir ao trabalho da imprensa americana. "Quem classifica reportagens independentes como mentirosas e trata a mídia de forma seletiva coloca um machado sobre a raiz da democracia", afirmou.
Schulz também falou sobre a Turquia. O candidato disse que a estratégia diplomática do presidente turco, Recip Tayyip Erdogan, contra a Alemanha irá falhar "mais cedo ou mais tarde".
KG/afp/dpa
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.