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STF suspende bloqueio do Whatsapp no Brasil

19 de julho de 2016

Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo, acata liminar do PPS e diz que suspensão do aplicativo viola o preceito fundamental da liberdade de expressão. Para diretor do Whatsapp, bloqueio é "chocante".

Brasilien Mobiltelefon WhatsApp App
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, derrubou a decisão da Justiça do Rio de Janeiro de suspender o funcionamento do Whatsapp em todo o Brasil nesta terça-feira (19/07). O aplicativo voltou a funcionar depois que as operadoras foram notificadas.

Na decisão, Lewandowski levou em consideração uma ação encaminhada pelo PPS que alega que o bloqueio do Whatsapp fere o preceito fundamental da liberdade de expressão. O presidente do STF concordou com o argumento e citou que intimações judiciais são emitidas por meio do aplicativo.

O bloqueio do Whatsapp foi determinado na manhã desta terça-feira pela juíza Daniella Barbosa Assunção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias.

Segundo a magistrada, o Facebook, que controla o Whatsapp, foi notificado três vezes sobre a decisão judicial de interceptar mensagens trocadas no aplicativo que seriam usadas numa investigação policial. A juíza exigia que os textos fossem desviados em tempo real antes de serem criptografadas. A empresa dos EUA teria respondido que não arquiva nem copia mensagens de seus usuários.

A juíza destacou que a empresa tem filial no Brasil, está sujeita às leis nacionais e tem de cumprir as decisões judiciais do país. Uma vez que a determinação de desviar as mensagens não pode ser cumprida, a aplicação não deve mais operar em território nacional, alegou a magistrada.

As operadoras de telefonia foram notificadas pela Justiça do Rio no final da manhã e logo começaram a cumprir a ordem judicial. Se não suspendessem o serviço, elas estariam sujeitas a uma multa de 50 mil reais por dias. O aplicativo chegou a ficar fora do ar por algumas horas antes da revogação.

"Chocante"

Mais cedo, o diretor executivo do Whatsapp, Jan Koum, rechaçou a decisão de bloquear mais uma vez o aplicativo no Brasil – esta é a terceira vez que o serviço sai do ar no país.

"É chocante que (...) a história se repita. Como antes, milhões de pessoas foram desconectadas de seus amigos, entes queridos, clientes e colegas, simplesmente porque exigem de nós informações que não temos", disse Koum em postagem no Facebook.

Outros bloqueios

Em maio deste ano, um juiz de Sergipe determinou que o aplicativo fosse suspenso no país por 72 horas, após o Facebook descumprir ordens judiciais que exigiam o compartilhamento de informações.

O juiz alegou que conteúdos de conversas no aplicativo seriam usados como provas em investigações ligadas ao crime organizado e ao tráfico de drogas. A Justiça determinou que o aplicativo voltasse a funcionar após um dia.

A recusa em liberar esses dados já havia levado à prisão do vice-presidente do Facebook na América Latina, Diego Dzodan, em 1º de março – determinada pelo mesmo magistrado sergipano.

Em dezembro de 2015, o Whatsapp foi bloqueado no Brasil também por conta de uma investigação criminal. A decisão determinava 48 horas sem acesso ao aplicativo, mas um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou o fim do bloqueio antes do tempo previsto.

EK/abr/lusa

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