Sítio pré-histórico circular, feito de madeira e provavelmente usado em sacrifícios humanos, está aberto para turistas após estudos arqueológicos e reconstrução.
Anúncio
O sítio pré-histórico Ringheiligtum Pömmelte, uma espécie de círculo sagrado formado por cercas decoradas e sepulturas, foi aberto ao público na cidade de Pömmelte, no leste da Alemanha, nesta semana.
Acredita-se que o local, conhecido como "Stonehenge da Alemanha", tenha cerca de 4.300 anos. A formação foi descoberta em 1999 numa floresta às margens do rio Elba.
Feito de madeira, o sítio arqueológico não superou bem o teste de resistência do tempo e precisou ser totalmente reconstruído. O investimento foi de 2 milhões de euros.
Sete anéis de cercas circulares e concêntricas compõem o monumento. Segundo os pesquisadores, a formação pode ter sido muito relevante entre os séculos 21 e 23 a.C., quando o mundo vivia a transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze .
A construção pré-histórica teria servido como centro de poder da elite local. Entalhes identificados na madeira simbolizariam o cosmos e sugerem que a área pode ter sido empregada em cerimônias religiosas. Talvez tivesse até mesmo um papel importante em rituais de oferenda.
Sob as camadas de madeira desmoronada foram encontrados esqueletos de crianças e mulheres jovens, cujas lesões sugerem sacrifícios, de acordo com o arqueólogo Andre Spatzier, que falou ao escritório de turismo do estado da Saxônia-Anhalt, onde fica o achado.
"Essa configuração única de círculos está à altura de Stonehenge. A principal diferença é que, em Pömmelte, tudo foi feito com madeira e, portanto, se deteriorou", comparou Spatzier.
O local, agora aberto ao público, é uma das paradas da rota turística Himmelswege (em português, caminhos para o céu). O percurso na Saxônia-Anhalt, incluindo uma parada no Disco de Nebra, é conhecido por ter sido, milhares de anos atrás, uma passagem onde as pessoas paravam para observar o firmamento.
Stonehenge ‘oculto’ é revelado
Descobriu-se que a formação pré-histórica no sul da Inglaterra é só a ponta do iceberg. Pesquisadores usaram tecnologia de mapeamento digital para revelar descobertas significativas por baixo do monumento.
Foto: SAUL LOEB/AFP/Getty Images
Uma nova luz sobre Stonehenge
“Ainda não se trata de uma nova descoberta sobre o Stonehenge, mas de um passo fundamental na forma como o entendemos”, disse Vincent Gaffney, professor da Universidade de Birmingham, que liderou o estudo de quatro anos sobre a formação rochosa. O resultado é um mapa digital delineando as antigas formações recém-descobertas – todas enterradas debaixo do sítio arqueológico de Stonehenge.
Foto: picture-alliance/dpa
"Terra incognita"
Por muitos anos, Stonehenge tem intrigado os cientistas e a maior parte da área ao seu redor permanece “terra incognita”, como apontou o professor Gaffney. Durante o estudo, o time da Universidade de Birmingham, em parceria com o Instituto Ludwig Boltzmann de Viena, descobriu 17 outros monumentos previamente desconhecidos que poderiam ser tão antigos quanto o próprio Stonehenge.
Foto: University of Birmingham
Enxergando o invisível
O que se parece com células vistas sob um microscópio são na verdade mapas digitais de monumentos rituais recentemente descobertos ao redor da área do Stonehenge. Os pesquisadores utilizaram magnetômetros, matrizes de radares de penetração no solo e sensores de indução eletromagnética, além de pesquisas de resistência da terra e varreduras terrestres com laser 3D para mapear a localização.
Foto: University of Birmingham
Tecnologia a serviço da História
Este projeto de quatro anos é o maior do gênero já feito até então. Na foto, um pesquisador utiliza um magnetômetro, instrumento que possibilitou uma representação espacial sem precedentes do mundo subterrâneo.
Foto: University of Birmingham
Super henge
Entre as descobertas em Durrington Walls, local habitado há cerca de 4,5 mil anos, está o chamado “super henge”. Trata-se de um enorme monumento ritual com mais de 1,5 quilômetro de circunferência. Especialistas acreditam que ele pode ter sido alinhado com até 60 pedras de três metros de altura, semelhantes ao Stonehenge. Algumas delas ainda podem estar intactas sob a terra.
Foto: University of Birmingham
Restos de madeira
Uma imensa construção antiga de madeira foi descoberta e mapeada em detalhes. Acredita-se que tenha sido utilizada para cerimônias fúnebres no passado, inclusive para o sepultamento dos mortos, e que provavelmente era recoberta por terra.
Foto: University of Birmingham
Cultos fúneberes antigos
A construção fúnebre de madeira, cujo esboço visto de cima é representado nesta imagem, é provavelmente mais antiga que Stonehenge, que os especialistas estimam ter sido erguido entre 3000 e 2000 a.C.
Foto: University of Birmingham
Pesquisa não-invasiva
"Desenvolver métodos não-invasivos para documentar nossa herança cultural é um dos grandes desafios do nosso tempo”, disse Wolfgang Neubauer, diretor do Instituto Ludwig Boltzmann, acrescentando que apenas a mais moderna tecnologia permite isso. Na foto, um pesquisador usa um radar de penetração no solo.
Foto: University of Birmingham
11 milênios em um único lugar
As imagens também revelam poços subterrâneos pré-históricos, centenas de sepulturas e assentamentos da Idade do Bronze, Idade do Ferro e época romana. Os dados fornecem aos pesquisadores novas interpretações sobre a área circundante, que abrange um período de mais de 11 mil anos. O trabalho de campo durou 120 dias, distribuídos ao longo de quatro anos.
Foto: Matt Cardy/Getty Images
Mistério antigo
O presidente Barack Obama visitou Stonehenge em 5 de setembro de 2014. Acredita-se que o monumento tenha sido erguido durante o período Neolítico e a Idade do Bronze, provavelmente com funções fúnebres ou religiosas. Mais do que isso, é difícil dizer, devido à ausência de documentos escritos. O que levou a uma série de teorias relacionadas as misteriosas pedras – algumas de caráter sobrenatural.