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Stuttgart: de cavalos a cavalos de potência

Flávia Magalhães1 de abril de 2006

De estrebaria a sede de importantes fábricas, Stuttgart firmou-se como centro tecnológico do país. Apesar do ritmo alucinante, ainda é possível encontrar os encantos da natureza em meio à vida cultural da cidade.

A praça central é o mais famoso cartão-postal de StuttgartFoto: Copyright Stuttgart-Marketing GmbH

Para muitos alemães, Stuttgart é sinônimo de progresso e modernidade. Após ter sido praticamente toda destruída na Segunda Guerra Mundial, a cidade foi reconstruída e se mostra como um complexo arquitetônico harmonioso.

Stuttgart é o destino ideal para quem gosta da agitação das cidades. E a sua escolha como sede dos jogos da Copa 2006 não foi mera coincidência. A cidade tem aproximadamente 590 mil habitantes e é o centro de uma importante zona industrial da Alemanha. A região oferece 1,3 milhão de empregos, sendo 440 mil só em Stuttgart.

A região metropolitana esconde muitas belezas e surpresas agradáveis para os turistas, confirmando o apelido de "jóia suábia", dado pelo poeta Eduard Mörike, em 1853, na sua composição Stuttgarter Hutzelmännlein.

O paraíso terrestre dos suábios

A cidade se originou a partir de um pequeno povoado às margens do riacho Nesen, ficando sempre à sombra da vizinha Bad Cannstatt, um importante lugarejo romano na área do Rio Neckar.

No século 14, a cidade foi conquistada pelos duques e condes de Württemberg e se tornou o centro do condado. A partir de então, floresceu e ganhou cada vez mais importância, tornando-se ponto de referência para a região. Em 1952, foi escolhida como sede oficial do governo e capital do Estado de Baden-Württemberg.

Stuttgart foi, na verdade, criada para ser a estrebaria do conde Liudolf von Schwaben, no século 10. A cavalariça (Pferdegestüt ou Stutengarten) cresceu e, aos poucos se tornou a moderna Stuttgart, a sexta maior cidade da Alemanha. Ao redor da cidade, o nome é pronunciado Schduergerdt, mas os moradores da cidade preferem chamá-la Schturgert.


A cidade está no centro do Estado, em uma região conhecida como Stuttgarter Kessel (chaleira de Stuttgart). O clima ameno permite o cultivo de uvas e a produção de vinhos. Os verões podem ser muito quentes e abafados devido ao fenômeno da inversão térmica.

Königstrasse: a passarela da moda e dos negóciosFoto: picture-alliance/dpa

Stuttgart seria o nome que os suábios teriam dado ao paraíso terrestre, pelo menos é esta a versão apresentada na cidade, criada pelo humanista Ulrich von Hutten, em 1519. Resta então a pergunta: o que faria da cidade o paraíso? Seriam os parques, os vinhedos e as florestas ou a atmosfera mediterrânea de alguns de seus bairros?

Conhecendo a cidade

Uma volta pela cidade pode ajudar a explicar o porquê do título de paraíso. O passeio começa, para muitos, na imponente estação central. A torre de observação de 56 metros abriga uma exposição sobre o desenvolvimento da cidade e um café.

Quem preferir pode continuar o passeio pela Königstrasse, a principal rua do maior calçadão do país. A grande variedade de lojas contenta todos os gostos e bolsos. Também não faltam opções para refeições e um bom café. Muitos dos monumentos da cidade estão no centro, o que facilita a visita.

Uma cidade de muitos castelos

Os castelos conquistam quem passa por Stuttgart e lembram os tempos dos monarcas da cidade.

Imperdível: o Velho Castelo em StuttgartFoto: dpa

Bem no centro da cidade, encontra-se o Novo Castelo (Das Neue Schloss). A construção foi inspirada no castelo de Versailles a pedido do duque Karl Eugen e concebida no fim do século 18. Atualmente, a antiga residência dos reis de Baden-Württemberg abriga o Ministério das Finanças e o Ministério da Cultura do Estado e é a sede representativa do governo.

O Velho Castelo (Das Alte Schloss) é uma das construções mais antigas da cidade. A data de construção de seus muros remonta ao século 10, quando um simples burgo foi erguido. Foi reconstruído inúmeras vezes por causa da diversidade da situação histórica. No século 16, surgiu o castelo renascentista.

Com os ataques aéreos durante a Segunda Guerra, grande parte do castelo virou escombro, mas foi reerguido em 1969, passando a abrigar o museu sobre a história da região de Württemberg. Atualmente, o castelo é palco de concertos e festivais culturais no verão.

O castelo Solitude se destaca pela sua arquitetura imponenteFoto: Landeshauptstadt Stuttgart

Outros castelos importantes são o Hohenheim, onde atualmente está sediada a universidade de mesmo nome, e o Solitude, um belo exemplo de rococó e classicismo de Stuttgart. Hoje em dia, a construção branca abriga um restaurante e uma Academia de Artes. A cinco quilômetros do castelo está o circuito de Solitude que, até 1962, foi palco de corridas automobilísticas.

Conheça na página seguinte mais pontos turísticos da cidade sede dos jogos da Copa 2006

Mais pontos turísticos

Nada melhor para se livrar do estresse: um passeio nos parques e áreas verdes da cidadeFoto: AP

Stuttgart possui muitas igrejas. Vale a pena conferir a Stiftkirche, a Martinskirche e a Leonhardskirche. Se você ainda tiver alguns minutos livres na sua agenda, pode visitar a Grabkapelle e conhecer um pouco mais sobre a história da cidade.

Escadarias por toda a parte

O que chama a atenção de muitos visitantes é a grande quantidade de escadarias – Staffel – da cidade: são quase 20 quilômetros, segundo os dados oficiais da prefeitura. Os degraus foram construídos para permitir o acesso aos terraços onde eram cultivadas as uvas para a produção de vinho, uma importante atividade comercial até o século 19.

Com o crescimento da cidade, os vinhedos desapareceram, mas as escadas permaneceram e se tornaram uma forma de ligação entre os diversos bairros. Trabalhos de arquitetura e paisagismo transformaram os degraus em verdadeiros monumentos. Vale a pena visitar o Eugenstaffel, o Willy-Reichert-Staffel, o Sängerstaffel, o Sünderstaffel e o Hasenbergstaffel.

Cidade-jardim

Stuttgart é uma das cidades mais verdes da Europa. Vinhedos, florestas e parques circundam a cidade e compõem a paisagem da capital. O cinturão verde da cidade é um complexo paisagístico de oito quilômetros, construído em 1993. O belo passeio pode ser complementado com uma visita aos parques de Weissenburg e Hohenheimer, nas proximidades de Stuttgart.

Quem quiser conhecer o parque Killesberg, pode ainda ter uma vista panorâmica da cidade, do alto da torre de mesmo nome, uma construção moderna de 40 metros de altura.

Carros e mais carros

O novo Museu Mercedes-Benz em StuttgartFoto: picture-alliance / dpa

Os automóveis são, para muitos, a primeira associação com o nome da cidade. Também não é para menos: Stuttgart é um capítulo à parte na história da indústria automobilística internacional. Nomes como o de Gottlieb Daimler, Carl Benz, Wilhelm Maybach e Ferdinand Porsche estão muito ligados a Stuttgart.

Atualmente, as sedes da DaimlerChrysler e da Porsche estão na cidade, além – é claro – dos seus respectivos museus, um passeio imperdível para quem se interessa por carros e pela história do desenvolvimento da engenharia de automóveis.

Uma curiosidade: o símbolo da Porsche reproduz as armas da cidade. O cavalo preto em um escudo amarelo relembra as origens de Stuttgart.

Vida cultural

Para os aficionados das artes, Stuttgart oferece muitas opções. Imperdíveis são a galeria de arte (Staatsgalerie) e o museu de arte (Kunstmuseum). Espetáculos de dança, ópera, teatro de marionetes, balé, e exposições acontecem durante todo o ano. Basta conferir a programação no centro de informações turísticas, que fica na Königstrasse.

O grupo Fantastische Vier levou o dialeto da cidade para o cenário musicalFoto: Popkomm

Quem tiver a sorte de visitar a cidade durante o festival umsonst & draussen não pode perder a oportunidade de conferir um dos melhores eventos gratuitos e ao ar livre. O festival acontece sempre no gramado do campus universitário em Vaihingen, em agosto.

O cenário musical também promete. Uma noitada na cidade explica por que a cidade é o berço do hip-hop na Alemanha.

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