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Covid-19: Suécia começa a abandonar "modelo sueco"

24 de novembro de 2020

Com casos de covid-19 crescendo em ritmo alarmante, governo determina que eventos não poderão reunir mais de oito pessoas. Saudada como modelo por populistas, Suécia tem registrado números piores que países vizinhos.

Transeuntes em Estocolmo em outubro de 2020
Rua comercial de Estocolmo em outubro, com nenhuma pessoa usando máscaraFoto: Amir Nabizadeh/TT News Agency/REUTERS

As autoridades da Suécia começaram a aplicar nesta terça-feira (24/11) uma nova medida de restrição, que limita a oito o número de pessoas que podem se reunir em público, com o objetivo de combater o forte aumento nas infecções pelo novo coronavírus no país.

Uma exceção foi feita para funerais, que poderão reunir no máximo 20 pessoas.

Até esta terça, eventos públicos tinham de respeitar limites que variavam de 50 a 300 participantes, dependendo do tipo de evento.

Assim, entra em vigor a segunda medida de restrição anunciada em menos de uma semana pelas autoridades suecas, após terem imposto a proibição de venda de álcool a partir das 22h e a obrigação de fechamento de bares, restaurantes e clubes noturnos até as 22h30.

"Um número muito grande de pessoas negligenciou os alertas e recomendações", disse o premiê Stefan LöfvenFoto: DPR/picture alliance

As restrições não valem para encontros privados, para os quais o governo não tem poder para impor limitações. Porém, o primeiro-ministro Stefan Löfven ressaltou a importância de a população se abster de festas privadas e idas a piscinas públicas, academias de ginástica e shopping centers e, sempre que possível, evitar o transporte público.

"O pequeno alívio que tivemos no verão e no outono acabou", declarou Löfven, em discurso televisivo à nação, o que é pouco usual. "Um número muito grande de pessoas negligenciou os alertas e recomendações."

"Mais pessoas estão se infectando. Mais leitos de UTIs estão sendo utilizados para pacientes muito doentes de covid-19. Mais pessoas estão morrendo", disse.

Modelo para populistas

O país, de 10,3 milhões de pessoas, registrou cerca de 210 mil infecções e mais de 6.400 mortes relacionadas com a covid-19.

A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes é de 62,91, muito à frente de seus vizinhos escandinavos, que adotaram medidas mais duras desde o início da pandemia. A Noruega, por exemplo, tem uma taxa de mortalidade de 5.76. A Dinamarca, de 13.52.

No início da pandemia, a Suécia adotou medidas bem mais leves do que outros países europeus para fazer frente à pandemia, e o governo não impôs restrições, mas emitiu recomendações. Cafés e restaurantes permaneceram abertos. Com as novas medidas, eles continuarão abertos, mas uma mesa não poderá reunir mais de oito pessoas.

Ao longo da crise global, a Suécia foi apontada frequentemente como um modelo a seguir por diversos governantes populistas do mundo que ainda resistem a adotar medidas mais severas contra a pandemia, como o brasileiro Jair Bolsonaro e o americano Donald Trump. 

Apesar de ter adotado inicialmente um modelo mais flexível que seus vizinhos, sem impor um lockdown ou medidas mais severas de confinamento, a Suécia também sempre esteve longe de permanecer num caminho de normalidade, como propagandeou Bolsonaro, seja pelo alto número de mortes em comparação com vizinhos, seja pela falsa noção de que pouco mudou na economia por causa da pandemia.

No primeiro semestre, o país chegou a determinar o fechamento de instalações esportivas, baniu aglomerações com mais de 50 pessoas e visitas a casas de repouso e fechou colégios e universidades. Uma boa parte da população também passou a trabalhar em casa. O governo também sempre incentivou medidas de distanciamento social, e restaurantes que descumpriram regras de distanciamento entre os clientes chegaram a ser fechados.

AS/afp/dpa/efe

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