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Suécia isola a extrema direita

19 de janeiro de 2019

Após meses de impasse, partidos chegam a acordo para manter social-democrata como premiê no país escandinavo e deixar populistas longe do poder. Sobrevive assim um dos últimos governos de centro-esquerda da Europa.

O primeiro-ministro sueco Löfven conseguiu se manter à frente do governo
O primeiro-ministro sueco Löfven conseguiu se manter à frente do governoFoto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini

O social-democrata Stefan Löfven tomará posse nesta segunda-feira (21/01) para mais um mandato como primeiro-ministro da Suécia, após um pacto no Parlamento, na sequência de quatro meses de paralisa política, para isolar a extrema direita do poder. 

O impasse político na Suécia se estendia desde setembro, quando o Partido Social-Democrata, do premiê Löfven, obteve seu pior resultado em um século nas urnas, em meio à ascensão dos Democratas Suecos, uma legenda de origem nazista e retórica anti-imigração.

Como ficou definido em apertada votação no Parlamento na sexta-feira, Löfven vai liderar um frágil governo de minoria, em parceria com o Partido Verde. Para se manter no poder, ele obteve apoio de parte de uma aliança opositora de centro-direita.

"Nota-se como partidos populistas e racistas fortaleceram suas posições ao redor do mundo”, disse o deputado liberal Jan Bjorklund, que apoiou a formação do governo, citando França, Estados Unidos e Hungria como exemplo. "Mas nós, na Suécia, escolhemos outro caminho.”

Na Suécia, o primeiro-ministro pode governar em minoria, desde que não haja uma aliança majoritária contra ele. "Serão quatro anos difíceis”, afirmou Löfven.

As eleições de setembro na Suécia geraram um Parlamento em que os blocos de centro-direita e centro-esquerda ficaram com cerca de 40% das cadeiras cada, insuficientes para que governassem de forma independente.

Os populistas de direita obtiveram 17% dos votos na eleição, e nenhum partido aceitou fazer aliança com eles. Com a formação do novo governo, os Democratas Suecos ficam como a terceira maior força de oposição, com 62 dos 349 deputados do Parlamento.

Com 10 milhões de habitantes, a Suécia concedeu refúgio a cerca de 160 mil pessoas em 2015 – maior número de refugiados per capita na Europa, tema que polarizou os eleitores durante a campanha para o pleito de setembro. 

Os números de 2015 exacerbaram temores sobre o sistema de bem-estar social da Suécia, que, na visão de muitos eleitores, já estaria em crise, apesar da queda contínua no número de refugiados a entrar no país desde então.

As crescentes filas para cirurgias críticas no sistema de saúde, a falta de médicos e professores, assim como o fracasso da polícia em lidar com a violência de gangues têm, na visão de especialistas, abalado a fé no "modelo sueco", baseado na promessa de inclusão social.

Como parte do acordo para dar sobrevida a um dos últimos governos de centro-esquerda da Europa, social-democratas e verdes assinaram uma declaração de intenções de 73 pontos, que incluí uma série de pautas de legendas conservadoras. Entre os itens, está a obrigatoriedade de teste de língua sueca para se tornar cidadão; corte nos impostos; e flexibilização das leis trabalhistas. Também foi descartada qualquer influência do partido A Esquerda, herdeiro do antigo Partido Comunista sueco.

RPR/afp/ap

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