Suíça entra na ONU com neutralidade
10 de setembro de 2002Para que todo o mundo integre a Organização das Nações Unidas, com sede em Nova York, falta só a adesão do Vaticano, Taiwan, Saara Ocidental e os palestinos ainda em luta por um Estado independente. Depois de longa resistência, a Suíça tornou-se, finalmente, membro da ONU, nesta terça-feira (10), embora abrigue, há décadas, a sede da organização na Europa e várias instituições internacionais. O longo processo de integração do país alpino na comunidade internacional foi custoso até o fim, em função de sua tradicional neutralidade indiscutível.
Decisão no segundo plebiscito
O plebiscito que permitiu a filiação do país conhecido por seu sistema bancário aconteceu em março de 2002. Não só a maioria de todos os eleitores, mas a maior parte dos 26 cantões e subcantões tinha que dizer sim à integração da Suíça na ONU. A decisão positiva do eleitorado autorizou a câmara alta do Legislativo suíço a formalizar o pedido de filiação ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
O plebiscito de março passado foi o segundo para decidir se a Suíça deveria ou não ser membro da ONU. No primeiro, em 1986, a maioria dos eleitores foi claramente contra. Mas os sinais dos tempos também deixaram marcas no pequeno país de pouco mais de 7 milhões de habitantes com renda per capita de 38.380 dólares (em 1999). A do Brasil era de 3430 dólares no mesmo ano.
Praça do mercado do mundo
Nos tempos de globalização, os países acercam-se cada vez mais estreitamente e assim torna-se mais importante o papel da ONU como "praça do mercado" do mundo. Todos se reúnem para discursar e debater na sede em Nova York. Portanto, em princípio, só lá os problemas da globalização podem ser mantidos sob controle, futuramente. Em retribuição e estímulo a seus esforços pela paz global, a ONU e o secretário-geral, Kofi Annan, receberam o Prêmio Nobel da Paz de 2001.
A Suíça quer ser ativa e engajada na política internacional, na sua nova posição de membro da ONU, anunciou o governo suíço. Quando começar a 57ª Assembléia-Geral da ONU, a primeira com a Suíça como membro, o novato pretende apresentar-se de forma consciente do seu novo papel, mas não como doutrinador, segundo o Ministério das Relações Exteriores, em Berna.
Fortuna de ditadores
Conhecido mundialmente por causa de seus grandes bancos e segredo bancário, que ocultaram fortunas roubadas de ditadores de várias partes do mundo, o Estado alpino prometeu agora dar maior peso ao seu engajamento no direito internacional humanitário, na política de sanções e nas reformas da ONU.
Os custos do ingresso da Suíça na ONU serão limitados. Cerca de 50 milhões de francos (34 milhões de euros) terão de ser transferidos, adicionalmente, para Nova York, além do meio bilhão de francos que já fluem anualmente. Um preço moderado para o direito de co-participação de um país rico.