Brienz pode ser soterrada por terra e rochas que se soltam de encosta. Geólogos consideram instável entre 6 e 8% do território suíço. País monitora essas áreas e organiza evacuações a tempo de evitar tragédias.
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A Suíça evacuou nesta sexta-feira (12/05) a vila de Brienz, no sudeste dos Alpes suíços, devido ao risco de um deslizamento de terra e rochas soterrar a região. Pouco mais de 80 moradores da região foram obrigados a deixarem suas casas. A defesa civil realizou uma inspeção para garantir o cumprimento da medida.
Segundo geólogos, Brienz pode ser atingida por um deslizamento de terra entre quatro e 14 dias. A vila é situada no pé de uma encosta sem vegetação, por onde rochas começaram a deslizar nos últimos dias. A instabilidade da situação levou a autoridades a ordenar a evacuação do vilarejo e de um raio de 3,5 quilômetros na região.
Autoridades afirmam que 2 milhões de metros cúbicos de rocha, o equivalente a cerca de 800 piscinas olímpicas, podem se soltar em breve e destruir as casas da região. O norte e o oeste da vila são os locais que estão mais em risco.
A possibilidade do desaparecimento de Brienz, embora alguns especialistas não acreditem que isso possa realmente ocorrer, chamou a atenção da imprensa suíça. "Não sabemos se a nossa Brienz continuará existindo em duas semanas", relatou Anna Bergamin, uma moradora da vila, à agência de notícias suíça ATS.
"É um grande desafio para nós. É muito pouco tempo, mas é viável", contou Hannecke Bonifaci, outra moradora. A ordem de evacuação ocorreu no início desta semana e os habitantes tinham até a noite desta sexta para deixarem suas casas.
Fenômeno não tão raro
Essa não é a primeira vez que um deslizamento de terra e rochas ameaça uma vila nos Alpes suíços. Em 2017, um desastre deste tipo obrigou à evacuação de 200 moradores da vila de Bondo, na mesma região. Na ocasião, 3 milhões de metros cúbicos caíram pela encosta causando um prejuízo de mais de 40 milhões de euros à vila.
A pior catástrofe deste tipo no país ocorreu em 1806, quando um deslizamento de 40 milhões de metros cúbicos de terra soterrou 457 pessoas e centenas de cabeças de gado.
Geólogos consideram instável entre 6 e 8% do território suíço. O país, porém, monitora as áreas de risco e organiza evacuações a tempo de evitar tragédias.
Segundo autoridades suíças, as mudanças climáticas estão aumentando os riscos de catástrofes naturais no país, incluindo o aumento da erosão devido ao aumento de temperatura.
cn (efe, Reuters, AFP)
Como as mudanças climáticas impactaram 2022
Calor, seca, incêndios, tempestades extremas, inundações – mais uma vez, o ano foi marcado por muitos eventos climáticos direta ou indiretamente influenciados pelas mudanças climáticas. Uma retrospectiva em fotos.
Foto: Thomas Coex/AFP
Na Europa, 2022 foi mais quente e seco do que nunca (agosto)
Calor extremo e a pior seca em 500 anos marcaram o verão na Europa. Na Espanha, mais de 500 pessoas morreram na onda de calor mais forte já registrada no país, com temperaturas acima de 45º C. No Reino Unido, o termômetro bateu 40º C pela primeira vez. Partes do continente nunca estiveram tão secas nos últimos mil anos, e muitas regiões racionaram água.
Foto: Thomas Coex/AFP
Graves incêndios devastaram a Europa (julho)
De Portugal, Espanha e França, no oeste, passando pela Itália até a Grécia e Chipre, no leste, e a Sibéria, no norte, florestas estiveram em chamas em todo o continente em 2022. Os incêndios queimaram cerca de 660 mil hectares somente até meados do ano, um recorde desde o início dos registros, em 2006.
Chuvas de monção extremas caíram sobre o Paquistão. Cerca de um terço do país ficou debaixo d'água, 33 milhões de pessoas perderam suas casas, mais de 1.100 morreram e as doenças estão se espalhando. Chuvas extremamente fortes também atingiram o Afeganistão. Milhares de hectares de terra foram destruídos. A fome no país está piorando.
Foto: Stringer/REUTERS
Calor, seca e tufões afetaram a Ásia (agosto e setembro)
Antes das enchentes, o Afeganistão e o Paquistão, assim como a Índia, tiveram calor extremo e seca. A China passou por sua seca mais extrema em 60 anos e seu pior calor já registrado. No outono, 12 tufões assolaram a China. Coreia do Sul, Filipinas, Japão e Bangladesh também sofreram com fortes tempestades, que estão se tornando cada vez mais fortes devido às mudanças climáticas.
Foto: Mark Schiefelbein/AP Photo/picture alliance
Na África, consequências dramáticas
O clima no continente africano está esquentando mais rápido do que a média global. Por isso, a África é particularmente afetada por mudanças nas chuvas, secas, tormentas e inundações. Na Somália, a seca de 2022 foi a pior em 40 anos. Um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas. Na foto, um alagamento no Senegal em julho.
Foto: ZOHRA BENSEMRA/REUTERS
Fuga e fome nos países africanos
Estiagens e inundações tornam difícil a criação de gado ou a agricultura em cada vez mais regiões do continente africano. Como resultado, mais de 20 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome, principalmente na Etiópia, na Somália e no Quênia.
Foto: Dong Jianghui/dpa/XinHua/picture alliance
América do Norte: Incêndios e inundações
No final do verão no Hemisfério Norte, incêndios graves ocorreram nos estados americanos da Califórnia, Nevada e Arizona, em particular. Uma cúpula de calor se formou em todos os três estados, com temperaturas chegando a 40º C. No início do verão, fortes chuvas haviam causado grandes alagamentos no Parque Nacional de Yellowstone e no estado de Kentucky.
Foto: DAVID SWANSON/REUTERS
América e Caribe: ciclones violentos
Em setembro, o furacão Ian causou grande devastação no estado americano da Flórida. As autoridades falaram de "danos em escala histórica". O Ian já havia passado por Cuba, onde causou interrupção no fornecimento de eletricidade por vários dias. O ciclone tropical Fiona se moveu até a costa leste do Canadá depois de causar graves danos inicialmente na América Latina.
Foto: Giorgio Viera/AFP/Getty Images
Tempestades tropicais devastam América Central
Não apenas o Fiona assombrou a América Central. Em outubro, o furacão Julia trouxe devastação severa a Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Devido ao aquecimento global, as superfícies dos oceanos estão esquentando, o que torna os furacões mais fortes.
Foto: Matias Delacroix/AP Photo/picture alliance
Seca extrema na América do Sul
Há uma seca persistente em quase todo o continente sul-americano. No Chile, por exemplo, isso ocorre desde 2007. Desde então, a água dos córregos e rios em muitas regiões diminuiu entre 50% a mais de 90%. Em regiões do México, quase não chove há vários anos consecutivos. Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia, Panamá e partes do Equador e da Colômbia também sofrem com a seca.
Foto: IVAN ALVARADO/REUTERS
Alagamentos na Austrália e Nova Zelândia
Na Austrália, fortes chuvas em 2022 causaram graves inundações várias vezes. De janeiro a março, choveu tanto na costa leste quanto na Alemanha durante todo o ano. A Nova Zelândia também foi afetada. O responsável é o fenômeno climático La Niña, que é amplificado pelas mudanças climáticas, pois a atmosfera mais quente absorve mais água e as chuvas aumentam.