Temperatura em média 3,4 graus mais alta altera paisagens nos Alpes, prejudica hotéis e estações de esqui e frustra praticantes de esporte de inverno. É o terceiro ano seguido com pouca ou nenhuma neve na época de Natal.
Turista caminha com esqui na montanhas de Engelberg, sem qualquer vestígio de neve em pleno invernoFoto: picture-alliance/dpa/S. Tischler
Anúncio
Céus azuis, montanhas verdes, plantas querendo florescer, entusiastas do esqui frustrados: a Suíça, país que praticamente inventou o turismo de inverno, deverá ter o mês de dezembro mais quente em 150 anos, quando começaram a ser feitas medições.
Segundo a agência nacional de meteorologia e climatologia (MeteoSwiss), a temperatura no último mês do ano está até agora 3,4 graus Celsius acima da média histórica para dezembro.
"Não há nenhuma dúvida sobre isso", diz o climatologista Stephan Bader, da MeteoSwiss. "É o dezembro mais quente em nossas medições registradas desde 1864 – claramente. E está especialmente pronunciado em altitudes maiores".
O tempo seco e as encostas sem neve já afetam o turismo nos Alpes. Trabalhadores temporários – como operadores de teleférico e empregados de hotéis – aguardam já há semanas para serem chamados, na espera de que a neve enfim caia.
Alguns torneios importantes do esporte de inverno mundial estão sendo disputados com auxílio de neve artificial, em meio a uma paisagem verde, que mais lembra o início da primavera.
A temperatura no último mês do ano está 3,4 graus acima da média histórica para dezembroFoto: picture-alliance/dpa/S. Tischler
A tradicional Saint-Moritz, no sudeste da Suíça, tem apenas 15 centímetros de neve nas suas pistas mais altas e está distribuindo aos visitantes uma lista com 400 coisas para se fazer caso não neve. Esta é a terceira temporada de fim de ano seguida com pouca ou nenhuma neve nos Alpes.
A MeteoSwiss prevê que 2015 quebrará o recorde anual pela terceira vez. Globalmente, este ano será o mais quente da história, e 2016 pode ter temperaturas ainda mais elevadas devido à ação do fenômeno climático El Niño.
Giro por um mundo transformado pelo clima
As mudanças do clima global estão alterando a face do mundo, do derretimento do gelo polar e elevação do nível do mar à migração da vegetação. Quem quiser mostrar aos filhos como é uma geleira de verdade, que se apresse.
Foto: Reuters/Mariana Bazo
Mundinho pequeno
Mesmo se conseguirmos manter o aquecimento global abaixo de 2°C, 2015 poderá ser o ano mais quente já registrado desde a era pré-industrial. O risco de o nível do mar subir mais de um metro e submergir Amsterdã persiste. Se continuarmos a emitir dióxido de carbono na velocidade atual, até 2100 a Terra terá se aquecido em 4°C – e Nova York estará sob o mar.
Foto: CC BY 2.0 Duncan Hull
Recifes de coral por um fio
Mergulhar na Austrália para admirar os belos recifes de coral pode ser um prazer com dias contados, pois o aquecimento global vai destruindo esses ecossistemas submarinos. As águas cada vez mais quentes causam a descoloração dos corais, e um aumento de 2°C pode dissolvê-los. O acréscimo de CO2 torna a água dos oceanos mais ácida, impedindo o crescimento normal das estruturas calcárias.
Foto: picture-alliance/ dpa
Alpes sem esqui
O aquecimento nos Alpes é "três vezes a média global", segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O nível de neve diminui a cada ano e a vegetação conquista montanhas mais altas. Estações de esqui nas zonas inferiores estão ameaçadas de falência. Alguns resorts até cobrem a neve com material reflexivo durante os meses mais quentes, na tentativa de deter o derretimento.
Foto: picture-alliance/chromorange
Veneza – beleza submersa?
A italiana Veneza é apenas uma entre as cidades ameaçadas de desaparecer com a subida do nível do mar. Ou de se tornar inabitável, devido a inundações e tempestades cada vez mais fortes. O mesmo medo atinge Miami, Nova York, Santo Domingo, Bangkok, Barranquilla, Hong Kong, Cidade de Ho Chi Minh, Palembang, Tóquio, Mumbai, Alexandria, Amsterdã: todas elas correm risco.
Foto: picture-alliance/dpa
Passagem Noroeste
O derretimento das geleiras está permitindo que navios cortem caminho entre a Europa e a Ásia pela historicamente intransitável Passagem Noroeste. Em 2007, a Agência Espacial Europeia anunciou que o trecho estava "inteiramente navegável". Embora ainda não esteja suficientemente livre para navios de carga, os cruzeiros agora já oferecem uma rota antes reservada aos aventureiros e exploradores.
Foto: DW/I.Quaile
Elefantes em perigo
O aumento populacional e as mudanças climáticas afetam os animais. Eles lutam para se ajustar às secas cada vez mais frequentes e intensas, ondas de calor, tempestades e o aumento do nível do mar. A organização de proteção ambiental WWF incluiu o elefante africano na lista das espécies e lugares atingidas pelas mudanças climáticas, juntamente com as tartarugas, tigres, golfinhos e baleias.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca californiana
As mudanças climáticas são claramente visíveis no estado americano da Califórnia, que é afetado por fortes períodos de seca. Os últimos três anos foram os mais quentes de todos os tempos. Quem quiser passear pelas plantações de amêndoas na Califórnia, as de café no Brasil ou os campos de arroz no Vietnã, é agora ou nunca.
Foto: Reuters/L. Nicholson
Escalando as últimas geleiras
A lista do Patrimônio Mundial da Humanidade inclui numerosas belezas naturais, mas com um aquecimento global de 3°C, 136 dessas 700 maravilhas serão afetadas. Entre elas o Glacier National Park, nos EUA, onde os efeitos das mudanças climáticas estão sendo estudados. Das 150 geleiras existentes aqui no século 19, sobravam 24 em 2010. A previsão é que em 2030 o parque estará privado de todas elas.
Foto: gemeinfrei
Mudança climática a domicílio
Se depois de todas essas imagens, você ainda não teve vontade de conhecer nenhum desses lugares, pode ficar onde está. As mudanças climáticas poderão vir bater à sua porta, sem que você sequer precise se levantar do sofá. A Climate Central acredita que mais de 150 milhões de pessoas moram em áreas que serão submersas ou estarão sujeitas a inundações constantes até 2100. Ou mesmo bem antes disso.