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Suíças fazem greve contra desigualdade de gênero

Elizabeth Schumacher ca
14 de junho de 2019

Por mais salário, tempo e respeito, mulheres saem às ruas da Suíça. País fica atrás de muitos da Europa Ocidental, incluindo França e Alemanha, quanto à igualdade entre homens e mulheres.

Mulheres protestam pela igualdade de gênero em Lausanne, na Suíça
Mulheres protestam na cidade suíça de LausanneFoto: Getty Images/AFP/F. Coffrini

Mulheres entraram em greve em toda a Suíça nesta sexta-feira (14/06), exigindo o fim da desigualdade de gênero. "Salário, tempo, respeito" é o lema da greve, organizada para destacar os obstáculos que as mulheres no país, especialmente as imigrantes, enfrentam diariamente.

A Suíça não estabeleceu plenamente o sufrágio feminino até 1971 e, embora a igualdade de gênero tenha sido consagrada em sua Constituição uma década mais tarde, estudos sugerem que a paridade entre homens e mulheres ainda está muito distante de ser uma realidade no país.

O Índice Global de Diferenças de Gênero, publicado todos os anos pelo Fórum Econômico Mundial, coloca a Suíça na 20ª posição no mundo, não somente muito abaixo dos países escandinavos que ocupam os primeiros lugares, mas também bem aquém dos vizinhos França (12°) e Alemanha (14°).

No relatório do Fórum Econômico Mundial, a Suíça aparece na 44ª posição em termos de igualdade salarial e na 59ª quando se trata da partilha de posições no mundo profissional, especialmente em cargos de chefia na política e nos negócios.

"Uma das principais diferenças entre homens e mulheres no local de trabalho tem a ver com a licença parental", afirma Desiree Millet, professora escolar que mora e trabalha nos arredores de Zurique. "As mulheres têm 14 semanas de licença, mas os homens não ganham nada, então, se você adicionar isso às muitas responsabilidades familiares que se presume que as mulheres devem assumir, muitos empregadores simplesmente decidem que não vale a pena contratá-las."

O fato de a Suíça, especialmente Zurique, ter um dos custos de vida mais altos no mundo acentua esse problema, aponta Millet. "A despesa com os cuidados infantis é tão exorbitante que, a menos que ambos os parceiros tenham bons salários, faz mais sentido ficar em casa, porque não se pode trabalhar meio expediente em muitas profissões. Então, obviamente, isso é esperado da mãe, e não do pai."

Millet disse à DW que gostaria de participar da greve, mas as professoras de escolas, apesar de pertencerem a uma profissão tradicionalmente ocupada por mulheres na Suíça, estão proibidas de tomar parte em protestos trabalhistas. Isso porque as escolas, segundo o governo, são instituições públicas, e a greve viola as rígidas regras de neutralidade que regem as organizações governamentais na Suíça.

Uma escola no distrito de Wiedikon, em Zurique, foi forçada pela administração municipal a retirar seus cartazes de apoio à sua força de trabalho majoritariamente feminina. Uma faixa com os dizeres "112 mulheres trabalham aqui" foi removida nesta quinta-feira, e as duas diretoras da escola foram criticadas por políticos locais.

"A igualdade salarial entre homens e mulheres é um tema importante", disse o representante distrital na prefeitura, Patrice Martin Zumsteg, ao jornal Neue Zürcher Zeitung. "Mas, como cidadão, para mim é importante que a diretoria escolar mantenha a neutralidade política obrigatória de escolas públicas."

O vereador conservador recebeu apoio do nacionalista Partido Popular Suíço (SVP). A legenda acusou os professores de espalhar "material de propaganda".

Muitas mulheres suíças, incluindo Millet, contestam a ideia de que exigir igualdade entre homens e mulheres é o mesmo que tomar partido na política.

"Em regiões onde o governo e os políticos já anunciaram o desejo de implementar a igualdade salarial, as mulheres deveriam ter o direito de chamar atenção para o fato de que isso ainda não é uma realidade para elas", diz ela.

As diretoras escolares Lilian Hurschler e Barbara Meier disseram ao Neue Zürcher Zeitung que ficaram chocadas com a acusação de que suas faixas tinham uma conotação política.

"Tivemos somente reações positivas de alunos e pais", afirmaram as diretoras, dizendo que as faixas foram uma ideia de toda a equipe escolar. "Há tantas mulheres trabalhando em nossa escola que pensamos que devemos fazer alguma coisa."

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