Submarino alemão da Primeira Guerra é encontrado na Bélgica
19 de setembro de 2017
Carcaça bem preservada de embarcação pode conter restos mortais dos 23 tripulantes, segundo autoridades belgas. Uso de submarinos era parte da tática de guerra alemã para interromper rotas comerciais britânicas.
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A carcaça bem preservada de um submarino alemão da Primeira Guerra foi encontrada na costa da Bélgica, no Mar do Norte, e pode conter os corpos dos 23 membros da tripulação, comunicaram autoridades belgas nesta terça-feira (19/09).
O submarino naufragado foi descoberto há alguns meses pelo mergulhador e especialista em arqueologia marinha Thomas Termote, mas sua localização exata é mantida em segredo para dissuadir caçadores de tesouros. Sabe-se apenas que a embarcação está a cerca de 30 metros de profundidade em águas próximas ao porto de Ostende. Termote disse que o bom estado do submarino sugere que os restos mortais dos tripulantes ainda poderiam estar dentro.
Este é o 11º submarino militar alemão da Primeira Guerra (1914-1918) encontrado em águas belgas, além de ser o exemplar mais bem preservado até então, comunicou o diretor do Instituto Marinho de Flandres, Jan Mees. "O submarino está intacto, tudo ainda está fechado. Isso foi o que Termote viu durante sua primeira visita", disse.
O dano na proa do submarino indica que a embarcação pode ter sido atingida por uma mina. Dois tubos de torpedos foram destruídos, mas a estrutura inferior está intacta e selada.
O submarino teria tido 22 tripulantes e um comandante a bordo, disse o governador da província de Flandres Ocidental, Carl Decaluwe, ao diário belga De Standaard. "Todas as escotilhas ainda estão fechadas. Isso sugere que o naufrágio não foi descoberto antes e, além disso, que os 23 membros da tripulação ainda estão dentro."
O uso de submarinos na Primeira Guerra para interromper as rotas comerciais britânicas no Canal da Mancha e no Mar do Norte foi uma parte fundamental da tática de guerra alemã. Durante o conflito, a Marinha alemã usou o porto belga de Zeebrugge como base para seus submarinos.
Os 93 submarinos estacionados na Bélgica abateram mais de 2.500 embarcações. Por outro lado, também foram alvos: 70 submarinos alemães ficaram perdidos no mar, matando 1.200 marinheiros. Para combater a ameaça submarina, os britânicos tentaram bloquear a saída do porto de Zeebrugge em abril de 1918, afundando embarcações velhas no canal de entrada.
PV/rtr/ap/afp
A Grande Guerra na Bélgica
"Expo 14-18. Essa é a nossa história: Exposição na Bélgica". Mostra no Museu belga das Forças Armadas o destino do país de pequena extensão, que foi palco de uma das mais sangrentas batalhas de todos os tempos.
Foto: DW/B. Riegert
Canhões falam...
Após o fracasso da política e da diplomacia, as grandes potências europeias se enfrentaram em território belga. O país, ocupado pelos alemães, se transformou num campo de batalha. A mostra "Expo 14-18. Esta é a nossa história", em Bruxelas, relembra o conflito que aconteceu há 100 anos.
Foto: DW/B. Riegert
Luta entre dois líderes
O imperador alemão Guilherme 2° (ao centro, em pé) enfrenta o próprio parente, o rei da Bélgica, Alberto 1° (à direita). Ligações familiares não ajudaram. Alberto 1° se transforma em herói de guerra e Guilherme 2° acaba perdendo o poder. A Primeira Guerra Mundial significou, para a Bélgica, o duelo entre estes dois homens (Foto de 1910).
Foto: DW/B. Riegert
Ultimato
O imperador alemão ameaçou, no dia 2 de agosto de 1914, invadir a Bélgica. Na imagem, o despacho escrito a mão, que hoje se encontra no Ministério do Exterior em Berlim. O rei Alberto 1° ignorou o ultimato. Os alemães atacaram e ocuparam a Bélgica quase toda até 1918. O próprio rei Alberto lutou na frente de guerra. Por fim, ele recebeu a ajuda de britânicos e norte-americanos.
Foto: DW/B. Riegert
Mapa do horror
Na exposição em Bruxelas, o chão está pintado com os mapas das cidades e frentes de guerra. Num contêiner multimídia, há informações sobre a invasão alemã e a batalha às margens do rio Yser. Os visitantes se movem na penumbra, enquanto dos alto-falantes se ouvem tiros.
Foto: DW/B. Riegert
"Ninguém queria esta guerra"
Elie Barnavi, professor emérito de história de Tel Aviv, assessorou os organizadores da exposição. Segundo ele, ninguém queria essa guerra que destruiu a Bélgica e a tornou um país ocupado. Mas nenhum líder impediu o conflito, completa Barnavi. Muitos inocentes sofreram – isso fica claro na mostra "Expo14-18".
Foto: DW/B. Riegert
Guerra de trincheira
Em trincheiras, como nesta réplica, soldados dos dois lados se enfrentavam. Eles sacrificaram suas vidas em ataques vãos. A frente de guerra se manteve praticamente sem mudanças durante quatro anos.
Foto: DW/B. Riegert
Tédio entre uma batalha e outra
A principal atividade dos soldados era esperar pelo próximo ataque, às vezes durante semanas. Alguns usavam o tempo para construir figuras ou modelos de tanques a partir de explosivos e restos de metal. Assim surgiu uma espécie de "arte das trincheiras".
Foto: DW/B. Riegert
Guerra de gases tóxicos
As tropas alemãs usaram, em 1915, nas proximidades de Ypern, gases tóxicos pela primeira vez. Os soldados belgas tentaram se proteger com óculos, lenços ou máscaras de gás. A substância tóxica e fatal foi usada depois disso em todas as batalhas, deixando um saldo de 1,2 milhão de feridos e 90 mil mortos.
Foto: DW/B. Riegert
Entre ruínas
A exposição mostra também que muitas cidades belgas ficaram completamente destruídas. Aqui, os visitantes da exposição se locomovem literalmente entre as ruínas de Ypern. Nas projeções na parede, os números de mortos, feridos e desterrados.
Foto: DW/B. Riegert
Ocupadores
O general alemão que administrava o país exigia obediência ao extremo. A população era intimidada com detenções e abastecimento precário. Mesmo assim, havia resistência em parte de Flandres. Mas houve também colaboradores.
Foto: DW/B. Riegert
Suvenires macabros
Em dezembro de 1915, os ocupadores alemães decoraram as árvores de Natal com bolas coloridas em forma de bombas e explosivos. E colocaram nelas os nomes das cidades belgas atacadas e destruídas.
Foto: DW/B. Riegert
Explosivos transformados em vasos
Depois do fim da guerra, artistas belgas transformaram os restos de munições, encontradas por todos os lados, em vasos. Uma arte singular do momento pós-guerra. Depois da libertação, os belgas partiram do princípio de que aquela "Grande Guerra" teria sido a última. Eles nem imaginavam que em 1940 a Alemanha viria a invadir e ocupar o país de novo.
Foto: DW/B. Riegert
Aprendizado
Um século depois da eclosão da Primeira Guerra Mundial, a exposição pergunta ao visitante: "E você? O que teria feito?". As respostas podem ser dadas de maneira interativa. "Há guerra justa? Por que causa você morreria hoje?" – estas são algumas das perguntas voltadas sobretudo para o público jovem da mostra.
Foto: DW/B. Riegert
Papoulas de lembrança
Papoulas estilizadas estão à disposição do visitante que quiser levar uma para casa. Com uma delas na lapela, os belgas relembram o horror da Primeira Guerra Mundial. A cor remete ao sangue nos campos de batalha. Papoulas vermelhas floresciam sobre as sepulturas dos soldados mortos.