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Submarinos que acharam Airbus podem ajudar na busca pelo MH370

Dennis Stute (ie)26 de março de 2014

Três submarinos não tripulados de alta tecnologia, um deles alemão, podem ser alternativa para procurar o aparelho da Malaysia Airlines. Em 2011, eles encontraram o avião da Air France que caiu no Atlântico Sul.

Foto: picture-alliance/dpa

As evidências de que, em 8 de março de 2014, o Boeing 777-200 da Malaysia Airlines caiu no sul do Oceano Índico, se solidificam. Primeiro, imagens de satélite mostraram possíveis destroços, cerca de 2 mil quilômetros ao sul da cidade australiana de Perth. No dia 24, o governo malaio reforçou a suspeita: o Setor de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB, na sigla em inglês) do Reino Unido analisara sinais do avião, captados por satélites da empresa Inmarsat, os quais apontavam para um acidente na região.

Se as equipes de busca agora encontrarem destroços atribuíveis de forma inequívoca ao voo MH370, poder-se-á delimitar ainda mais a área da queda. Peritos tentariam determinar a atividade das correntes marítimas desde o acidente, e aí uma minifrota de robôs submarinos autônomos do tipo Abyss – única no mundo – poderia ser mobilizada para a busca.

Busca conjunta

Existem no mundo três desses veículos submarinos não tripulados, em forma de charuto. Um deles pertence ao Centro Helmholtz de Pesquisa Oceânica Geomar, em Kiel, no norte da Alemanha, e dois ao Instituto Oceanográfico de Woods Hole, em Boston, Estados Unidos.

Os robôs conectados por "inteligência de enxame" (swarm intelligence) são os únicos capazes de, juntos, vasculhar sistematicamente o fundo do oceano a uma profundidade de até 6 mil metros, mapeando-o com tal detalhamento que até um objeto do tamanho de uma caixa de sapatos é visível.

Submarinos não tripulados navegam a grande profundidade e rastreiam o fundo do oceanoFoto: IFM Geomar

Como declarou o diretor do Centro Geomar, Peter Herzig, à Deutsche Welle, até agora não foi feita nenhuma solicitação de busca ao MH370. Contudo, ele já entrou em contato com a instituição parceira em Boston, e ambas estão preparadas para ajudar, com seus robôs Abyss.

O acidente do Airbus em 2009

No passado, o Geomar e o Woods Hole já provaram que podem ajudar. Após o acidente com o Airbus da Air France que ia do Rio de Janeiro para Paris, em 1º de junho de 2009, os três submarinos cartografaram – em duas expedições, em março-abril de 2010 e de 2011 – uma área de 2 mil quilômetros quadrados, no fundo do Atlântico Sul. Em 4 de abril de 2011 os robôs encontraram os destroços do voo AF-441, a mais de 4 mil metros de profundidade, bem na borda da área de busca.

A lição foi que as investigações só terão sucesso se os pesquisadores formarem uma noção exata da área do acidente. "Se os modelos fossem mais confiáveis, provavelmente teria sido possível economizar muito tempo de busca", diz Herzig. "Mas ainda assim é de espantar que, no fim, a área de busca estivesse tão bem delimitada."

Porção do Oceano Atlântico rastreada na busca pelo voo AF-447Foto: IFM Geomar

Cartografia tridimensional

Os submarinos são equipados com sonares de varredura lateral. Estes são sensores de ultrassom, instalados na parte de baixo do casco, à direita e à esquerda, que criam uma imagem tridimensional do solo submarino.

Como os três submarinos se intercomunicam, podem traçar suas rotas de forma que se complementem mutuamente. Cada veículo pode percorrer diariamente um trecho de pouco mais de 100 quilômetros, a 3,5 nós (cerca de 6,5 quilômetros por hora), flutuando entre 25 e 50 metros acima do fundo do mar.

Dependendo da topografia, cada submarino não tripulado pode cobrir uma faixa de até 100 metros de largura. Assim, em 24 horas, os três equipamentos combinados mapeiam cerca de 30 quilômetros quadrados. Então, eles transmitem sua localização a um navio que os recolhe, seus dados são lidos e as baterias, recarregadas.

Durante o percurso de varredura, o navio só pode enviar sinais de controle ao submarino em caso de emergência. Por sorte, isso quase nunca é necessário. "É um equipamento que já enfrentou numerosas missões e no qual, em principio, podemos confiar", diz Herzig. "Mas é claro que não podemos ter cem por cento de certeza de que ele vai sempre retornar à superfície."

Além de relevos, varreduras também revelam densidades relativas das áreas examinadasFoto: IFM Geomar

Metal, pedra, plástico

O sonar lateral não detecta apenas o formato da superfície, mas também a densidade dos materiais que encontra. "Sobretudo podemos distinguir entre pedras, depósitos sedimentares, metais e plástico", acrescenta Peter Herzig. Por isso para ele, na qualidade de geólogo, tais missões têm um significado que vai além da elucidação de tragédias aéreas.

"Esses 2 mil quilômetros quadrados são a área do fundo de oceano mais bem mapeada que existe" – o que é, decididamente, um ganho para a ciência. "Vimos que existem muito mais pequenas elevações, fendas e abismos. Tudo muito mais diferenciado do que quando se faz um mapa desses a partir de um navio flutuando a quatro quilômetros do fundo."

Com informações geológicas mais detalhadas, os mapas também podem ajudar na busca por matérias-primas. "Embora não se possa ver diretamente no mapa se há, por exemplo, rochas ou minério de metal, muitas vezes é possível deduzir isso a partir das condições gerais."

Por enquanto, o diretor do Geomar ainda espera uma solicitação para procurar pelo MH370. Nesse meio tempo, a equipe faz a manutenção necessária a que o robô Abyss esteja a postos, quando o pedido chegar. Por exemplo, pela primeira vez em cinco anos o submarino ganhou baterias novas – ao custo respeitável de 330 mil euros.

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