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Substâncias tóxicas presentes no dia a dia

Thomas Kohlmann (gb)12 de maio de 2015

Em encontro que vai até o fim da semana em Genebra, 140 países se unem para banir pesticidas e outros produtos químicos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Conheça os maiores vilões ainda utilizados na indústria.

Symbolbild Forschung Labor Reagenzgläser Chemie
Foto: Fotolia/Tom

Eles estão no dia a dia de muitas cidades e podem até parecer inofensivos. Mas é provável que você mude de ideia em relação aos chamados POPs — Poluentes Orgânicos Persistentes — quando biólogos detalham esses produtos químicos.

Em 1995, o conselho do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) convocou uma ação global para proibir aos POPs, que definiu como "substâncias químicas que permanecem no meio ambiente, são biocumulativas na cadeia alimentar e apresentam risco à saúde humana e ao meio ambiente."

A Convenção de Estocolmo em Poluentes Orgânicos Persistentes foi assinada em 2001 para "proteger a saúde humana e o meio ambiente", e foi colocada em prática três anos depois. Apenas alguns países, como Estados Unidos, Israel, Itália e Malásia, não ratificaram a convenção.

Os países que assinaram a convenção estão reunidos em Genebra até esta sexta-feira (15/05) para discutir sobre a gestão de produtos químicos e resíduos. A DW listou as subtâncias mais perigosas.

DDT

É um dos produtos químicos mais conhecidos. Ainda que a produção e o uso foram tenham sido eliminados nos países ocidentais há um bom tempo, em algumas regiões africanas o DDT ainda é usado para combater a malária.

DDT ainda é utilizado contra a malária na ÁfricaFoto: picture-alliance/dpa

Na lista dos POPs menos conhecidos figuram aldrina, clordano, dieldrina, endrina, heptacloro ou mirex. E provavelmente a maioria das pessoas nunca ouviu falar do hexaclorobenzeno (HCB) ou do toxafeno. Junto com as bifenilas policloradas, as dibenzeno-p-dioxinas policloradas e os dibenzenofuranos policlorados, eles formam o grupo dos vilões entre os produtos químicos.

Quando foi utilizado pela primeira vez em humanos, a fim de combater a transmissão da febre tifoide por piolhos, o DDT não causou problemas, já que tem não é facilmente absorvido pela pele humana. Mas, nos anos 1960, as pessoas começaram a se preocupar quando grandes quantidades de DDT foram detectadas em amostras de leite materno.

A produção de leite depende fortemente do uso de gordura corporal armazenada, e é aí que o DDT se acumula nos humanos. Em grandes quantidades, ele pode causar dor de cabeça, náusea, vômito, confusão e tremores, além da suspeita de aumentar o risco de câncer de mama nas mulheres.

Não apenas humanos, no entanto, são afetados. As cascas de ovos de grandes pássaros que estão no topo da cadeia alimentar, como águias, falcões, pelicanos e gaviões, podem sofrer afinamento.

Bifenilas policloradas (PCB)

São muito utilizadas nas indústrias elétrica e de equipamentos. Apesar do banimento do produto nos Estados Unidos, nos anos 1970, as PCBs foram produzidas em muitos outros países até a Convenção de Estocolmo, em 2001.

Lixo eletrônico tem alta probabilidade de conter PCBsFoto: picture-alliance/dpa

A bifenila policlorada consiste de finos líquidos coloridos até uma sólida cera amarela ou preta, apresentando alta gama de toxicidade. Por não ser inflamável, ter estabilidade química, alto ponto de ebulição e propriedades isolantes elétricas, o produto foi utilizado em centenas de aplicações industriais e comerciais, incluindo equipamentos elétricos e hidráulicos, além de tintas, plásticos, produtos de borracha, pigmentos, corantes e papéis para cópia.

Tal qual outros vilões, é conhecida por causar câncer, assim como prejudicar os sistemas imunológico, reprodutivo, nervoso e endócrino de seres humanos e animais.

Amianto

Devido à força e à resistência de suas fibras ao calor, o amianto foi utilizado durante décadas em materiais de construção como isolante e para retardar a ação do fogo. Hoje, na Alemanha, quando prédios com alta concentração de amianto são derrubados, o entulho é tratado como lixo tóxico. Desde que foi banido, em 1933, conceituado como cancerígeno, a eliminação completa do amianto tornou-se um processo caro.

Amianto ainda é amplamente utilizado na ÍndiaFoto: CC-BY-Biswarup Ganguly

Já a Índia é o mercado onde o amianto mais cresce. Nos últimos anos, a importação do produto por parte dos indianos quase quadruplicou — o governo estimula a indústria multibilionária de amianto com baixas tarifas sobre importações.

As fibras de amianto são alojadas no pulmão e podem causar doenças como o câncer. A Organização Internacional do Trabalho estima que 100 mil pessoas morrem anualmente devido à exposição ao amianto no local de trabalho.

Mercúrio

A maioria das pessoas lembra do mercúrio na infância: uma substância prateada dentro do termômetro, utilizado para medir a febre. Hoje, essa substância é menos utilizada em termômetros, mas muito em lâmpadas fluorescentes. Em minas, o mercúrio é utilizado para separar o ouro de outros minerais – o que deixa resíduos tóxicos.

Mercúrio pode causar sérios dados à saúde e, em casos extremos, levar à morteFoto: Fotolia/marcel

O mercúrio também se concentra nos peixes, entrando na cadeia alimentar dos seres humanos. Eventualmente, o composto químico se acumula também nos órgãos internos das pessoas. Níveis extremamente altos causam dor de cabeça, náusea e dores no peito.

Envenenamentos severos por mercúrio podem afetar o sistema nervoso central e resultar em comportamentos psicóticos, com delírios, alucinações e tendências suicidas. A exposição entre 150ml e 300ml é considerada letal.

Em janeiro de 2013, 140 países entraram em acordo na Convenção de Minamata sobre o Mercúrio, do Pnuma, a fim de prevenir emissões do produto químico. A convenção recebeu esse nome depois que milhares de pessoas na cidade japonesa de Minamata foram diagnosticadas com forte envenenamento por mercúrio via peixes contaminados, em meados dos anos 1950.