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Suecos contra gasoduto

Torsten Schäfer (as)20 de fevereiro de 2007

A oposição ao planejado pipeline que trará gás natural da Rússia para a Europa cresce principalmente na Suécia. Riscos ambientais preocupam os ambientalistas e políticos falam em espionagem.

Os trabalhos de construção do pipeline já começaram na cidade russa de BabaievFoto: PA/dpa

A ilha de Gotland, na Suécia, é conhecida por suas praias de areia branca, mas vem chamando a atenção por outro motivo: a crescente oposição dos habitantes locais à construção de um gasoduto pelo consórcio teuto-russo Nord Stream, que tem atrás de si a gigante russa Gazprom. A partir de 2010, a tubulação trará gás natural russo para Greifswald, no Estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.

"O pipeline passará ao lado da costa de Gotland", afirmou Åsa Andersson, do escritório sueco do Fundo Mundial para a Natureza (WWF). "Os riscos ambientais são preocupantes." O WWF exige alternativas ao atual traçado do gasoduto. "A Nord Stream deve considerar todos os cenários imagináveis, o que foi negligenciado até agora", criticou Andersson. Segundo ela, há outras rotas possíveis no Mar Báltico, pelas quais até mesmo já passam outros pipelines.

O megaprojeto está na fase de estudo de impacto ambiental. O processo está nas mãos do consórcio, que deverá apresentar o relatório final elaborado por especialistas até o próximo outono europeu. "Todos os pontos sensíveis serão rigorosamente verificados", afirmou o diretor do comitê de acionistas, o ex-chanceler federal Gerhard Schröder.

Caso um país tenha dúvidas sobre possíveis impactos ambientais do gasoduto, pode levantar objeções. Isso vale para a Alemanha, a Rússia, a Finlândia, a Dinamarca e a Suécia, já que a canalização atravessa suas zonas econômicas exclusivas. Outros países banhados pelo Mar Báltico, como a Polônia e os países bálticos, participam do processo na condição de ouvintes.

Armas químicas

Schröder: pontos sensíveis serão rigorosamente verificadosFoto: AP

Possíveis objeções ao projeto não são totalmente improváveis, pois as críticas vêm de todos os lados, especialmente da Suécia. Ambientalistas suecos criticam principalmente o fato de que o traçado do pipeline passa muito perto de regiões marítimas de proteção ambiental próximas a Gotland. Material tóxico que possa ser lançado ao mar durante o trabalho de construção do pipeline poderia prejudicar as regiões de proteção ambiental. Os pescadores da ilha temem ainda que o canal possa prejudicar a pesca com redes.

Mas a maior preocupação é causada pelas toneladas de armas químicas depositadas no fundo do mar desde a Segunda Guerra Mundial. "A munição representa um grande risco", disse Andersson. Com as explosões, produtos químicos perigosos poderiam ser liberados. "Os locais em que estão depositadas as armas químicas são conhecidos", rebateu o porta-voz da Nord Stream, Jens Müller. "O pipeline não passará nas suas proximidades." Além disso, segundo ele, o fundo do mar é sistematicamente verificado ao longo dos 1200 quilômetros do traçado marítimo.

Para Christian Dahlke, do Departamento Federal de Navegação Marítima e Hidrografia (BSH), as medidas de segurança adotadas pela Nord Stream são exemplares. "A Gazprom entendeu que o projeto deve seguir as normas européias", avaliou. Para ele, o pipeline não trará grandes problemas ambientais. "No Mar do Norte também não houve problemas com pipelines." Na Alemanha, o BSH é responsável pela avaliação do estudo de impacto ambiental do gasoduto.

Preocupações suecas

Gasoduto liga a Rússia à União EuropéiaFoto: dpa - Report

Os suecos dividem suas preocupações ecológicas sobretudo com os finlandeses e com os bálticos. Mas os suecos têm motivos próprios para se opor ao gasoduto: o gás natural não faz parte dos planos do país, que aposta cada vez mais na energia oriunda de fontes renováveis. "Não queremos substituir nossa dependência de petróleo pela de gás", afirmou o ministro da Economia da Suécia ao recusar a oferta da Nord Stream de fornecer diretamente gás ao país.

O gasoduto também se transformou numa questão de segurança. Como um submarino de espionagem russo encalhou na Suécia em 1981, políticos suecos temem que o serviço secreto russo faça mau uso do projeto. A oposição social-democrata e o Ministério da Defesa vêem no pipeline um risco para a segurança nacional.

A Suécia pode parar o projeto?

O que permanece em aberto é se a Suécia poderia parar o projeto. Para o consórcio Nord Stream, isso não é possível, mas juristas suecos afirmam que a possibilidade existe. E mesmo o presidente da Comissão de Segurança do Parlamento em Estocolmo é favorável a um veto. Mas Dahlke é cético em relação ao assunto. "Seria necessário um motivo muito forte no campo ambiental para cancelar o projeto. A possibilidade é mínima."

Há muitos indícios de que o projeto seja executado da maneira como foi planejado. Faz parte dos planos dos países-membros reduzir a dependência energética de petróleo da União Européia. Em 2015, um quarto do gás consumido na Europa virá pelo gasoduto, segundo cálculos da Nord Stream. O quanto a Suécia dificultará o projeto, só se saberá em 2008, quando os países avaliarão o estudo de impacto ambiental do gasoduto.

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