Sul-africana que matou estuprador ganha apoio na internet
15 de setembro de 2017
Mulher apelidada de "mamãe leoa" foi acusada de assassinato após atacar com uma faca homens que violavam a filha, matando um deles. Campanha de financiamento coletivo arrecada milhares de dólares em poucos dias.
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Uma mãe sul-africana que foi presa após matar um dos estupradores da sua filha foi apelidada de "mamãe leoa" por internautas, recebendo apoio em massa no Twitter e em uma campanha de financiamento coletivo.
A mulher, da província do Cabo Oriental, na África do Sul, matou um homem a facadas e feriu outros dois ao encontrá-los estuprando sua filha de 27 anos. Os dois estupradores que sobreviveram foram detidos. O nome da mulher não foi divulgado para proteger a identidade da filha. Ela foi acusada de assassinato e tentativa de assassinato.
Internautas sul-africano chamaram a mulher de heroína usando a hashtag #lionmama ("mamãe leoa"), e afirmaram que a morte ocorreu em legítima defesa. Em sete dias, mais de 9 mil dólares foram arrecadados pela campanha de financiamento coletivo criada pela moradora da Cidade do Cabo Natalie Kendrick para ajudar a família – quase o dobro da meta de 5 mil dólares.
Como um advogado aceitou representar a mulher sem cobranças, a quantia deve ser revertida para tratamento pós-traumático para a família ou outras necessidades que possam surgir após o ataque.
"Estupros e violência baseada em gênero são um problema na África do Sul", disse o advogado que está representando a mulher gratuitamente, Buhle Tonise, à agência dpa. "É uma vantagem que a cobertura da mídia esteja aumentando a atenção dada a vítimas de estupro e as consequências traumáticas pelas quais elas passam."
Segundo a mídia local, a mãe estaria em casa quando um amiga de sua filha telefonou dizendo que a filha estava sendo vítima de um estupro coletivo por homens portando facas. A mãe teria ligado para a polícia, mas como as ligações não foram atendidas, ela teria alertado o chefe do povoado e ido em busca da filha à uma da manhã usando a lanterna de seu celular.
Ao encontrá-los em uma casa abandonada, os homens teriam vindo atrás dela, que disse ter "perdido o controle” ao vê-los estuprando a filha e usado sua faca para se proteger. Solta após pagamento de fiança, a mulher deve se apresentar à corte em 8 de outubro.
De acordo com as estatísticas mais recentes, a polícia sul-africana registrou 30.069 estupros entre abril e dezembro de 2016. O número real, no entanto, provavelmente é muito maior, já que a maioria dos casos não é notificada.
PJ/dpa
Mulheres que sobreviveram ao ácido
A fotógrafa alemã Ann-Christine Woehrl retratou mulheres de vários países que foram vítimas de ataques com ácido ou com fogo. E descobriu nelas uma força incomum.
Foto: DW/M. Griebeler
Farida, de Bangladesh
O marido de Farida era viciado em drogas e no jogo. Ele perdeu tanto dinheiro que teve que vender a casa. Farida ameaçou deixá-lo. Nessa noite, enquanto ela dormia, ele derramou ácido sobre ela e trancou a porta com duas fechaduras. Ela gritou tão alto que os vizinhos vieram correndo. Eles tiveram que arrombar a porta.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Cicatrizes que ficam
Quando isso aconteceu, Farida tinha 24 anos. Desde então ela foi operada 17 vezes. Para manter as cicatrizes flexíveis, a mãe dela massageia regularmente as lesões. Farida mora com a irmã em Manigkanj, em Bangladesh. Ela não tem mais uma casa dela.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Flavia, de Uganda
Em 2009, Flavia foi atacada por um estranho em frente à casa dos pais. Ela não sabe até hoje quem ele era. Mas decidiu: a vida continua. Nesta foto, ela se arruma antes de ir para uma aula de salsa.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Apoio da família e amigos
Antes ela não saia de casa, mas agora dança uma vez por semana – e não dá tempo nem de recuperar o fôlego, pois é frequentemente convidada para dançar pelos homens. O que a ajudou muito foi o apoio da família e dos melhores amigos.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Neehari, da Índia
A indiana Neehari tentou, aos 19 anos, por desespero, tirar a própria vida. O marido a agredia física e emocionalmente.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Uma nova beleza
Neehari penteia o cabelo no quarto dos pais, onde ela pôs fogo em si mesma. Foi o último, o 49° palito de fósforo, que finalmente acendeu. Hoje ela tem coragem, uma tatuagem e sua própria organização, "Beleza das Mulheres Queimadas".
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Nusrat, do Paquistão
A paquistanesa Nusrat foi ataca com ácido pelo marido e pelo cunhado – e sobreviveu. Em seu quarto, ela termina de se arrumar para sair de casa. "Eu conheci muitas mulheres que realmente sabem usar o delineador com cuidado", comenta a fotógrafa Ann-Christine Woehrl.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Esperança à vista
Durante o ataque com ácido, Nusrat perdeu muito cabelo. Nesta foto, ela está em uma consulta médica. O médico a informa sobre os próximos passos. O primeiro transplante de cabelos já foi feito.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Entre amigos
Num encontro da Fundação para Sobreviventes de Ácidos, Nusrat tem a oportunidade de manter contato com outras mulheres. Aqui estão pessoas que entendem umas às outras. E todas percebem que não estão sozinhas.