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Supermercados levam a exploração de trabalhadores, diz Oxfam

21 de junho de 2018

ONG acusa práticas comerciais de grandes cadeias varejistas de países desenvolvidos de perpetuar más condições de trabalho de milhões de produtores de alimentos. Enquanto lucros aumentam, salários diminuem, denuncia.

Mulher em corredor de supermercado na Alemanha
Supermercado na Alemanha: grandes cadeias do país não fazem o suficiente para garantir direitos de trabalhadores, segundo OxfamFoto: picture alliance/ROPI/Furlan/Fotogramma

Grandes supermercados ocidentais usam seu poder de compra para forçar os fornecedores a reduzir seus preços, contribuindo para a exploração e até mesmo o trabalho forçado de milhões de agricultores em todo o mundo, denunciou a organização de direitos humanos Oxfam International nesta quinta-feira (21/06).

"Milhões de mulheres e homens que produzem nossa comida estão presos na pobreza e enfrentam condições brutais de trabalho, apesar de lucros de bilhões de dólares na indústria alimentícia", acusa a entidade no relatório intitulado Ripe for Change (Maduro para mudança).

"Do trabalho forçado a bordo de navios de pesca no sudeste da Ásia aos salários de pobreza nas plantações indianas de chá e à fome enfrentada por trabalhadores no cultivo de uvas da África do Sul, abusos de direitos humanos e trabalhistas são muito comuns nas cadeias de abastecimento", aponta o texto.

Para o estudo, a Oxfam avaliou no ano passado informações disponibilizadas publicamente por 16 das maiores cadeias de supermercados de Alemanha, Holanda, Estados Unidos e Reino Unido, comparando-as às normas internacionais para a proteção dos direitos humanos.

O objetivo era documentar o que a organização chama de "práticas comerciais injustas", como colocar preços abaixo do custo da produção sustentável. A Oxfam afirma que tais práticas fazem com que os trabalhadores na parte inferior da cadeia de fornecimento paguem o preço mais alto.

Na Tailândia, por exemplo, mais de 90% dos trabalhadores dos estabelecimentos de processamento de frutos do mar disseram que não receberam comida suficiente no mês anterior, segundo a ONG. Cerca de 80% desses trabalhadores eram mulheres, acrescentou.

"É um dos paradoxos mais cruéis dos nossos tempos que as pessoas que produzem nossa comida e suas famílias estejam elas mesmas frequentemente sem comida suficiente", disse a Oxfam, criticando grandes supermercados europeus e americanos por não garantirem que os produtores de alimentos sejam tratados com dignidade.

"Os supermercados podem pagar aos produtores um preço justo sem sobrecarregar os consumidores", disse Winnie Byanyima, diretor executivo da Oxfam. "Em muitos casos, devolver apenas 1% ou 2% do preço de varejo – alguns centavos – significaria uma mudança de vida para as mulheres e homens que produzem a comida encontrada em suas prateleiras", disse ela.

Na Alemanha, a Oxfam aponta que as grandes redes varejistas dão pouca atenção aos direitos humanos em suas cadeias de fornecimento. "O estudo mostra que direitos humanos são uma nota de rodapé na política de negócios dos supermercados alemães", reclama a especialista em economia da Oxfam, Barbara Sennholz-Weinhardt.

Avaliações em supermercados do Reino Unido e dos Estados Unidos foram até bastante melhores que as das grandes redes alemãs em determinados quesitos como, por exemplo, os que dizem respeito aos direitos das mulheres ou dos trabalhadores em geral.

A Oxfam afirma que o lucro dos supermercados com determinados alimentos, como café, camarão ou banana, aumentaram significativamente nos últimos anos, ao contrário dos salários dos trabalhadores nos países produtores.

MD/kna/afp

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