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Supervalorização do euro gera preocupação

Assis Mendonça30 de janeiro de 2003

Os setores econômico e financeiro na Alemanha mostram-se apreensivos com a tendência de valorização da moeda única européia. Uma supervalorização permanente do euro pode implicar redução das exportações.

Euro forte ameaça competitividade das exportações alemãsFoto: AP

O Deutsche Bank, maior banco privado alemão, formulou de forma drástica seu prognóstico para o futuro próximo: no final do corrente ano, o euro deverá estar cotado a 1,15 dólar americano; no ano que vem, poderá chegar a 1,20 dólar ou mais. Previsões como essa transformaram-se imediatamente num sinal de alarme para os exportadores alemães.

No momento, a economia alemã de exportação ainda está bem protegida contra a queda de valor do dólar. Cerca da metade dos negócios feitos com os Estados Unidos estão baseados em contratos com opção de taxa cambial fixa. Eles foram assinados em meados de 2001, quando a cotação do euro caiu abaixo de 85 cents de dólar. A fim de preservar as chances de um grande volume de vendas, os exportadores da Alemanha admitiram então as opções de longo prazo.

Garantia de longo prazo

Desde que a cotação do euro ultrapassou a marca de 1,04 dólar, tais contratos tornaram-se cada vez mais raros. Ao contrário dos bancos, a indústria de exportação partiu até agora do pressuposto de que a supervalorização do euro seria apenas um episódio temporário. Um erro, na opinião de especialistas do Deutsche Bank.

Embora as opções de câmbio fixo para prazos muitos longos sejam consideradas como especulativas, os bancos alemães estão aconselhando seus clientes exportadores no momento a lançarem mão desse instrumento. Esta seria a única forma de fazer um planejamento estratégico, garantindo uma receita de exportações a médio e longo prazos.

Efeitos imprevisíveis

Apesar disto, o presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Michael Rogowski, vê a competitividade internacional dos produtos alemães ameaçados pela desvalorização do dólar. Nos últimos meses, os artigos made in Germany já perderam muito terreno em todos os mercados mundiais, afirma. A única forma de preservar a clientela é através da redução de preços e, com isto, dos lucros.

"O futuro da conjuntura na Alemanha está preso por um fio à economia mundial e assim à conjuntura dos Estados Unidos", afirma Michael Rogowski. A seu ver, as conseqüências econômicas de uma guerra contra o Iraque são inteiramente imprevisíveis.

Neste ponto, a opinião de Rogowski é endossada por alguns analistas alemães que vêem até mesmo a possibilidade de um impulso da conjuntura econômica mundial no caso de um conflito armado de curta duração no Iraque. Passada a crise, o dólar se valorizaria rapidamente frente ao euro, abrindo novas perspectivas de exportação para os países europeus.

Posição prejudicial

Na opinião de Anton Börner, presidente da Confederação Alemã do Comércio Atacadista e de Exportação (BGA), a posição irredutível do governo de Berlim contra uma possível guerra no Iraque é um fator negativo para as exportações da Alemanha.

Numa entrevista concedida à revista Focus Money, Börner afirmou: "A decisão prévia do chanceler em não apoiar a guerra numa segunda resolução da ONU prejudica a economia alemã muito mais que os efeitos de uma guerra no Iraque."

O presidente da BGA descreveu os possíveis efeitos calamitosos que a política externa alemã poderá ter, na sua opinião: "Se decidirmos votar contra os EUA no Conselho de Segurança, talvez como único país, isto terá conseqüências garantidas para as relações econômicas bilaterais. Elas não ficarão restritas a uma queda de 2 ou 3% nas nossas exportações."

Anton Börner lembrou que, em face da retração do consumo interno, toda a economia tornou-se ainda mais dependente das exportações. E as importações dos Estados Unidos representam cerca de 10% de todas as vendas alemãs no Exterior.

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