Suprema Corte de Israel aprova expulsão de diretor da HRW
5 de novembro de 2019
Governo israelense acusou ativista da Human Rights Watch de apoiar movimento internacional de boicote ao país. Para ONG, decisão viola a liberdade de expressão. "Não seremos os últimos", afirma Omar Shakir.
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A Suprema Corte de Israel ratificou nesta terça-feira (05/11) a decisão de expulsar o cidadão americano Omar Shakir, diretor da ONG Human Rights Watch (HRW) em Israel e territórios palestinos. Ele foi acusado pelo governo israelense de apoiar uma campanha de boicote internacional contra o país.
A decisão de expulsar ou não Shakir pertence agora ao governo israelense, que já revogou em 2018 sua permissão de residência e de trabalho no país.
Um tribunal de primeira instância ordenou, em abril passado, a deportação do americano com o argumento de que suas atividades contra a ocupação de territórios na Cisjordânia equivalem a um boicote a Israel.
O diretor da organização de direitos humanos recorreu então à Suprema Corte, mas no final o tribunal decidiu manter a sentença dada anteriormente.
Uma lei israelense que passou a valer em 2017 impede a entrada no país e prevê a deportação daqueles que apoiem publicamente o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções, conhecido pela sigla BDS, uma ação internacional para pressionar Israel a acabar com a ocupação da Cisjordânia, entre outras pautas.
Em agosto, Israel já havia usado a lei para bloquear a entrada no país de duas congressistas americanas, Ilhan Omar e Rashida Tlaib, que planejavam visitar territórios palestinos. Mas, no caso de Shakir, essa poderá ser a primeira vez em que a lei é usada para deportar alguém.
A Human Rights Watch contestou a decisão judicial, assegurando que nem a organização nem Omar Shakir planejaram qualquer boicote a Israel.
Shakir, por sua vez, disse que, se for expulso, Israel se juntará a uma lista de nações que inclui Irã, Coreia do Norte e Egito que impõem proibições de acesso de membros da HRW para o monitoramento de violações de direitos humanos. "Não seremos os últimos", escreveu ele no Twitter.
O diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, declarou que a medida fere a liberdade de expressão. "O tribunal disse na prática que a liberdade de expressão não inclui a defesa convencional dos direitos dos palestinos", afirmou.
O ministro do Interior israelense, Aryeh Deri, por sua vez, disse estar feliz com a decisão. "Qualquer um que atue contra o país deve saber que não iremos permitir que trabalhe ou viva aqui."
No ano passado, a HRW publicou um relatório que mencionava possíveis implicações negativas da empresa de aluguel temporário de casas e quartos Airbnb nos territórios ocupados. Como resultado, a companhia decidiu retirar as mais de 200 ofertas disponíveis nesses locais.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.