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Cólera e eleições

18 de novembro de 2010

Além do surto da doença que já matou mais de mil haitianos, país enfrenta protestos contra força de paz da ONU. Comando brasileiro da missão de paz, no entanto, assegura que eleições irão acontecer na data programada.

Presente e futuro: epidemia e eleiçõesFoto: AP

Há um mês mergulhado numa violenta epidemia de cólera e diante de crescentes protestos, o Haiti se prepara para ir às urnas no próximo dia 28. O país contabiliza mais de 1100 mortos pela doença desde outubro e mais de 18 mil infectados, segundo informações do ministério haitiano da Saúde.

O cenário tenso, no entanto, não compromete as eleições, garante o Exército brasileiro, que comanda o braço militar da missão da ONU no país. "Não há nenhum motivo, nenhuma justificativa objetiva do ponto de vista técnico, logístico ou de segurança para que o calendário eleitoral seja modificado. As eleições legislativas e presidencial vão acontecer no dia marcado", afirmou à Deutsche Welle o porta-voz do batalhão brasileiro no Haiti, coronel Valdir Campelo.

A ONU contesta os rumores de que a bactéria encontrada no Haiti seja de origem asiática e tenha sido transmitida pelos soldados do Nepal, responsáveis pela segurança na área onde aconteceram as manifestações violentas da última segunda-feira (15/11).

"A Minustah fez um exame no laboratório do Haiti e uma contraprova foi feita na República Dominicana, e não há nada que indique que a contaminação tenha acontecido por causa de integrantes do batalhão nepalês", informou Campelo.

Cólera e política

Haitianos ainda vivem em condições sanitárias precáriasFoto: AP

Durante as manifestações violentas do início da semana, um homem morreu e seis soldados da Minustah, sigla em francês para a missão de paz da ONU no Haiti, ficaram feridos. Para os coordenadores da missão, as demonstrações foram politicamente motivadas.

Segundo avaliação do coronel Campelo, "os fatos precisam ser analisados com muita cautela porque as paixões ficam potencializadas às vésperas das eleições". Ainda sob o trauma causado pelo terremoto avassalador registrado em janeiro, os haitianos escolherão entre 19 candidatos o novo presidente, cargo ocupado atualmente por René Preval, além de senadores e deputados.

As demonstrações chegaram a interromper as ações humanitárias de combate à cólera no norte do Haiti. E, segundo o porta-voz do batalhão brasileiro, é impossível prever como a situação vai evoluir.

Preparativos para as eleições

Ainda existe a ameaça de que outras manifestações aconteçam no país até as eleições. Mesmo assim, o processo de preparação para a votação acontece conforme o planejado: os eleitores foram cadastrados, as cédulas de votação estão em fase final de impressão, os centros de tabulação de votos está funcionando e todos os locais de votação já foram reconhecidos pela Minustah.

"A ONU, o governo do Haiti, os candidatos têm sido sensibilizados pela missão no sentido de que não potencializem as coisas em função da proximidade das eleições", ressaltou o coronel Campelo.

E para que a situação atual não afaste a população das urnas, a missão faz campanhas para incentivar o comparecimento dos eleitores. "A missão dá a segurança para que o haitiano possa exercer a sua cidadania e se desloque ao centro de votação", completa o porta-voz das forças brasileiras no país caribenho.

Atualmente, dos 8500 soldados que compõem a missão de paz, 2200 são brasileiros. A força brasileira se concentra na capital Porto Príncipe e em sua área metropolitana.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer

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